Capítulo 8

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Agosto

2016

O dia passou, surpreendentemente, rápido. 

Rápido demais.

No caminho de volta, fico tentando achar um assunto para conversar com ela. Mas, toda vez que tento iniciar uma conversa me convenço de que é uma ideia idiota. 

Tá na cara que ela não quer falar comigo. Como a própria disse: só consegue sentir desprezo por mim. Já ouvi coisas bem piores, só que, na moral, aquilo doeu!

Não sei se é porque me importo com o que ela pensa de mim, o que seria bem idiota da minha parte.

Até então nunca me importei com o que as menininhas ricas da cidade pensavam de mim... Se bem que, a maioria delas gosta do meu jeitão bronco e meio cafajeste.  

O fato é que custei a dormir ontem a noite, pensando na maneira inocente que seus olhos me estudaram quando eu cheguei junto dela no carro. Antes da palhaçada toda começar.

Não consigo para de pensar no formato da boca dela, nos olhos amendoados e nas bochechas rosadas. Parece impossível esquecer o odor da sua pele. E, como você pode imaginar, isso resultou em uma ereção e uma noite bem longa.

Sinceramente, não sei o que está acontecendo comigo. Nunca quis conhecer uma garota do jeito quero agora. É claro que eu adoraria levar a Érica para a cama e descobrir cada centímetro de pele morena, sentir o gosto dela amortecendo minha língua, mas (Deus, quando é que eu ia imaginar que existiria uma mas nesse tipo de frase?), quando estou perto dela fico querendo... Sei lá, saber qual a sua comida preferida, o dia do seu aniversário, quais sonhos tem e coisas do tipo.

Mas, como sempre, estraguei tudo antes mesmo de começar...

Provavelmente, é melhor assim de qualquer forma.

Tá na cara que a Érica é daquelas que sonha com príncipe encantado e contos-de-fadas, não posso dar nenhuma dessas coisas pra ela. Não sou minimamente elegível pro tipo herói romântico, nem quero. Saí fora, essas babaquices só podem terminar de uma forma: com um coração partido.

Obviamente, eu acabaria machucando ela. E isso me custaria muito mais do que um nó na garganta e a comprovação, inútil, de que sou um bundão; custaria a merda do meu emprego, que Deus sabe o quanto eu preciso.

Afora isso, única coisa que temos em comum é que gostamos de cavalos... Mas, que a verdade toda seja dita aqui, quase todo mundo no mundo gosta de cavalo, ou pelo menos simpatiza com eles.

Ou seja, isso não significa nada.

Tudo bem que nem o olho de todo mundo brilha como o dela quando se aproxima dos animais, que nem todos levam jeito com os bichos como ela...

-Você conhece a Maria Alice?- ela pergunta do nada. Me ajeito em cima da sela, dissipando meus pensamentos, e olho pra ela.

-Conheço. E ela prefere ser chamada de Ali- ela me devolve o olhar, desconfiada.

-É? Hm, tendi- engulo uma risada.

-Que foi? Não gosta dela? Se for sair no tapa, me chama pra ver?

- Deus, será mesmo que você tem que fazer piadas machistas com tudo que eu te falo?- meneio a cabeça, aceitando a bronca- Claro que gosto da... Ali...- ela afaga a crina de Tempestade- Ela é apenas alguns meses mais nova que eu, então meio que crescemos juntas e tudo mais.

-Ok, mas... Por que veio me perguntar dela?

-Que ironia! O sr. Perguntas-indiscretas-que-vive-metendo-o-nariz-onde-não-é-chamado achando ruim ter que responder uma simples pergunta... Uau! O mundo realmente CA-PO-TA, né não?- tenho vontade de rir de novo.

Imperfeitamente Perfeito para MimWhere stories live. Discover now