Descanse em Partes

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11/03/2017, Sábado, 8:43

O vapor do café de Lanpo embaçou a lente de seus óculos.

— Santa incompetência... – Mesmo com a frustração estando visível em sua expressão carregada de melancolia, o detetive fazia questão de suspirar periodicamente para reafirmá-la.

Apesar do horário, o departamento de polícia já estava um caos. Os funcionários corriam para um lado e para o outro com papéis em suas mãos e era possível ouvir gritos e discussões o tempo inteiro. A morte de dois agentes somadas à epidemia de assassinatos sem explicação fez os nervos de todos atingirem o pico.

— Uma única ordem, uma única e simples ordem... – Murmurou Edgar.

No caos do departamento havia apenas um indivíduo que conseguia manter a calma, permanecendo isolado em seu escritório enquanto alimentava falsas esperanças de que seu café o ajudasse a lidar com o cansaço e a melancolia. Um jovem funcionário adentrou o escritório do detetive carregando alguns papéis.

— Chefe Lanpo, esses papéis são para o senhor.

— Certo, deixe-os em cima da mesa.

Após fazer o que lhe havia sido ordenado, o rapaz percebeu que havia algo de errado com Lanpo. Surpreendentemente, ele foi o primeiro a notar isso.

— Uh... Chefe, com licença...

— Sim? – Edgar finalmente levantou o olhar.

— Aconteceu algo?

— Além dos incompetentes terem ignorado meu pedido e liberado informações sobre os últimos incidentes para a mídia? – Lanpo suspirou. – Não, não aconteceu.

— Não achei que algo assim lhe deixaria tão frustrado.

— Você não entende, não é? Esse novo incidente com aquela garota, Elaine... Esse caso envolvendo a avó dela só aconteceu por conta do descuido desses idiotas, mas quem vai explicar isso para ela? – Após mais um suspiro, o detetive tomou um gole de seu café.

— Se quiser, eu posso trazer alguns cigarros.

— Eu não sou como esses idiotas, cigarros não irão me acalmar...

— Perdão, eu não tinha a intenção de ofendê-lo...

— Traga pirulitos.

— Oi?

— Pirulitos, aquelas coisas doces, você sabe.

A seriedade de Edgar ao dizer aquilo fez com que o jovem permanecesse estático e boquiaberto enquanto olhava para o detetive. Lanpo observou a reação do funcionário enquanto se perguntava se havia dito algo de errado.

— E-Entendido! Volto em um instante! – O rapaz saiu do escritório aos tropeços após recuperar-se da surpresa causada pelo pedido.

O detetive suspirou novamente e voltou a beber seu café.

11/03/2017, Sábado, 9:15

A primeira coisa que viu ao abrir os olhos foi o seu irmão observando-o em silencio. Encharcado com o próprio suor e sentindo-se tonto, Conan sentou-se na cama.

— Que tipo de pesadelo você teve? – Disse Arthur, enquanto esfregava os olhos.

— Eu te acordei?

— Se você foi a garotinha que estava gritando até alguns instantes, então sim, você me acordou.

Envergonhado, Conan suspirou. Apesar das provocações, ficou claro que seu irmão estava genuinamente preocupado, afinal, em condições normais aquele rapaz preguiçoso jamais acordaria antes das onze horas em um sábado.

A Coruja NegraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora