Capítulo 10

17 0 0
                                    

Agosto

2016

Deus, que bagunça.

Primeiro de tudo, estou dentro do carro do Diego. Outra vez! Mesmo depois de me prometer que não colocaria os pés aqui...

Segundo, estou chorando feito uma criança e sinto-me absolutamente culpada por isso. Por toda dor que acomete meu peito em pancadas. 

Porque eu escolhi acreditar, mesmo com a consciência que iria acabar me machucando de novo. Como pude ser tão imbecil? De ainda tentar acreditar?

O Caio não ligava para nada nem ninguém além de si. E eu sabia disso. Sabia e mesmo assim... Mesmo assim me expus a esse papel ridículo... Não quero nem pensar com que cara vou voltar pra escola segunda-feira.

Isso só pode ser um pesadelo! Ou então, uma pegadinha de muito mal gosto do destino... 

Um gemido alto ecoa pelos meus lábios conforme despenco dentro de uma espiral martirizante. Como é que pude me rebaixar tanto, fechar os olhos para todas as evidências? Mentir para mim mesma dessa forma?

-Já chega!- ele fala quase gritando e desliga o carro- Não vou sair daqui enquanto você não falar o que tá pegando. Vai, desembucha!

-E-eu n-não te d-devo explicações, D-diego- limpo meu rosto com as costas das mãos.

-Me recuso a dirigir até o haras com esses seus lamentos chorosos de plano de fundo! Tá me enlouquecendo!

Meu coração aperta cada vez mais, sem nunca aliviar a pressão. Mal consigo me forçar a respirar.

-Precisa ser grosso assim? Cara... Eu sinto muito! Sinto muito se tô na pior e... Deus! S-será que é tão difícil ter um pouco de empatia? Que saco!- sua mão está no volante, os olhos fixos em algum ponto a nossa frente- Você acha que eu queria estar com você aqui, agora?- limpo meu rosto outra vez- É claro que não! Entre todas as pessoas desse mundo, você seria a última pessoa com quem gostaria de estar agora! M-mas, você podia, pelo menos, no mínimo, t-ter um pouco de decência e não piorar as coisas pra mim!

-Não quero... Eu...pensei...- ele suspira, frustrado- Só quero te ajudar, garota! Será que não podia ser um pouco menos marrenta?- me encolho no banco, abraçando as pernas, desejando ficar invisível- Eu sei, eu sei bem demais que você não quer estar aqui! Mas, está! Então, por favor, me deixa te ajudar...

-Você não pode me ajudar!- grito- Sabe por que? Porque eu sou o problema! Euzinha. Como sempre fiz merda, errei, confiei, me doei e pra que? Pra quebrar a cara de novo e levar o troféu de corna burra para casa- o fuzilo- Além disso,  tenho que ficar me explicando pra um peão idiota que desde que pousou os olhos em mim fez de tudo, T-U-D-O, pra infernizar a minha vida- respiro fundo- Você não pode só me deixar quieta na minha? É pedir demais?

-Eu só...

-Diego, cala a boca!- supliquei- Eu não quero conversar! Só quero ir pra casa!

-Não- ele diz baixinho, com um tom ameaçador- Já ouviu essa palavra? Não! Eu não vou calar a boca coisa nenhuma. Eu quero...- ele bate com as mãos no volante- Deus do céu! Que loucura é essa?- ele respira fundo algumas vezes.

Meu corpo inteiro está dormente, meus olhos inchados ardem. 

Não faço ideia do que fazer, de qual é o próximo passo, não sei o que sentir, como agir... Só estou... Perdida. 

Completamente perdida.

-Érica, me desculpa, estou sendo um animal. Desculpa- olho pra ele percebo que ele está sendo sincero. Minha garganta fecha e eu começo a soluçar de novo- Não, não... Não chora. Por favor... Droga, Érica, não fica assim...- sua mão tinha abandonado o volante e estava em baixo do meu cabelo, fazendo carinho no meu pescoço- Linda, olha pra mim- balanço a cabeça negativamente- Érica, olha pra mim- ele está próximo, posso sentir o calor do seu corpo. Respiro fundo, levanto a cabeça e encontro seus maravilhosos olhos escuros me fitando- Desculpa, por ser um idiota, grosso, cafuçu... Você está certa sobre tudo...Me desculpa, linda- suas mãos emolduram meu rosto e, por um minuto, pude jurar que ele ia me beijar- Odeio te ver chorando. Desculpa se meu jeito te fez mal, se minhas brincadeiras te chatearam, eu nunca quis... Nunca mesmo, de jeito nenhum... Por favor, não chora- ele limpa minhas lágrimas com os dedos- Não posso te ver assim e não fazer nada... Deixa eu te ajudar- pede e afasta uma mexa de cabelo dos meus olhos.

Imperfeitamente Perfeito para MimWhere stories live. Discover now