04 💣

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ALICE 🌹

Quando cheguei na noite passada meu pai veio com mil e uma perguntas, e eu só concordando mesmo que não estava prestando atenção.

Confesso que estava com um frio na barriga em relação ao Matheus, mais estava gostando e muito.

— As meninas estão lá em baixo — minha mãe falou entrando no meu quarto — Vocês vão a praia?

— Elas eu não sei, mais eu vou — falei caminhando até ela — amarra aqui por favor.

— Vai sair com aquele homem que te trouxe ontem a noite? — perguntou amarrando meu biquíni —.

— Vou sim — falei caminhando até minha cama, coloquei as coisas tudo na bolsa e coloquei uma camiseta — pode falar que já vou.

Terminei de arrumar minhas coisas, peguei meu celular do carregador e sai do meu quarto.

Já das escadas dava pra ouvir as risadas.

— Bom dia — falei quando estava no último degrau —.

— Nove e cinquenta e oito agora — Livia disse vindo me cumprimentar — Bom dia amiga.

— Vamos pra praia? — Sara perguntou se sentando no sofá —.

— Vocês eu não sei — falei colocando meu celular na minha bolsa — mais eu vou — assim que terminei de falar ouvi a buzina da moto — Beijo beijo, tchau.

Sai de casa antes que uma delas aumentasse alguma coisa.

Vi Matheus já em cima da moto, com capacete na cabeça e um segurando.

— Menos preocupada? — perguntou rindo — Bom dia, vem — me puxou e colocou o capacete e me ajudou a montar na moto — com aventura ou sem?

— Bom dia — falei e rimos — com aventura?

Ele riu e começou a pilotar, de início ele estava devagar, mais depois começou a pilotar muito rápido, me apertei mais a ele.

O vento batia tão forte no meu rosto mesmo estando com capacete.

Ele estacionou a moto e já podia sentir o cheiro do mar.

Consigui tirar o capacete, e Matheus ajudou a sair da moto.

Ele deixou o capacete em um lugar e atravessamos a rua.

Tiramos nossos chinelos e começamos a andar pela praia.

Um menino veio correndo em nossa direção e pulou no Mateus e o mesmo o pegou.

— A mamãe comprou picolé pra mim — o menino disse fazendo gestos com sua mão, olhou pra mim e voltou a olhar Matheus — Sua namorada?

— Não — falou rindo e colocou ele no chão — uma conhecida, Alice, Alice esse é o meu irmão mais novo Maicon.

— Oi — falei sorrindo e fazendo um aceno —.

— Oi — falou sorrindo e pegando a mão do Matheus — vem.

Ele saiu puxando a mão do Matheus e Matheus puxando a minha.

— Até que fim — uma mulher disse sentanda em uma cadeira — Você é a Alice?

— Sim — falei apertando a mão da mesma e nisso me deu um abraço — sou Sueli, mãe do Matheus.

— Prazer — falei tirando a alça da minha bolsa do ombro —.

— Meu nome é Marcela — uma voz feminina falou atrás de mim, me virei e era uma mulher de biquíni toda molhada — sou irmã desse aí —.

Marcela ficou me olhando por um tempo e depois fitou o olhar do Mateus.

Acho que eles estávam fazendo aquela troca de olhar, quando você conversa por ali.

— Bom — Sueli tentou cortar tudo aquilo — Vocês estão em uma praia, vão ficar com tudo isso de roupa?

Tiramos nossas roupas ficando só com roupas de banho.

— Vamos comprar bebida — Matheus falou pegando sua carteira — alguém vai querer ir? — somente Maicon levantou a mão — Ótimo, vamos.

— Senta aqui — Sueli disse batendo na cadeira ao seu lado, sentei e fiquei encarando o mar — é da onde?

— Daqui do Neblon mesmo, e vocês? — perguntei tentando fazer que o assunto rendesse mais —.

— Não sei se vocês chegaram nessa parte — Marcela disse se aproximando mais — se conheceram quando?

— Ontem — falei lembrando e sorri — Vocês devem me achar maluca.

— Um pouco — Sueli falou e riu — Vai vocês duas no mar, eu olho as coisas aqui.

Me levantei e Marcela e eu fomos andando, eu chutando a areia e ela rindo.

— Tu parece aquelas patricinhas, mais também parece ser legal — falou me olhando de cima a baixo — faz alguma faculdade?

— Faço artes visuais — falei já na água —.

— Por que? — perguntou chutando a água —.

— Amor pela arte — falei já tomada pelo mar — meu pai fez um escândalo, já minha mãe me apoio.

Ficamos por um tempo no mar conversando, ela era legal, e muito doida, parecia que faltava um parafuso na cabeça.

Voltamos, Matheus e Maicon já estava lá, com um balde de bebidas e alguns petiscos.

— Não vai pela onda dela não — Matheus disse rindo e Marcela mandou dedo do meio pra ele — Olha o Maicon Marcela, não fica ensinado as coisas pra ele.

— Me erra Matheus — Marcela falou revirando os olhos —.

Sentei no lado do Matheus que estava em cima de uma canga.

Almoçamos em um restaurante perto dali, nunca tinha ido mais a comida era deliciosa.

Sueli era um amor, assim como Maicon e Marcela.

Eles só me faziam gargalhar, faz tempo que eu não me sentia assim, acho estranho esse termo, mais parecia que eu estava viva outra vez.

Minha mãe me ligou em torno de 7 vezes, pra saber se eu estava bem, já meu pai me ligou 2 vezes, pra saber com quem eu estava.

— Quando quiser ir pra casa me fala — Matheus falou olhando o relógio, peguei seu pulso e era 15:37 — ainda é cedo.

— Amanhã tenho faculdade — falei me deitando e revirei os olhos — tenho um trabalho pra entregar.

— Para de pensar na segunda — Matheus falou rindo — tenho várias entregas amanhã.

— Quero conhecer um pouco de você — falei e vi a careta dele, não sei se é por conta do sol na cara ou o que eu falei — da onde você é, no que você trabalha, se faz faculdade.

— Sou nascido, criado e moro no Vidigal — Matheus falou na maior tranquilidade, eu paralisei na hora, já tinha ouvido alguns nomes de morros, e sabia que esse era super perigoso — Calma Alice, não sou envolvido nem mexo com nada disso.

— Por isso que quando sua mãe ia falar da onde vocês são sua irmã cortou — falei lembrando, Sueli, Marcela e Maicon estavam no mar — nem todos que estão lá são do mal né? Meu pai fala que lá só tem favelado, gente que não presta.

— Está errado — falou ficando de lado pra me enxergar melhor — tem pessoas do mal sim, mais não é todos, nos chamam de favelados mas não ligamos, eu faço entregas de manhã, e tarde faço estágio em uma empresa, e consegui uma bolsa de estudos, eu e Marcela, faço TI e ela Educação física, nosso pai queria que nós nos formasse, mais sem dinheiro, então estudamos mais que nunca.

— Você tem dois empregos? — perguntei surpresa —.

— Hoje em dia não nos sobrevivemos nem com um salário mínimo Alice — Matheus falou e suspirou — ainda mais nós favelados — fez aspas quando falou favelado — que tenta buscar o melhor no asfalto.

REALIDADE VIVE Where stories live. Discover now