O Garoto

Capítulo 24

    Subo o elevador, em silêncio, virando o envelope entre os dedos. Em mim, um misto de curiosidade e medo, na dúvida se aquele pequeno pedaço de papel será o portador de boas novas ou imensas desgraças. Restará ali o presságio de novos tempos ou fim dos bons?

    Vou até o apartamento de Lex e giro a maçaneta. Me deparo com o apartamento à meia-luz, o cheiro do perfume dele misturado ao sabonete cítrico, um resquício de vapor do chuveiro recém-desligado. A voz sedutora de John Bon Jovi ressoa pelo lugar, como uma carícia, em Always, prometendo amar para sempre. Hesito, mas entro. Encosto a porta e passo pela pequena e aconchegante sala, transformada em ateliê, cheia de peças e cavaletes cobertos, transformando cada quadro em uma promessa. 

    — Vanessa… – a voz cheia de desejo me chama a atenção antes mesmo de vê-lo. E quando nos encaramos, tudo mais perde o sentido. Ele parece me despir com o olhar, a respiração acelerada, o corpo nu arrepiado. A excitação pronta para satisfazer todo e qualquer desejo.

    Se esticar os dedos, quase posso tocá-lo. Sentir a textura da barba por fazer, os lábios carnudos, os olhos enigmáticos, escurecidos pelo prazer antecipado do momento. Mas é ao descer os olhos pelo corpo dele que me perco… Vislumbro os mamilos enrijecidos, o abdômen subindo e descendo de forma acelerada e o pênis, latejante na minha direção, no mesmo pulsar do coração, a glande rosa como uma flor a desabrochar em promessas. O envelope escapa pelos dedos e se torna algo descartado, no corredor, diante do corpo daquele menino-homem, em todo o seu esplendor, exposto e disposto para o meu deleite. Me torno borboleta a voar em direção à chama, disposta a ser consumida até que nada reste. 

    Mas existe algo mais, uma surpresa ali, que me deixa aturdida, sem palavras, em um misto de emoções a me assomar a garganta, fugir pelos olhos, converterem-se em risos e lágrimas. Assim como o surpreendi aquele dia, entre tintas e gozo, ele me retribui de forma surpreendente. Com as mais diversas cores havia pintando meu nome por todo o corpo, pelas coxas, cintura, braços e pélvis, como se não apenas a pessoa, mas também cada pedaço de pele ali exposta me pertencessem. A não ser no peito, o lugar onde guarda o coração, que uma frase se forma… Letras que, juntas, são capazes de traduzir toda a intensidade do que sente por mim.

    Vanessa, casa comigo?

    Mas ao pensar em uma resposta, nada me vem. Como posso pensar em palavras nesse momento, quando os sentimentos me afogam? Prefiro deixar que meu corpo responda.

    Lex me puxa para si e me invade a boca com a língua, enquanto com as mãos me pega pela bunda. Logo em seguida sou despida em um ritmo que nem sequer consigo acompanhar e, ao me deixar livre de panos e pudores, através dos lábios começa a me percorrer, desvendar-me o corpo de forma devagar e sensual, redescobrindo cada pedacinho meu que o sexo se apropriará em breve.     Desço a mão pela barriga de Lex e pego naquele delicioso membro que estou disposta a aproveitar por inteiro. Começo a masturbá-lo de repente, de forma vigorosa, para que os gemidos dele se misturem aos meus. 

    Lex me afasta, com gentileza, mas sem delicadeza. Sou virada de costas, as mãos erguidas para o alto e encostadas na parede. Ele começa a mordiscar minha orelha, passa os dentes e a língua na nuca e pescoço, me dando ondas de arrepio. Esfrega o corpo no meu, o pau roçando entre as nádegas, a pele mergulhando na minha. Tento me desvencilhar, voltar a tocá-lo, mas ele me impede.

    — Calma… Estou apenas começando. Sei cumprir minhas promessas. — Pega os meus mamilos entre os dedos e os massageia. Beija parte do meu rosto e sussurra. — Gostosa… Deliciosa…  Seja minha…

    Lex desce os dedos por mim, sobre o umbigo, púbis, vagina… Me encolho ao senti-lo dentro da minha fenda. Vê se ela está úmida e traz os dedos à boca, molha-os de saliva, para ajudar na lubrificação. Me masturba, toca o clitóris e o acaricia. Me fode com os dedos, como nunca fez antes, impiedoso na leveza, mas sem errar por um milímetro onde me enlouquecer.