Caramelo

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O acampamento cinco estrelas era penas um terreno lamacento com três barracas de comida, bebidas e roupas. Camila me apresentou a Vanderléia uma loira pomposa que vendia café.

— humm estão de viagem de lua de mel é?

— estou dando carona para esta forasteira.

— humm Camilinha sempre com uma presa nova não é? Essa é tão linda, porque não pega pra criar?

— Lauren já está bem crescida Vanvan, e eu sou um espírito livre — ela sorriu de canto para a mulher e eu revirei os olhos. — vamos dormir Lauren, preciso pegar estrada ainda hoje.

Ela estava  querendo dispensar sua amiga? Curvei os olhos e sorri pra pequena.

— sim Camz... tô mortinha — entrelassei nossos dedos a deixando me guiar pelo campo e evitando olhar para sua traseira perfeita. O tempo já estava escurecendo Camila era nervozinha, exaltada e com uma leve tendência a se estressar com pequenas coisas. Se ela fosse um animal seria um pinscher, metade tremedeira e metade fez pacto com satanás.

Michelangelo ainda sofre com a mordida, onde estou me metendo deus?

Eu ainda precisava me manter naquele personagem, Camila estava me proporcionando algo que não me fazia deixar rastros. Olhei para a morena e Camila estava em frente a um caminhão volvo gigante ela cruzou os braços e ficou lá parada saporra é doida?

— hohohoho olha o que temos aqui... — uma bicha afeminada saiu do monstro cor de rosa e eu me segurei para não gargalhar quando o vi calçar o enorme salto agulha. — então Camilinha, como está indo nesse frete?

— Pabllo Vittar... — ela sorriu grande e eu achando que ia rolar briga, fui surpreendida quando as duas  trocaram um beijo no rosto e Camila ficou segurando as mãos de Pabllo — estou bem, pesado como sempre, soube que se casou com o Lula...

— nossa, as notícias correm mesmo hihi — ela jogou o cabelo careca para trás. — ele é um homem tão adorável, vamos dar uma recepção para os amigos mais próximos, tô só esperando ele sair da cadeia. — fiquei admirando o enorme avatar? Nem se Camila subisse no meu ombro chegaria na altura daquele cara. — quem é esse animal silvestre? — ela me encarou e eu sorri.

— Pabllo esta é Lauren, Lauren esta é a Drag mais caminhoneira que você vai conhecer e essa dondoca cheirosissima se casou recentemente com o presidente do nosso sindicato.

— mas ele tá preso?

— ele organizou uma greve geral ai — Pabllo deu de ombros — infelizmente ele não vai estar aqui para ver nosso pequeno nascer — ela passou a mão pelo ventre e eu olhei para Camila "só tem doido nessa terra?" Eu tinha que entrar na loucura delas pelo visto.

— hmmm... E de... Quantos meses está? — as duas me olharam chocadas como se eu tivesse falado alguma coisa errada.

— eu? Nenhum! — ela gargalhou alto — você é mó comédia em branquinha — ela beijou minha bochecha e eu não sabia onde meter minha cara, talvez entre as pernas de Camila se ninguém tivesse nos interrompido. — minha cadelinha a Joanne está prenha de um vagal ai, vai vir três pilantrinhas logo logo.

— você vai me dar um né!

— amor, sua mãe é uma péssima pessoa, crente homofóbica, você acha mesmo que deixarei meus bebês longe?

— eu gosto de cachorro... — Camila disse numa voz fina e baixa  MEU DEUS ELA ERA TÃO FOFA E EU QUERIA TANTO FODER ELA OU ELA ME FODER.

— Ai amor, eles precisam de um cantinho seguro sabe case-se com essa lindona dos olhos verdes que te dou um. — ela propôs assim do nada, sem me conhecer, sem saber de nada. Coitado desse Lula ai.

— Lauren...

Oh não, eu não ia casar com ela só pra garota conseguir um cachorro.

— relacionamento a distância não dão certo. — eu sussurrei baixo.

— eu sei... A gente vai ir dormir agora Pabllo... Beijo no mamilo até mais tarde — as duas se despediram e eu estava olhando confusa para Camila.

— se eu tivesse dito que sim você ia simplesmente casar comigo?

— credo! Claro que não! Eu ia falar que seu zíper está aberto. — arregalei os olhos e olhei pra baixo. — grazadeus Pabllo nem percebeu que você tem um brinquedinho.

— e qual o problema de ela descobrir? Sou virgem e ando despertando meus interesses e orientações. — dei de ombros. Ela me olhou furiosa e fechou as mãos, dei um passo a frente e depois outro, logo estava correndo praticamente fugindo de um possível homicídio.

— Lauren, você é desengonçada pare de correr...
.
.
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— não acredito que eu cai na lama... — Camila gargalhava enquanto me ajudava a tomar banho — eu nunca comi tanta lama na minha vida, nem quando era criança.

— você se machucou?

— meu queixo está um pouco ardido, mas acho que irei sobreviver.

— próxima vez me escute, termine logo com isso — ela me entregou a mochila, o dinheiro já coletado, minha arma não saia da minha cintura, agora deveria estar como eu cheia de lama. Peguei uma muda de roupas e a toalha. — eu vou esperar no caminhão, tô morrendo de sono.

— espero ser rápida — dei de ombros abrindo o chuveiro.

— abra ele devagar e vá aumentando, quando ouvir um chiado você para que ele esquenta. 

— obrigada... — Camila ainda estava me olhando, parecia chapadona só que era apenas sono e pelo visto estava se esforçando para ver meu corpo nu. A cabine era pequena, só me cabia ali dentro se não eu já teria puxado Camila. Como alguém podia ser tão perfeita?

— eu...eu...vo...vou lá... Se... Se... cuida...

Me virei dando atenção ao meu corpo e agradecendo a água quente, depois de limpa, enxugada e trocada de roupa corri para o caminhão de Camila. Ela estava encolhida num colchão de ar dentro do container.

— vem pra cá... — ela foi pro canto e eu me ajoelhei indo até ela — hoje está frio. — Me deitei de frente para a pequena e ela se aconchegou no meu peito.

Ah porra eu vo morrer.

— você tem mania de fazer essas coisas com quem mal conhece?

— não, você só me pegou desprevenida.

— por causa do seu ex?

— por causa da solidão.

UMA CAMINHONEIRA SEM FREIOWhere stories live. Discover now