- Ela não tem andado muito bem, voltou a falar com as bonecas, as vezes chora durante a noite com medo do escuro, não consegue se comportar mais como antes... Temo que ela não conseguirá continuar com os estudos - sons de choro.

-  Acalme-se, o processo é muito demorado pra readaptação do organismo com os medicamentos novos, é tudo muito novo pra ela... vocês tem que incentivar os estudos! De pouquinho em pouquinho ela vai se lembrar e vai conseguir - uma voz madura ecoou da sala.

Olha, eu queria dizer que não ligo pra isso... mas é vergonhoso não ter controle de certas ações. É triste ver que a mulher que mais me apoia nos últimos anos, tem ficado desesperançosa. Suspiro descendo minhas costas  pela parede até me sentar no chão, debruço meu rosto em meus braços apoiados em meus joelhos ficando em silêncio absoluto.

Esse mesmo silêncio é quebrado quando Larissa sai do banheiro me vendo no corredor. Vem logo me chamando:

- Ju - chacoalha meu corpo - Tá tudo bem? Ei...

A preocupação de ambas triplicou desde o ocorrido, eu não posso demorar 5 minutos a mais no banheiro, literalmente, porque já é motivo delas baterem desesperadamente na porta. Agradeço e tudo, mas eu quero ser eu novamente.

- Tá tudo bem, Lari... só, eu só... - olho pra garota - quero voltar pra faculdade...

- Você vai voltar muito rápido! Você ta indo muito bem com o tratamento, e logo vai voltar!

- É né? - sorrio levemente.

- É sim, agora vem! Sai desse chão... vamos assistir um filme?  - estende sua mão pra mim.

- Claro! - seguro em tua mão me levantando.

- Vai indo pro meu quarto, vou estourar uma pipoquinha! - Falou animada.

Assim o fiz, corri alegremente para o quarto das meninas e me encolhi debaixo de seus cobertores.

- Da próxima, fala mais baixo - Larissa para Lucy na sala.

Brevemente Lari vem deitar comigo, e me abraça carinhosamente de lado, colocando a pipoca entre nós duas.

- Qual vamos assistir?

- Pode ser aquele de novo? - falei animada.

- Mas é lógico que sim, 101 dálmatas pra já.

- Eba!!  - vibrei. Era meu favorito, assisti inúmeras vezes já, incansavelmente.

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~ Larissa POV's ~

- Você tem que parar de agir como se tudo estivesse normal! - Lucy esbravejava contra mim.

- É lógico que não está. Tudo que ela menos precisa agora é da gente falando disso a todo momento por todos os cantos da casa.

- Quem é você pra falar isso?

- Eu sou a menina que dividiu a clínica com ela, idiota! Eu sei como isso funciona, era eu que estava lá quando ela tinha medo. Mesmo depois que ela já estava melhorando - retruquei me articulando indignadamente - sabe? Você as vezes nem parece que trabalha com isso!

- É  diferente Larissa! Eu a amo, ela é nossa família!

- EU SEI! Você acha que eu não sei? Pelo amor de Cristo! Para de ser ingênua... Não é porque ela é a nossa família que a gente tem que parar de enxergar o que tá óbvio pra nós.

- Eu sei... - Lucy sentou no sofá, suspirando de maneira triste - nada vai ser como antes... - passou a chorar.

Me sentei ao teu lado, lhe puxando pra um abraço apertado e confortador. Na maioria das vezes, eu era quem precisava de  palavras confortadoras... Mas  Lucy precisava de mim agora, e Julie também.

- Calma, vai ficar tudo bem!  - acariciava seu ombro na tentativa de conforta-la - nossa Jullie vai voltar pra gente...

Lucy segurou seus prantos e envolveu teus braços em mim também, retribuindo o abraço.

- Eu sinto tanto a sua falta... - falou baixinho encostada em meu peito. Coloquei a mão em teu queixo, fazendo com que olhasse em meus olhos.

- Eu estou bem aqui! - sorri fraco.

Eu realmente estava, mas não totalmente...e isso me consumia. Eu a amo, mas nos perdemos.

- Eu te amo, Larissa - encarou-me com os olhos marejados.

- Eu te amo, Lucy - selei nossos lábios de maneira suave e lentamente.

Nos beijamos como a muito tempo não fazíamos. Aquele beijo quente, com amor, precisamos uma da outra, agora.

- Eu quero você - sussurrou em meu ouvido e seu tom de voz me instigou completamente.

Sorri de um jeitinho malicioso,  passando a mão por sua cintura a puxando pra meu colo.

- Silêncio... - coloquei meu indicador em meu lábio, logo depois beijando seu pescoço. Um único gemido teu, me estremece.

Silêncio. Mas não um silêncio ruim.

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