Oxímoro

9 1 0
                                    


Seguindo a ordenada melodia do caos, o esperançoso desespero fazia-se presente nas ruas da cidade de Coruja. A ira de Black Dog espalhava-se como uma praga. Assassinatos, suicídios, incêndios e explosões por todos os lados, pandemônio. Brutal e violento fim, ainda assim cruelmente misericordioso, foi o daqueles que morreram sem sequer compreender a dimensão da desgraça que recaiu sobre o mundo naquela fatídica madrugada. A salvação destrutiva de Sofia, mais uma vez, tomava forma, consumindo inúmeras vidas e destruindo incontáveis sonhos, afogando-os em desespero para criar uma única esperança. Verdadeiramente oxímoro.

Em sincronia com sua lenta respiração, Nicole piscava os olhos, acostumando-se com a nova — e relativamente impotente —  forma de enxergar o mundo

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Em sincronia com sua lenta respiração, Nicole piscava os olhos, acostumando-se com a nova — e relativamente impotente — forma de enxergar o mundo. Os rastros de destruição presentes no salão, causado pelos eventos que ocorreram há apenas alguns poucos minutos, eram impressionantes. Os últimos degraus da escada, que levava até o andar superior, estavam em pedaços, a parede próxima a ela encontrava-se em um estado deplorável após ter recebido o impacto do corpo de Arthur e havia um buraco no teto de ambos os andares. A visão de Nicole ainda estava um pouco embaçada e seus olhos doloridos, porém ela conseguia reconhecer as outras quatro silhuetas no local. No chão, jazia o corpo de seu irmão mais novo e o de Vincent Valencia. Atrás dela, estava Elaine, e, por fim, aproximando-se da Ceifadora, o jovem detetive, Edgar.

— Consegue ficar de pé? — Lanpo estendeu a mão para Nicole.

Levantou-se sem aceitar a ajuda do rapaz e piscou os olhos novamente.

— Filha de uma puta... — Cuspiu para o lado e pegou o seu taco de beisebol do chão.

Andou até o corpo de Simon Laplace, seu irmão, e observou-o por alguns instantes. Um misto de tristeza e uma dolorosa aceitação estavam evidentes em sua expressão.

— Ei... Ela disse que estava pegando os olhos de volta, não foi? — Perguntou Nicole, sem olhar para o detetive.

— Sim... — Compreendendo o que a garota desejava ao perguntar aquilo, Edgar conteve-se, dando uma resposta curta e objetiva.

A garota apertou o punho do taco com força, ajoelhou e curvou-se próxima ao corpo do irmão. Posicionou-o de forma respeitosa, com a barriga para cima e os braços cruzados em cima do peito, e beijou-lhe a testa.

— Boa noite, Simon. Sua irmã ainda não pode se dar ao luxo de dormir, mas eu prometo que vamos nos reencontrar. — Nicole levantou-se — Eu te amo, maninho.

Virou-se em direção à saída. Seu corpo não parava de tremer, seus lábios estavam secos. Começou a caminhar para a escada sem dizer uma palavra sequer.

— Vamos, Elaine. — Disse Edgar, seguindo Nicole.

— Para onde..? — Respondeu Elaine.

— Exatamente para onde você deseja ir. Ou pretende deixá-lo morrer?

A Coruja NegraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora