- Ju, tenta se acalmar, por favor!
- Eu te odeio, Aisha, eu te odeio desde o dia que você me deixou partir, eu não dormi por tantas noites, porque você não saia da minh...
Meu corpo entrou em choque, não sentia mais controle de mim, e um tremor indomável se apossava de mim, junto com o controle, minha consciência se foi.
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~ Aisha POV'S ~
Num minuto Jullie estava me xingando absurdos, e no minuto seguinte começou a convulsionar, foi a cena mais triste que já vi na minha vida.
- POR FAVOR! ALGUM MÉDICO! - saí a procura de alguém para ajuda-la.
Rapidamente, o médico e enfermeiras começaram a segura-la, outra injetou medicamento. Enquanto isso, teus olhos reviravam incessantemente, tua boca salivava e teu corpo tremia, tremia muito mesmo, seus braços estavam contorcidos e me tiraram da sala, me deixando sem visão alguma, sem noção alguma do que estava acontecendo.
Sentei na sala de espera, minhas mãos segurando meu rosto a essas horas vermelho de tanto chorar, não conseguia cessar as lágrimas, o tremor e o suor frio. Lucy ainda não tinha voltado, e eu não conseguia pensar no que dizer pra ela, eu fiz isso? Eu devo ter provocado isso, e eu juro que não quero pensar no pior, mas me dói saber que antes dessa confusão toda, suas últimas palavras foram declarando teu ódio por mim, e eu a amando em segredo. Juro que eu preferia ela me xingando absurdos.
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~ Lucy POV's ~
- Quer saber? Você não muda, você tá cada dia mais distante, e em vez de ajudar a sua amiga, você manda mais uma confusão pra ela? Eu to de saco cheio de você.
Desligo a chamada com Larissa. Esse relacionamento tem me desgastado tanto... Bom, isso é o de menos agora.
Entro no hospital, e sigo para o corredor do quarto de Jullie. Caminho tranquilamente, imaginando que a essas horas, as duas devam no mínimo estar se pegando. Mas, quando chego no quarto referido, noto a cama vazia, não tinha absolutamente ninguém ali. Me pergunto onde é que estava Jullie... e espero que seja somente mais um check-up.
Saio dali, e vou a procura de alguém que possa me informar sobre o paradeiro da minha garota. Quando olho de relance a sala de espera, noto que Aisha ali estava, com os braços cruzados, os olhos inchados, uma cara de choro. Imagino que tenham brigado, e também creio que ela deva saber algo sobre.
Me aproximo logo, sentando a teu lado.
- Oi... - falo gentil - eu sinto muito por você e por ela...
- Oi - ela me olha, fazendo cara de quem vai soltar o choro novamente.
- Perdão... eu não quis...
- Não - me interrompe colocando sua mão sobre meu braço - não foi isso, é que... a Jullie...
- a Jullie...
- ela passou muito mal e - soluça - levaram ela eu não sei pra onde, eu juro que eu não tive a mínima intenção.
- Como assim? Intenção de que? - me levanto - cadê a Jullie, Aisha?
- eu...eu sinto muito mesmo.
Aisha claramente está em choque, não consegue falar mais do que três palavras, nesse momento, corro pra uma enfermeira ali por perto e pergunto.
- Moça por favor, a Jullie do quarto 101 A... o que aconteceu?
A mulher pega o prontuário rapidamente e lê, me informando. Jullie havia tido um quadro convulsivo. Havia sido levada pra sala de cirurgia porque havia perdido as vias aéreas. Minhas pernas bambearam.
Já não era eu, já não sabia o que fazer. Apenas me sentei ao lado de Aisha, segurando ao máximo meus prantos. A enfermeira tinha prometido que me traria notícias assim que houvesse qualquer novidade, então dali eu não sairia... Eu não serei a pessoa que deixará Jullie mais uma vez nessa vida.
- Olha... - Aisha tentou se desculpar.
- Olha você, escuta... cala essa boca, eu não sei o que aconteceu, mas ela estava bem, ela estava BEM! - alterei um pouco meu tom de voz - eu não sei o que é que tem entre vocês, ou tinha. Mas se ela sair dessa, se ela voltar... eu não quero te ver jamais do lado dela.
- Eu não fiz nada, eu...a gente... ela estava chateada comigo, eu juro que não tive a intenção. - a garota falava desesperada e eu, bem...eu, só me segurava pra não me exceder ainda mais.
- Você conhece ela? Você sabe de todos os problemas dela? Ela tem medo! Ela tem medo de se apaixonar, de se machucar, ela é intensa, e ela sofre muito com essas coisas. Você não devia ter brincado com ela sabia? Ela perdeu a mãe jovem, ela não tinha amigos na clínica, ela só tem a mim e a Larissa, então você não ouse a chegar na vida dela e achar que pode fazer o que bem entender! - cai aos prantos sem conseguir dizer mais nada.
Aisha se levantou e saiu pela porta do hospital, eu debrucei-me sobre minhas mãos perdida. Acho que a incerteza, a falta de informações estava me deixando maluca. Talvez eu tenha dito demais, mas... se eu perder a Jullie, eu... é melhor não pensar nisso. Tudo que sei, é que eu quero ela viva, eu quero ela bem...
Depois de meia hora, vejo um médico se aproximar, e logo me levanto. Respiro fundo, brincando com minhas mãos inquietas.
- Você é a responsável pela Jullie Martinez? - engulo a seco minha própria saliva.
- Sou sim - noto sua expressão indecifrável e cada segundo parece uma eternidade.
- Jullie está sedada, não sabemos a que horas ela irá acordar, só peço que seja paciente, e não desista dela. A cirurgia foi demorada, devido a complicações com seu coração, mas ela vai ficar bem!
- Eu posso vê-la? - indaguei tremula.
- Claro, por aqui... - o doutor me guia até seu quarto.
Me aproximo de seu leito, com meu peito apertado, as lágrimas escorrendo em meu rosto silenciosamente. Toco tua mão morna, e encaro teu tubo novamente em tua garganta.
- Você é forte, Ju... você tem que sair dessa... - falava enquanto acarinhava tua mão - eu vou estar aqui, pra quando acordar...
Não tinha mais coração pra vê-la daquela maneira, toda debilitada. Eu só ficava relembrando os dias anteriores, em que encontrava ela na cozinha ouvindo música e cozinhando pra gente. Suas conversas sobre a faculdade. Peço que se Deus puder me ouvir nesse exato momento, que não deixe ela ir assim. Pra Jullie, parece mentira...mas ela é tudo pra nós. É o que mantém meu relacionamento com a Lari, é o que anima minhas noites, é o meu motivo de orgulho.
- Minha pequenina... - beijei tua mão fechando meus olhos, enquanto debruçava minha cabeça sobre o leito.
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PsicoLove.
Teen FictionJullie Martins, atualmente com 18 anos, passa por poucas e boas em uma clínica psiquiátrica. Foi diagnosticada, aos seus 14, com transtorno bipolar e infantilismo. Sua situação nunca foi das melhores, mas as coisas tomam um rumo diferente, momentos...
i hate you
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