Imperfeitamente Perfeito para Mim

Capítulo 4 (continuação)

2016

Agosto

Assim que pousei meus olhos nela soube que estava ferrado.

É tão clichê que chega a ser idiota! Afinal, é óbvio que a filha do meu chefe não ia ser uma garotinha de 17 anos, razoavelmente bonita, com aparelho nos dentes....

Deus do céu!  Vou ficar maluco até esse final de semana acabar.

Tento, num vão esforço, me concentrar na estrada. 

O problema é que o cheiro dela é enlouquecedor.

Ela cheira a jasmim e jacinto. Tem cheiro de terra molhada. 

Que maldição!

Olhei pra ela de soslaio  e meu corpo esquentou. O cabelo está bagunçado, o rosto corado, o peito subindo e descendo lentamente... Jesus!, desse jeito vou acabar batendo a droga do carro numa árvore ou sei lá... Aumento a música, tamborilo os dedos no volante... Não, não podia ser uma patricinha convencional; uma daquelas garotas que mais parecem clones do que qualquer outra coisa, tinha que ser a merda de uma deusa!

Voltei a minha atenção para a estrada e soltei o ar devagar. 

Foco, Diego, seu idiota!

Deus, preciso dessa garota. 

Não, Diego. Você tá maluco? Ela é a filha do chefe, está fora dos limites. 

Meus olhos deslizam até ela novamente. Desiste!, digo a mim mesmo.

-Que foi, hein!?- mas que merda! Ela percebeu.

-Nada- finjo total desinteresse.

-Então, será que dá pra parar de me encarar?!- ergo uma sobrancelha.

-Tô te incomodando, princesinha?- ela revira os olhos e isso me faz sorrir.

-Só me faltava essa! Você me chamando de princesinha. Vá te catar e para de me encarar feito um maníaco, é desconcertante! Tô tentando ler, não sei se percebeu....

-Desconcertante- murmuro baixinho, segurando o riso- Sei...- parece que eu não sou o único incomodado- É, então...- limpo a garganta- Érica,- pronuncio o nome dela devagar, sentindo como cada sílaba desliza pelos meus lábios- aquele cara que estava na sua casa é seu namorado?

Diego, cala a boca!

-Não é da sua conta- ela continua encarando a página amarela.

Que fofa, fingindo que está lendo....

-Ishh, já já vai sair por aí relinchando. Coice de graça assim? Eita, pensei que as princesas eram mais educadas- mordo o lábio e sorrio, sabendo que sua reação será incrível.

Ela ergue os olhos devagar e sorri pra mim:

-Será que sua mãe não te ensinou o que acontece quando você se mete no que não te diz respeito?- pergunta, bem cínica.

-Não que eu me lembre- respondo de mal gosto.

-Bem, nunca é tarde demais para aprender, peão!- uma gargalhada fica presa na minha garganta- Quando eu era pequena tinha uma caneca com um tipo de charge de uma vaquinha. A história era assim: a vaquinha estava passeando pelo campo e encontra uma flor. Uma margarida, eu acho... E aí, ela resolve cheirar a flor só que lá dentro tinha uma abelha, que picou o nariz dela porque a vaquinha enfiou o nariz onde não era chamada...

-Tendi. Isso quer dizer que uma abelha vai voar na minha cara agora e me picar por te perguntar sobre seu namorado?

-Aí, deixa pra lá. Você é um caso perdido!