Diverting or trying

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Durante o resto da aula, fiquei debruçada em meus cadernos, não os abri, não ouvi ninguém, coloquei meus fones e me permitir sentir não sei exatamente o que. No celular, coloquei a minha pior/melhor playlist, daquelas que vomitam tudo que eu queria falar em letras e melodias perfeitas. Foi a vez de James Arthur acabar comigo com "Train Wreck". Eu consegui me desviar um pouco do que estava acontecendo, como a sala estava recheada de alunos, foi fácil me camuflar por entre as carteiras. A questão é: e a partir de agora?

Para quem não se lembra, deixe-me lembrai-vos...

Bianca é a mulher que jurei ter me apaixonado, aquela que disse que amava... Não não, mais que isso... Ela era a minha psicóloga na época de manicômio. Irônico né? Quer mais? Eu continuo... Nos apaixonamos, e tudo daria certo se não fosse o seu marido Robert, que a tirou de mim, depois da minha primeira transa, depois de ter me declarado, depois de ter esperanças que eu poderia ter uma vida feliz ao lado dela. 

Chega! Não quero falar disso agora... A questão é que, terminamos de um jeito ruim, ela se foi e levou parte do meu coração com ela, deixou um vazio que não foi preenchido até hoje, mesmo que senti outros corpos, foram outros, não o dela. 

Provavelmente, ela não me conheceu, ou não me viu. Mas eu a vi. Provavelmente ela não se recordará de mim, três longos anos se passaram, nós mudamos... Ela tão madura, com suas belas curvas, seu cabelo agora está mais claro do que me recordo, talvez luzes (?), seus olhos azuis, de olhar de longe, me lembro deles quase que me comendo quando perto dos meus, tão estonteantes quanto seus lábios carnudos e ferozes a me beijar. Ah... como fui feliz e triste naquele dia. 

O sinal toca, trato de sair correndo entre os outros alunos para que não dê chances dela me achar. É tonteira, já que nos veremos todos os dias pelo campus, mas nesse exato momento eu só preciso fugir, daqui, dela e de mim mesma. 

- Vai aonde assim? - Aisha me toca no ombro interrompendo meu caminhas - Você não parece estar bem pra ir sozinha. 

- Ah não, você só pode ta zoando - desvio seu toque e continuo a andar rapidamente.

- Você não pode me ignorar pra sempre, Ju - ela insiste acompanhando meus passos.

- Será que dá pra me deixar, pelo menos agora... - tento manter a paciência pra não chamar a atenção de ninguém. 

Mais direta que isso, creio que não iria conseguir ser, ela entende e para de me alcançar. Caminho correndo para o lado de fora da faculdade. Eu ainda teria mais duas aulas, mas nada que o Frank não me passe depois, por hoje eu preciso de refúgio. Pego meu celular no bolso, disco o número de Larissa... Por mais desmiolada que ela fosse, ainda era minha melhor amiga e me entenderia quando eu contasse o que acabara de acontecer:

- Fala Ju - falou simpática do outro lado da tela. 

- Lari, por favor, eu preciso falar com você... onde você ta?

- Ta ofegante porque? Não me diz que é outra crise - ela fala já desesperada - onde você tá?

- Calma, não é crise... eu só preciso te encontrar - respiro fundo - na pracinha em 10 minutos. 

- Tá bom, estarei lá.

Desligo a call e me direciono rapidamente até o local combinado. Chegando lá, me sento, abro minha mochila e pego minha garrafa de água. A adrenalina é tanta, que me desidratei rapidamente, seco a garrafinha em segundos. Sinto o toque por trás em meu ombro, era Larissa. Ela me abraça, pega em minhas mãos:

- O que houve? Você tá mais pálida que o normal... 

A conversa flui, eu me segurei muito para não chorar, para que ela pudesse entender melhor, porque juro, se eu começasse a chorar, eu ia desabar. Não chegamos a conclusão alguma, por mim, eu sumiria...Por ela, mataria a Bianca. É claramente o fogo e água, o oito e a oitenta.

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