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ALICE 🌹

— PODE ENTRAR — gritei quando ouvi as batidas na porta —.

Fiquei olhando ela ser aberta e estava ali Sara, com sua bolça de lado e uma rosa na mão.

— Vim me desculpar amiga — falou ainda da porta —.

Cadê as câmeras? É uma pegadinha?

— Não precisava — falei dando um sorriso sem saber mais o que fazer — Quer falar alguma coisa?

— Quero — falou balançando a cabeça — Sabe, acho que é as provas chegando que tá me deixando assim.

Não argumentei em nada, só abracei.

Sentia algo diferente, não parecia mais a menina doce e durona ao mesmo tempo, parecia uma desconhecida.

— Sara, se não se importa, tenho que fazer dever e dormir — falei sem jeito —.

—  Claro — falou levantando o rosto — Boa noite amiga.

Esperei ela sair do quarto e joguei meu corpo no colchão.

Olhei de canto, a rosa havia alguns espinhos.

▪▪▪

Ri comigo mesma vendo Matheus do outro lado da rua. Caminhei rindo e não acreditando.

— Tu não me pediu pra vir? — pergutou rindo abrindo os braços — Então eu vim.

— Não creio Matheus — falei dando risada — eu só tava falando na zoeira.

— Mais eu vim — falou e balançou os ombros — um grupinho ali tá olhando nós, não se importa? — perguntou e sabia do que ele falava —.

— Olha pra minha cara, que se dane elas, eles, o mundo, eu só quero é viver sendo feliz — falei e soou tão libertador — Vamos pra onde em plena sexta - feira? 

— Comer e praia? — perguntou como se fosse óbvio —.

— Amo isso — falei pegando o capacete — e o trabalho e faculdade? — perguntei colocando o capacete —.

— Sexta correria, mais hoje tá suave — falou e soltou um suspiro como se estivesse rindo — faculdade os professores foram fazer um curso deles lá.

Subi na moto, e diferente das outras vezes sem a ajuda de Matheus, acho que já subi muito nessa moto.

Matheus corria, diferente das outras vezes eu não estava com medo, era como se eu estivesse me libertando de algo, não sei o que.

Passamos em frente a uma rua que estava parada por ambulâncias e carros de polícia, o estado era sério, por incrível que pareça consigui ver um casal estirado no chão.

— Chegamos — falou depois de tirar seu capacete —.

Descemos e entramos no shopping, automaticamente peguei a mão de Matheus, quando percebi o encarei, e o mesmo encarava nossas mãos.

Soltei rapidamente e dei uma risada sem graça.

— Que tal um filme? — perguntei tentando descontrair —.

— Pode ser — falou e deu um sorriso — Só deixa eu ir guardar os capacetes —.

Entreguei pra ele e fiquei olhando ao redor enquanto ele ia guardar.

— Não esperava te encontrar aqui — ouvi uma voz grossa e conhecida falando atrás de mim, conhecia muito bem, Peter — está sozinha?

— Nem eu esperava — falei e revirei os olhos — Não, estou acompanhada.

— O favelado como seu pai diz? — perguntou e deu risada —.

— Sim — ouvi Matheus falando, brotou, só pode — com o favelado — os dois estavam se encarando que dava até tensão — Vamos antes que a fila fiquei maior?

Concordei com a cabeça e fomos andando quietos.

Não sabia o que dizer, quer dizer, sabia, mais não queria.

— Sei que tu não tem nada com isso, fica tranquila — falou e acho que ele percebeu o que estava pensando —.

Ficamos na fila e ríamos das pessoas ao nosso redor.

Chegou a nossa vez e pagamos o nosso ingresso.

A fila da pipoca? Enorme. O que decidimos? Isso mesmo, Lojas Americanas todo mundo vai.

Compramos um monte de coisas e ríamos de tudo.

Entrando na sala já podíamos ver o trailer passando, pessoas procurando seus lugares no escuro, outras já comendo e rindo de algo.

— É nessa fileira — Matheus sussurrou puxando minha mão —.

Com muito custo conseguimos chegar em nossas poltronas.

▪▪▪

O filme? Não sei, nossas risadas? Muitas.

— Aí meu Deus — falei tão empolgada que até as pessoas a nossa volta ouviu — é unicórnio Matheus.

— Realmente você vive em um mundo seu — falou rindo e revirou os olhos —.

— Vou comprar — falei entrando na loja —.

Via cada pedacinho, Matheus só ria, e eu querendo tudo.

Saímos da loja e eu com uma imensa sacola, na verde Matheus.

— Sara tá ali — falei olhando em direção a ela — com aquela mesma menina.

— Que menina? — perguntou olhando pros lados, apontei discretamente e ele olhou — que porra, fudeu.

— Quem é ela Matheus? — perguntei e ele ainda olhava pra elas — Matheus, quem é aquela menina?

— Luana — falou ainda olhando pra elas, se virou e me olhou nos olhos — ela é filha do Caveira, dono do morro aonde eu moro.

— Ela pode ser uma menina boa, não é? — perguntei com medo, ele não respondeu — Não é Matheus?

— Não, ela é o Satã em pessoa, isso sim — finalmente me respondeu — Vamos, deixa elas.

Ele saiu me puxando, entramos em uma loja e Matheus foi direto na parte de camisas.

— Essa aqui é linda — falei segurando ela pelo cabide — combina com os seus olhos.

REALIDADE VIVE Where stories live. Discover now