Jinchuuriki

capítulo 10

Quando o primeiro dia de julho chegou Sayuri quase não conseguia levantar do chão frio do seu quarto, mas ela precisava levantar, havia coisas demais em jogo para se render agora.

Ela tinha certeza que o Hokage já havia dito a Danzou sobre a nova missão que teria que realizar e ele deveria ter fortes suspeitas sobre o pagamento que ela queria pela execução. Maldito boca aberta. A menina nunca iria compreender o porquê de o Hokage deixar Danzou ganhar tanto espaço e conquistar tantos aliados.

Era tudo um jogo político onde quem tem a maior influência ganha. O Hokage tinha o nome, ele era o rosto da aldeia, o ninja mais forte e habilidoso, aquele que todos respeitam e reconhecem como líder, mas por trás de tudo isso é apenas um homem que não soube lidar com o poder que tinha, e por isso o perdeu.

Danzou por outro lado era aquele que com as palavras certas nas horas certas poderia governar o mundo. Ele de fato tinha um talento inigualável para a arte da manipulação, ele sabia como envolver alguém em seus esquemas, todos eram peças em seu jogo perfeito de Shogi onde ele as movia e descartava com destreza.

Danzou ganhou poder demais, derrubou peças demais de seus adversários, tomou cada vez mais espaço no tabuleiro e quando o Hokagk percebeu o erro que era deixar o homem tão perto, era tarde demais, ele estava fadado a perder o jogo.

O Hokage era o rosto, mas Danzou detinha o verdadeiro poder. Foi assim que o massacre do clã Uchiha foi aprovado, mesmo que o Hokage quisesse mudar a situação ele já não tinha mais o poder e nem o apoio necessário para isso, nem mesmo o Sarutobi sabia quando foi que a situação saiu do seu controle, mas tentava fazer o melhor que podia com o pouco que tinha, só que nem sempre o melhor era o suficiente, e para Sayuri isso nunca iria ser o suficiente.

A garota estava nas mãos de Danzou a tanto tempo que aprendeu suas táticas, ela sabia como agir, quando falar e o que dizer para direcionar as pessoas para onde ela queria, era só aguardar a oportunidade correta e o caminho se abriria por si só.

Ela se tornou especial para o Hokage, uma arma capaz de realizar os planos mais mirabolantes do soberano da Folha e assim conseguia passar muito tempo fora da vila cuidando dos seus próprios negócios e livre temporariamente do controle de Danzou, ao menos na maioria das vezes.

Ao mesmo tempo que ficava longe do líder da Anbu Ne, o Hokage tentava doutrinar a garota para o caminho que ele julgava correto, longe das influências de Danzou, conversas como a vontade do fogo que está em todos os ninjas de Konoha e os estimula a proteger a aldeia eram pautas recorrentes em seus discursos e ela fingia absorver esses monólogos para continuar sobre a sua rasa proteção contra Danzou. Mas mesmo passando tempo fora ela tinha que voltar e quando isso acontecia não importa quanto o Hokage quisesse, ele não podia ajudá-la, afinal ela pertencia a Anbu Ne.

E ela sempre acabava no chão frio daquele quarto, nunca tendo força o suficiente para chegar até sua cama antes de apagar, mas naquele dia a menina não tinha tempo para se recuperar, era o dia do inicio dos exames chunin, o primeiro passo em busca da sua liberdade e por essa liberdade ela estava disposta a tudo.

A garota enrolava ataduras no corpo com uma expressão vazia e olhos opacos, ela não sentia mais a dor dilacerante que estava sentindo até horas atrás, mas a dor ainda estava lá a cada movimento dos seus braços e pernas, tudo doía, mas ela conseguia suportar, hoje não havia tempo para deixar Kurama ajudar a curá-la, qualquer sinal do chakra da raposa em meio a inúmeros ninjas de elite seria terrível.

Após colocar todas as bandagens que julgava ser necessário, a menina começou a se vestir com sua roupa padrão que consistia em uma calça de lavagem escura feita de um tecido resistente com sua bolsa de equipamentos presa a sua coxa direita, ela também usava uma blusa de manga comprida da mesma cor da calça sem nenhum detalhe.