Razões

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Saiu da cafeteria em direção ao metrô, não estava de carro naquele dia novamente frio demais, mas também não queria ligar para que o irmão viesse lhe buscar.
Precisava ir para o trabalho e não queria chegar atrasado, então se apressou.
Sasuke era escritor, trabalhava em uma editora mediana e sonhava alto, como por exemplo, ficar famoso com um de seus livros, mas lhe faltava motivação, era como se ele fosse morto por dentro, e nada mais fizesse sentido, nem mesmo lutar pelo que se quer.
Não possuía nenhuma inspiração que fosse boa o suficiente aos olhos das editoras, isso o frustrava ainda mais.
Sentado perto de uma das janelas do trem, ficou olhando para fora. O céu cinzento parecia com o que Sasuke era por dentro. Fechado, formando tempestades que a mente não conseguia findar, e, com isso, vinham as crises emocionais.
Fazia uso de psicotrópicos, mas eles só conseguiam nublar ainda mais sua produtividade, o deixando inexpressivo demais para criar qualquer coisa que pudesse dar sucesso.

Desceu na estação mais próxima de seu trabalho e se pôs a caminhar lentamente, os braços e pernas dormentes pelo frio, a mente distante, tanto que nem percebeu que um carro se aproximava de si.
A janela se abriu quando ele finalmente percebeu que estava sendo seguido, e olhos negros como os seus, o fitaram.

- Você sabe que tem consulta com a psiquiatra hoje, não é?

Bufou, claro que sabia, como poderia esquecer daquela droga?

- Preciso traba...

Antes que pudesse concluir a frase, foi interrompido.

- Nada disso, já avisei a Mei que você não vai hoje.

Abriu a boca em choque e olhou para o irmão que tragava um de seus cigarros.

- Como ousa fazer isso? Você não... Itachi! Você não tem esse direito.

O mais velho revirou os olhos e deu continuidade ao assunto.

- Se você fosse mais responsável, eu não precisaria fazer isso, irmãozinho. Agora entra, vai se atrasar.

Bufou novamente, mas obedeceu, quanto mais rápido chegasse lá, mais rápido sairia.

...

- Já falei que não é pra tanto.
Disse enquanto tinha o braço puxado pelo irmão.

- Quem me garante que você não vai fugir quando eu não estiver olhando?

Revirou os olhos inconformado.

- Eu não faria isso!
Disse com um falso ar de ofendido.

- Claro que não. - Foi a vez de Itachi revirar os olhos. - Acredito, agora vamos logo.

A carranca que o mais novo possuía, demonstrava completamente o quão irritado ele estava com a situação.

- Sasuke Uchiha? Chegou bem na hora.

Uma doutora de cabelos cor de rosa saiu de um dos consultórios.

Itachi sorriu, parece que não era apenas ele que acreditava que Sasuke poderia fugir se não houvesse alguém o vigiando ou esperando.

- Vá com a moça bonita, e, vê se dessa vez, você conte a ela o que sente.

Lançou um olhar assassino para o irmão, que apenas riu divertido da situação e piscou para a doutora, que agora possuía as bochechas um tanto coradas.

- Ignore-o, ele é atrevido demais.
Massageou a nuca, ainda irritado.

- Não se preocupe, está tudo bem. -
Soltou um risinho descontraído. - Pode se sentar, querido.

Ele obedeceu e colocou as mãos sobre o colo, baixando o olhar, claramente nada interessado na conversa.

- Como se sente hoje, Sasuke?
Ele levantou o olhar com a sobrancelha erguida.

- Como acha? Estou como sempre estou, um saco de vazio ambulante.

Ela suspirou, aquilo estava ficando cansativo.

- Bem, pode me contar.
Massageou as têmporas, aquele dia seria cheio.

...

Avistou Sasuke saindo da sala em passos rápidos e o seguiu.

- Ei irmãozinho. - Deu uma risada. - Como foi?

Sasuke o olhou com uma expressão forçada em indiferença.

- O de sempre, aniki.

Itachi suspirou, apesar das piadas e/ou brincadeiras idiotas que vivia fazendo, se preocupava com o real estado do irmão.

- Sasuke, estou preocupado com você, precisa se abrir, tirar de dentro toda essa tristeza acumulada.

- Como tirar de dentro, algo que eu nem se quer sei por que está aqui?
Questionou.

- Não sabe mesmo? Faça um resumo de sua vida, e coloque na balança, vai perceber que nada é por acaso.

- Eu já tentei, mas nada parece ser motivo suficiente, só estou vazio, Itachi!

Os olhos não brilhavam, não mais, não como se lembrava do irmão, e parte disso, sabia ser culpa sua.

- Eu sei que você não consegue esquecer, eu também não consigo.

Sasuke fechou os olhos e cerrou os punhos com força.

- Não quero falar sobre isso.

Suspirou e se deu por vencido, se ele não queria conversar sobre aquilo, não seria ele à forçá-lo.

- Certo, vamos para casa.

O seguiu até o carro, em silêncio, um silêncio incômodo demais, até mesmo para eles que tanto apreciam a calmaria.

Entraram e Sasuke se encostou na janela, novamente olhando para fora.

"Qual a real razão de eu estar aqui? Não dá para ter uma existência tão aleatória e sem motivação alguma"

Não conseguia mais ter pensamentos positivos, isso de certa forma piorou quando os pais foram mortos na frente deles.

Pessoas podem ser bem cruéis quando almejam dinheiro, e, quando alguém não pode lhes proporcionar riquezas, mesmo que à força, elas se sentem no direito de roubar-lhe a vida da forma mais desumana possível.

Os olhos sempre marejavam quando se lembrava. Nem parecia que já se fazia 15 anos que tudo aconteceu, esse foi o gatilho inicial para a bolha de solidão precoce em que Sasuke se enfiara.

Chegaram em frente ao seu prédio e assim que o carro parou, saiu rapidamente e freou os passos do irmão, com um gesto, pedindo para que ele parasse.

- Eu vou ficar bem, não preciso que fique aqui hoje, e estou falando sério! Não pode parar sua vida pra ficar cuidando de mim, Itachi.

O mais velho apertou a base do nariz, claramente frustrado e direcionou o olhar para ele.

- Me prometa que não vai tentar aquilo de novo.

Suspirou fundo.

- Eu prometo, agora me deixe ficar sozinho, preciso trabalhar, já que você me tirou um dia da minha rotina.
Disse e sorriu de lado.

- Certo, certo! - Itachi riu. - Vou te deixar em paz, mas continuo de olho em você, por favor, não esqueça que promessa é dívida. - Baixou o olhar para o lado e o ergueu novamente para alcançar os olhos do outro.- Eu só tenho você Sasuke, não me faça perder você também, já basta... - Se interrompeu, antes de continuar, agora sem tocar no assunto que quase tocou. - Só, tenha juízo.

Os olhos do mais novo esboçaram culpa, e um misto de sentimemtos, que Itachi não conseguia decifrar.

- Eu terei, aniki, eu terei.

Continua...

Ainda está sem correção de erros, mas logo, logo, vou corrigir.
Espero que gostem ❤

Edit depois de séculos:

O shipp ItaSaku tá de todo tamanho nas tags, vcs optaram de ler por vontade própria, então não me venham comentar merda agora 🤡🤡

SolitaryWhere stories live. Discover now