CAPÍTULO XII

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12. Números e inúmeros.

O cômodo ainda era silencioso, Jared sequer dizia algo além de um boa tarde, o seu dia ruim estava durando mais do que o esperado por mim. No entanto não o forcei a abrir os lábios e tampouco que ele ficasse no clube comigo. Com sua ida, aproveitei todo o tempo livre para limpar a sala e organizar todas as coisas fora do lugar, principalmente os livros que não foram guardados em ordem alfabética. 

O tempo passou o mais rápido do que eu pudesse imaginar, então segui para a saída da escola digitando uma mensagem para papai, avisando que demoraria para chegar em casa, porque queria mais tempo na escrita com o notebook, mas eu estava mentindo para ele outra vez. Na verdade, eu iria jogar minutos fora no parque Sunset, e aquela desculpa só serviu para ele dizer a mamãe, caso a mesma ligue para ele questionando o motivo de não atendê-la. Eu estava ficando boa em mentir.

Parado em um muro um pouco longe da escola, Jared mexia no seu iPod e sentindo a presença de outra pessoa ergueu o seu rosto para minha direção. Minha respiração se pesou de maneira gradativa, não fazia ideia de que ele ainda estava pelas redondezas e agora minha mente me mostrava o quão estúpida fui em tê-lo expulsado indiretamente da sala de jornalismo.

— Alex — disse ele um pouco baixo demais, acho que se não estivéssemos perto eu não o escutaria. — Posso anotar o seu número? — seu pedido saiu como um murmúrio e eu pude sentir cada parte do meu rosto se aquecer, era a primeira vez em que alguém pedia o meu telefone.

... — mordi a parte interior de minha bochecha. — Claro. — o encarei por algum tempo, seus olhos me pareciam fundos e por toda extremidade havia manchas escuras, denunciando noites mal dormidas.

— O número. — ele disse outra vez, pisquei algumas vezes desviando o meu olhar de seu rosto pálido. Como eu já estava com o celular nas mãos, entrei no ícone de contatos para encontrá-lo. Eu não fazia ideia de qual era o meu número e nem mesmo se eu tentasse decorá-lo conseguiria. Depois de ler os dígitos em voz alta, guardei o aparelho na minha bolsa. — Te vejo amanhã. — assenti, dando o meu melhor sorriso do dia, isso significava que ele estaria aqui amanhã, "te vejo" era sua promessa feita de forma indireta para mim.

Com Jared se afastando, balancei minha cabeça em negação. Não fazia ideia de como minha mente se tornava tão positiva quando se tratava daquele garoto. Outra vez eu quebrava uma de minhas notas mentais, de novo eu tinha as esperanças renovadas.

Não segui para o parque como tinha planejado, fui o mais rápido possível para casa e não deixei o meu celular um minuto sequer, nem mesmo para comer. Em todo minuto esperava uma mensagem de Jared, imaginei que sua vontade era de desabafar por meio de uma tela, no entanto nada disso aconteceu.

Eu precisava parar de pensar no Jared, nós nos conhecemos há menos de um mês e por agora ele demonstrou que com o passar do tempo não construímos algum laço sequer, sendo assim, nada de suas atitudes ou gestos eram da minha conta. Entretanto, tudo na prática é ainda melhor, pois mesmo que para ele nós não criamos algum tipo de vínculo, para mim eu já poderia chamá-lo de amigo.

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