Capítulo Um

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Não surta

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Não surta. Não surta.

Não surta!

Pelas minhas contas faltam exatamente quinze dias para o Natal, e bem... acontece que eu fui atropelada.

Sim, atropelada!!!

Não era como se eu pudesse ser atropelada na véspera das comemorações natalinas e tudo ok por mim. Até porque eu tinha um negócio muito sério para gerir, e definitivamente não poderia me dar o luxo de pegar férias adiantadas para o além.

Tudo começou quando Margot e eu estávamos caminhando pelo centro fazendo compras de Natal. Ela, uma empresária famosa, com presentes para toda a sua equipe. Prada, Louis Vuitton, Chanel e afins. E eu, com sacolas repletas de chocolates, corantes, açucares, espátulas e formas em policarbonato para a confeitaria da minha família, que é o mesmo lugar que venho trabalhando desde que era uma simples universitária. Trabalho este, aliás, que eu estava terrivelmente atrasada.

Semana passada enquanto esperava o vovô sair do dentista, li em uma revista que o trânsito em Nova York é um dos piores do mundo, sobretudo nesta época do ano.

O que não me surpreendeu nadinha, visto que hoje, por exemplo, as ruas pareciam uma verdadeira zona, muito semelhante à aqueles filmes de apocalipse zumbi que passam no cinema e fazem um tremendo sucesso.

Esta era para ter sido uma ida a compras entre melhores amigas, mas eu percebo que estou caminhando sozinha quando olho para trás e avisto Margs há cerca de dois quarteirões de distância, distraída com outra vitrine de uma boutique qualquer.

Como eu estava apressada demais para chegar na loja de utilidades e comprar aquelas formas de biscoito antes que acabassem, ainda mais porque se eu não voltasse com elas a minha avó faria picadinho de mim, decido atravessar a rua, deixando-a para trás.

No exato momento em que eu piso na faixa de segurança, o verde no semáforo dos pedestres começa a piscar, e é então que decido correr. Sim, péssima ideia que tive. Mas ei, a minha vida era exatamente assim, um conjunto de escolhas ruins e outras que conseguiam ser piores ainda.

E antes mesmo que conseguisse efetivamente chegar ao outro lado da rua em segurança, uma BMW branca simplesmente ignorou o fato de que também sou um ser humano que mereço ser respeitado, e quase passou por cima de mim.

Ok, não foi bem assim.

Tenho o costume de ser exagerada, só um pouco. Nada sério. Prometo.

A BMW estava parada como todos os outros carros, aguardando o sinal abrir. E acontece que enquanto eu atravessava a via principal do Park Avenue, uma das minhas sacolas caiu ao chão no mesmo instante que o sinal para os pedestres fechou. Um tremendo caso de azar, eu sei. Eu e ele temos uma longa história triste juntos. De qualquer modo, isso não vem ao caso agora.

Sei que muito provavelmente o motorista não me viu, afinal de contas eu reconheço que sou uma criatura pequena, jamais passei dos meus 1,57, e ao me abaixar para pegar a sacola, devo ter desaparecido de sua visão.

Loving - #1 UCN Where stories live. Discover now