Lírio fúnebre

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Os passos apressados até o corredor que dava acesso à sala em que ela estava, o rosto vermelho pelas lágrimas que haviam escorrido, o medo em seu semblante, tudo isso tornava o quadro ainda mais nostálgico, mesmo que não se tratasse de uma peça fúnebre de teatro.
Se pudesse dar um nome a isso, chamaria de "Lírio Fúnebre", pois Hinata parecia uma flor, um frágil lírio que agora se encontrava entre a vida e a morte.

Sasuke agora corria, quanto mais perto chegava, mais parecia estar longe, mais o coração batia frenético e seu sangue subia para a cabeça, lhe causando uma dor aguda.

- Onde ela está? ONDE ESTÁ? - Questionou aos gritos. - Hinata, onde ela está, onde?

A enfermeira apontou para uma porta, e antes que pudesse falar qualquer coisa, Sasuke saiu em disparada, a fazendo seguí-lo.

Abriu a porta desesperado e imediatamente as mãos cobriram a boca, para evitar gritar d pavor ao ver o corpo da moça que tanto amava estirado em uma maca, numa sala fria, sua única amiga...

Lágrimas voltaram aos seus olhos, encostou na parede ao lado da porta e se deixou escorregar até o chão. Um soluço rompeu por sua garganta, acompanhado de mais pranto é um flashback de todos os momentos bons que passou ao lado dela lhe veio á mente.

"- Sabe, Sas... Por hora, deveríamos tentar ficar bem, sei que não é fácil, ah, e como sei, mas não podemos entregar os pontos assim, tão facilmente...

Ele a olhava como se ela tivesse dito algo óbvio, e de fato, havia dito, mas não queria ser rude com ela, a convivência com Hinata o fez ser alguém mais amável, mesmo que jamais admitisse isso em voz alta.

- Eu sei Hina, estou tentando, estou dando o máximo de mim, e estou obtendo melhora.

Ela sorriu, os olhos brilhando e os dentinhos brancos á mostra, encantadora, como uma criança, tão reluzente...

- Eu sei que está. - Olhou para a direção contrária á que ele estava. - Sas...

-Hm?

- Me promete que se um dia eu for fraca demais e não suportar mais toda essa dor, você vai continuar tentando?

Sasuke a olhou com uma sobrancelha erguida, como se questionasse em silêncio, antes de verbalizar o que os olhos já passavam.

- Por que está dizendo isso, Hina?

Os olhos dela marejaram, e Sasuke sentiu seu coração apertar doer, um aperto no peito que só quem amava demais, sentiria por alguém.

- Só me prometa, é meu único pedido.

Imediatamente a abraçou e beijou o topo da cabeça dela.

- Eu prometo!"

Estava em meio á uma crise de pânico, o peito subia e descia com rapidez, uma sensação de sufocamento e angústia tomando conta de si, a visão embaçada só lhe permitiu saber que Naruto estava ali, após sentir a mão dele em seu ombro, nem mesmo a enfermeira que havia entrado para repreender seu comportamento, pode tentar fazer algo, mediante a situação que o rapaz estava.

- Ei teme, se acalme ou vai acabar infartando, vamos, respire fundo comigo.

Mais lágrimas, era difícil saber como os olhos dele conseguiam guardar tanta água, era como se fossem represas, represas que guardavam tristeza.

Sentiu seu corpo cair, mas não chegou ao chão, teve braços em volta de si, antes de fechar os olhos.

Naruto não podia nem imaginar o porquê de Sasuke sair correndo do Ichiraku daquela forma, achou até mesmo que algo havia acontecido com Itachi.

Sasuke recebeu uma ligação pouco antes deles se levantarem para irem embora, seu rosto empalideceu na hora e seus lábios tremeram.

- O que houve Sasuke?

Não obteve resposta, apenas viu o outro correr em direção á porta e antes que pudesse alcançá-lo, o vou pegar um táxi.

Correu, dando sinal para outro que vinha e mandou que este seguisse o carro em que Sasuke entrou.

A preocupação tomou sua face quando viu que ele havia parado em um hospital, sua preocupação só aumentou mediante àquilo.

Entrou correndo, porém foi barrado antes que pudesse entrar na sala atrás de Sasuke.

- Nada disso rapazinho, já me basta o outro rapaz ter entrado aqui em disparada, isto é um hospital, não uma pista de corrida!

Naruto massageou as têmporas, completamente frustrado, pouco se lixando para o que a enfermeira queria, só querendo saber de ir atrás de Sasuke.

- Olha senhora, meu amigo sofre de transtornos e eu não quero que ele esteja sozinho caso vá ver alguma cena forte, então, por favor, saia da frente e me deixe ir até ele!

Deu certo! Imediatamente ela saiu de sua frente e ele pode seguir até o quarto, quando entrou, arregalou os olhos ao ver quem estava deitado na cama. Definitivamente não era Itachi..."

Viu o corpo menor perdendo a consciência, e antes que Sasuke pudesse ir ao chão, o segurou.

- Merda, ele estava melhorando, recebeu alta hoje, não é possível! Merda, merda!

A outra enfermeira que havia lhe barrado na porta adentrou no cômodo e checou o pulso de Sasuke, havia desmaiado. Imediatamente mandou que Naruto o carregasse para for dali e o colocasse em uma maca, ordem essa que ele obedeceu com prontidão.

- O que aconteceu com ela?

Perguntou para uma das moças.

- Tentativa de suicídio.

- Merda!

Levou as mãos aos cabelos, os puxando sem saber o que fazer, quando deu de cara com um rapaz alto, dos olhos iguais aos de Hinata, constatando assim, que era seu primo que ligara para Sasuke.

- Não é a primeira vez que ela faz isso, vai por mim, definitivamente não é a primeira e se ela sobreviver, não será a última.

Naruto se irritou com aquilo, com a frieza que o rapaz falava aquelas coisas, mas pode ver no olhar dele que não era mentira.

- Espero que ela fique bem.

O vou olhar para o chão, os olhos marejando de repente.

- Eu também...

...

Hinata sentia que estava sonhando, ouvia vozes ao fundo, lágrimas e passos eufóricos ao redor, porém, não conseguia abrir os olhos ou nada do tipo.

Sentiu um toque suave no rosto, gotas caindo sobre a pele, sem nem saber do que se tratava, ouviu um choro baixo, contido, sentiu também a maciez de finos cabelos sobre si. Alguém estava debruçado sobre parte do seu corpo.

"Neji?"

Seria o primo? Só ele possuía cabelos tão macios como aqueles que agora roçavam sua pele.

- Hina, não sei se pode me ouvir, mas eu quero que saiba, que tudo que nos quero nesse momento, é que você melhore. Me perdoe, Hina... Me perdoe por ter sido tão egoísta e ter pensado somente em mim, enquanto você sofria também, chorava também, quase ou até mais intensa e constantemente que eu. Eu não odeio você, não dá para odiar você, não você... Eu fui um completo imbecil, só quero que saiba que eu te amo... Sempre amei, Hina...

Lágrimas escorriam por seus olhos, mesmo que ela não conseguisse se mexer, ou até mesmo abrir os olhos, estava em coma...

Continua...

SolitaryWhere stories live. Discover now