enxurrada

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Apesar de eu sempre ter sido um cara cheio de amor pra dar e que realmente gosta de sair distribuindo afeto e carinhos para todas as pessoas que eu gosto, dividir cama nunca foi algo que eu gostei muito e isso começou quando eu tive minhas primeiras festas do pijama com meu primo, o qual tinha a idade mais próxima da minha e era praticamente um irmão pra mim. Ficar juntinho de alguém é super legal, se alguém chega em mim e diz que quer ficar agarradinho no sofá assistindo Netflix eu topo na hora, mas quando o momento de dormir chega eu simplesmente não consigo concordar com a coisa de dividir cama.

Primeiro que eu sou muito sistemático com os meus cobertores, ok? Eu sei que vão ficar bagunçados uma vez que eu cair no sono e começar a me mexer todo, mas antes de eu dormir eles têm que estar lisinhos e alinhados, fora o travesseiro do jeito certo e meu pijama arrumado para não me incomodar tanto. Segundamente porque eu sou muito espaçoso, eu não implorei por uma cama de casal para o meu pai por nada, e eu sou muito o tipo de pessoa que enquanto dorme abre as pernas, rola muito no colchão e que às vezes acorda de ponta cabeça. Por muito tempo eu achei que seria assim, meu pai até chegou a fazer piadas de que, se eu me casasse, meu marido teria que dormir em um quarto diferente, mas acho que algumas coisas estão fadadas a mudar depois que conhecem suas almas gêmeas ou algo bem parecido a isso.

Eu nunca imaginei que ia mudar esse aspecto em mim, era algo que eu tinha desde criança, mas bastava ter o corpo de Taehyung do meu lado me agarrando por completo para que eu esquecesse qualquer regra pessoal sobre cobertores alinhados ou espaço na cama. Diferente de mim, o tritão não gostava nada de dormir sozinho, era como se ele precisasse de uma companhia ali não só por preferir ter sempre alguém consigo, mas também por precisar ter algo ou alguém para abraçar, o que no caso era eu, e confesso que não era tão ruim.

Quando chegamos na noite anterior, cansados por conta do dia cheio de andanças pela cidade e conversas animadas com nossos amigos, tomamos um banho quente bem rápido, cada um em um dos banheiros, antes de vestirmos nossos pijamas e nos jogarmos na cama sem pensar muito. A primeira coisa que o Kim fez quando deitamos lado a lado foi me puxar pra pertinho e colocar uma de suas pernas em cima das minhas, o que logo foi repetido por seus braços de um jeito que me fizesse ser cem por cento agarradinho como se eu fosse um urso de pelúcia ou um travesseiro bem fofo.

A princípio eu até joguei uma cantadinha pra quebrar o gelo, disse que eu não ficaria sem ar por conta daquela conchinha se ele me desse várias respirações boca a boca, porém quando ele me perguntou se eu estava desconfortável eu neguei com todas as forças possíveis. Eu sei que quando falam que relacionamentos tem toda a coisa de ceder é por conta de coisas mais sérias tipo teimosia e algo do tipo, mas ser sistemático pra mim era algo bem sério, e eu entendi bem todo esse esquema de ceder naquela noite. Taehyung dormiu completamente agarrado em mim e eu, quando notei que ele já tinha caído no sono, acabei o agarrando de volta.

E, sabe, eu poderia continuar ali para sempre. Se eu continuasse naqueles braços um tanto fortinhos e podendo apoiar minha cabeça no peito para escutar o coração do tritão bater calminho, eu conseguiria ignorar qualquer obrigação que eu tivesse que fazer independente das consequências. Porém, como já é de se esperar, meus amigos não tem essa mesma disposição, e quando fui acordado naquela manhã, depois de ignorar o despertador, eu tinha três caras dentro do meu quarto puxando minhas cobertas e me tirando do casulo quentinho que eu tinha criado com Tae.

— Muito bonito o casal, mas vocês têm um festival pra montar hoje. — Hoseok anunciou enquanto jogava a coberta longe e se aproximava, logo sorrindo abertamente quando notou que eu o olhava com apenas um dos meus olhos inchados abertos.

— Me dá cinco minutinhos.

— Nem pensar, Jiminnie! — ele segurou as mãos de Tae que estavam ao meu redor, tentando de alguma forma me livrar daquele abraço. Acho que nem preciso dizer que ele nem conseguiu mover o indicador do tritão né? — Poxa, vocês prometeram!

o conjurador de marés | vmin / pjm +kthOnde as histórias ganham vida. Descobre agora