Churrasco

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Bom, eu tinha que aceitar, Vero era muito forte, os musculos dos seus braços estavam exaltados, assim como seu abdomen, mamamia, pelo jeito mirei na traficante errada, a pele era um pouco mais morena que a minha, tinha apenas uma frase tatuada, alguma coisa em alemão com uma rosa no final, a gorota estava pra lá e pra cá completamente ligada nos 22ov enquanto eu segurava uma caixa, a danada puxava três, enquanto Lauren já estava sentada respirando igual um cachorro moribundo.

– vamos palmita, tamo quase acabando essa desgraça– Lauren olhou pra mim com o semblante cansado e enxugou o rosto mais uma vez antes de levantar.

Ainda faltava umas vinte caixas, Vero me explicou onde estava exatamente o conteúdo ilícito e como era, eu tirava a porcelana que tinha a barra branca e deixa as próximas, esvaziada a caixa e enchia novamente, enquanto isso Vero e Lauren transportava para o novo bau que já estava equipado no meu caminhão, o único problema é que só aquela porcelana pesava uns cinco quilos sozinha, e cada caixa tinha vinte quilos, então percebi que Lauren é muito frouxa apesar do corpo esbelto.

- depois que você pegar a grana, pode investir em horas na academia - debochei enquanto a cosplay de Patrick estrela me olhava puta.

- não acredito que está arrastando uma asa pra Verônica.

- oh, então é este o nome da minha atual crush, interessante.

- você não vai crushar ninguém, principalmente Vero, uma galinha safada!

- e você acha realmente que manda em mim? Se poupe!

Lauren saiu resmungando, enquanto eu e Vero terminarmos de transportar aquele lixo. Veronica falava coisas aleatorias

- da uma chance pra branquela, não é sempre que ela consegue uma mulher tão linda, e ainda topou nos ajudar nessa emboscada.

- ajudei o caralho, estou sobre ameaça por causa da minha mãe, mas antes que aconteça algo com ela, eu meto uma bala na sua cabeça.

Vero apenas revirou os olhos

- você não é a primeira a me ameaçar, e tenho certeza que não será a última.

- então vá tomar no seu cu

Gasparzinho finalmente parou de fazer drama e terminou de arrumar as coisas, o caminhão baú ja estava parado num campinho distante, não passava nem cachorro naquela área. Me despedi da pequena parte do meu caminhão.

Varias noites dormidas ali, varias trepadas aleatórias.

- Camila... - Lauren tocou meu ombro - a gente tem que ir, quanto menos ficarmos numa cena de crime, menos ficarão nossos DNA.

Vero já tinha jogado gasolina por dentro e por fora, o cheiro já estava me irritando, deixamos algumas placas com um pouco da droga pra policia achar que foi tudo queimado.

Assim que dei partida Vero deu um tiro e iniciou o incêndio, segurei o choro e acelerei, agora sem a parte da porcelana, o caminhão já estava bem mais rápido.

- vamos para onde ? - perguntei a Lauren

- Minas Gerais.

- vamos fazer o que lá? - já estava quase pegando a rodovia novamente, achei que iamos para algum estado do nordeste, quanto mais l onge melhor.

- conheço um comprador - Vero olhava pela janela, um pouco distante da nossa conversa. 

- bom... você não usando pão de queijo pra me comprar, tudo bem.

- quanto que você acha que pode pegar?

- é um investimento grande, vamos pegar dois milhões em dinheiro, e o resto vai ser pago na medida que isso for sendo vendido.

- você não me parece realmente uma traficante, como entrou nisso?

- você não vai querer saber - Vero nos interrompeu - é macabro demais pra você pequena donzela.

- bom... temos dois dias de viagem pela frente.

- posso contar - Vero gesticulou - conheço de cor e sorteado.

- conta logo

- A palmita aqui como você bem conhece, veio pra São Paulo pra fazer uma cirurgia.

- entao era verdade?

- em parte sim, Lauren desde pequena lutava pra conseguir a cirurgia e concertar sua área intima, e não tão grande, mas como tudo nesse Brasil, rolou muita burocracia, quando tinha onze anos, ela veio com um tio e com a promessa dele de ajudar a Loren.

- ele ajudou - Lauren suspirou e deu de ombros.

- a principio eu achei que sim, ele me levou a um clinico geral, um urologista e um cirurgião, mas ele disse que a cirurgia não seria de graça.

- foi assim que tudo começou, o tratamento inicial com hormônios custou uns dois mil reais, mas Lauren não tinha os cinquenta mil da cirurgia final

- então você...

- meu a principio se sentiu culpado por ter me dado esperança, ele fazia pequenos roubos a noite para nos manter.

- ele nunca tentou um trabalho normal

- Maicon era louco da cabeça, um dia eu era sua sobrinha favorita, e no outro ele tava esfregando o pênis na minha cara

- PORRA! Quantos anos você tinha?

- doze... ele também me ensinou a roubar, a quem roubar e como, mas isso ainda não pagava a conta do hospital. Ele então me apresentou a um cara, eu tinha que estudar, uma assistente social tava atrás de mim, uma coisa levou a outra e quando vi estava levando umas coisas de um lugar para outro.

- porque não disse a sua mãe, seu pai...

- você já passou fome Camila ?- neguei com a cabeça sentindo um calar frio vir pela espinha - se eu voltasse pra minha mãe seria mais uma boca pra ela alimentar, ou seja, mais uma boca passando fome, a grana que eu ganhava dava pra guardar, comer e mandar pro meu pai, eles acham que é algum seguro, auxilio do governo.

- então, como chegou até mim.

- eles já faziam isso algum tempo, o problema é que os caminhoneiros antigos que passam despercebidos na estrada, são deboista demais para aceitar, mesmo a gente pagando uma boa grana, essa seria minha aposentadoria, eu lucraria uns oitocentos mil fácil, e cá estou eu, enrascada, praticamente uma morta viva.

- e você Vero, alguma historia triste para nos contar.

- não, mesma merda de clichê, minha mãe era uma puta viciada, cresci nas ruas, usei um pouco de bagulho porque ninguém é de ferro, fui pra um abrigo, conheci a Lauren no ensino médio e fim de historia.

- e então você fez a cirurgia ou não?

- fiz, mas só quando completei vinte e um.

- então isso que eu sentia entre suas pernas era...

- minha arma - dei de ombros - desculpa, mas quanto menos você soubesse melhor.

- você é uma traficante de araque, tudo que faz dá errado como dorme a noite com tamanha burrice circulando em suas veias?

Vero soltou uma risada alta, enquanto Lauren se afundava no banco do carona.




˜˜˜







Mudei um tiquinho as coisas, talvez nem sintam a diferença kkkkk

UMA CAMINHONEIRA SEM FREIOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora