CAPÍTULO I

13.4K 894 424
                                    


1

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

1. Banho sem esperanças.


Encarei o caderno aberto sobre a mesa, em suas folhas brancas haviam diferentes formatos de círculos, alguns grandes, outros pequenos e poucos coloridos. Não fazia a mínima ideia de quantos minutos se passaram – ou até mesmo horas – somente tinha a certeza da minha enorme perda de tempo. Passaram-se um mês e nada que eu escrevia para a escola ou até mesmo para meu consumo próprio não me agradava, era estranho sentir que as coisas feitas por mim não eram boas o suficiente para o público e pela primeira vez senti o quão desastroso era passar por um bloqueio criativo.

Aquela imensa quantidade de bolinhas nos papéis nada mais era do que uma atividade listada por uma YouTuber londrina, a ideia era péssima e não funcionou nem um pouquinho comigo, embora servisse apenas para degradar o meio-ambiente.

Com o bip do relógio de pulso, suspirei frustrada, deixando o meu lápis ao lado esquerdo da mesa. Verifiquei as horas para ter certeza de que eu realmente precisava me deslocar para a sala de aula. Como de costume, faltavam apenas cinco minutos para enfim o dia estudantil recomeçar. Fechei o caderno, repassando minha lista mental e dessa vez acrescentando mais um ato a não ser repetido por mim, o qual seria nunca mais acreditar em pessoas que trabalham na internet. 

Após guardar todo meu material, joguei a bolsa nos ombros, dando uma última espiada na minha minúscula sala do clube. Em outra mesa próxima, haviam dezenas de impressos, os quais deveriam estar na sala do Senhor Crowns há vinte minutos atrás, eu ganharia uma punição de fato, mas o diretor nem sequer imaginava o livramento que estou dando para ele. Não toquei na horrenda pilha de jornais, nenhum deles eram dignos de serem lidos por alguém. Todos eles tratavam-se do aquecimento global, economia americana, teorias de como Avril Lavigne fora substituída – todas fundamentais para o conhecimento humano –, no entanto, a escrita não me agradava nem um pouco e dessa maneira eu não chegaria sequer na porta do ilustre prédio do New York Times.

Entrando no corredor escolar pude sentir o cheiro decifrável de tinta fresca e especialmente o aroma de limpeza, adoraria que minha sala possuísse o mesmo cheiro, entretanto nem mesmo uma pintura nova consegui neste ano, toda a verba anual de Storm Hills fora direcionado a monarquia escolar – que se baseia nas animadoras de torcida e todas as pessoas que praticam atividades atléticas – e ao mínimo reparo do prédio escolar. 

Em devaneios, escutei outro bip saindo de meu relógio, avisando o primeiro atraso do mais novo bimestre. Para ser mais exata, dois minutos de atraso, os quais se estenderiam se eu não movesse meus pés para a sala de economia, imediatamente. A professora Andrews não era tão má para minha preocupação, sequer se importava com atrasos, o que mais contava em sua matéria era a ilustre presença dos alunos. A verdade era que o que mais me incomodava eram os olhares curiosos de adolescentes em cima de mim, reparando cada mínimo detalhe do meu corpo esquio.

RUDIMENTAROnde as histórias ganham vida. Descobre agora