Perigoso

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— Acho que você ainda não percebeu que Liam realmente não é como você, Sr. Suller. — Eu disse em claro e bom som.

— Elize? — Disse Sr. Suller. Olhando para mim perto da lareira apagada de seu escritório. Parecendo surpreso de uma forma ruim.
— Liz? O que está fazendo aqui? — Perguntou Liam.

Eu olhei para Liam que parecia confuso e assustado. Eu queria dizer algo para confortá-lo, ele provavelmente temia que eu tivesse escutado tudo e ficasse brava por ele ter mantido um segredo.

Mas eu voltei o olhar ao Sr. Suller, e caminhei de vagar em sua direção. O som do salto fino do meu Jimmy Choo ecoou pela sala silenciosa.
— Pois é, felizmente o Liam não tem a sua capacidade de subornar alguém. Nem o seu coração frio e calculista.
É sério? Querer controlar a vida do próprio filho? — Eu disse.
Ele continuou me olhando e pareceu dar de ombros.
— Elize. Me deixe conversar com vocês, não sei o que ouviu mas você vai entender que isso vai ser benéfico para nós... Para as empresas!  — Ele começou.
Não acredito que ele iria tentar me convencer também.
— E se eu não aceitar? Você vai tentar me subornar também? — Eu disse rindo ironicamente.
Ele me lançou um olhar desafiador. Um olhar que provavelmente intimidava as pessoas ao redor dele, por ele ser um homem poderoso. Mas eu não.
— Eu sempre consigo o que eu quero. Não importam os meios. — Ele disse de forma confiante.
Eu dei mais alguns passos para frente.
— Você vai tirar essa idéia louca da cabeça. O Liam vai continuar na empresa e você nunca mais vai voltar a suborná-lo. — Eu afirmei.
Ele ouviu cada palavra e então riu, como se fosse uma piada. E eu me mantive firme.
— E que poder você acha que tem para isso? Você é praticamente uma criança perto de mim. Não é só por que é filha do meu sócio que tem algum poder sobre mim. Se existe alguém com poder nessa sala, sou eu. Você ainda tem muito a aprender menina. — Ele pareceu começar a se mover para se retirar dali.

— Ah! Mas eu já estou aprendendo! O Liam pode ser bonzinho demais com você mas eu não sou.
Você gosta de suborno não é mesmo?
Então vejamos... Sabe aquela garota ali na sala principal? A loirinha, com os olhos muito parecidos com os seus... Eu fico pensando. Será que você realmente não sabia ou se fez de cego? — Eu disse, com meu melhor tom de sarcasmo.
Automaticamente ele pareceu em choque, engoliu seco e seu sorriso debochado sumiu do rosto maduro.
Ele sabia, claro que sabia.
Essa era a carta na manga que ele nunca esperava.

— Seria um escândalo não é mesmo? E você não gosta muito de escândalos. Pelo menos não aqueles que não te beneficiam... Ah, e além disso, quando trabalhei na Imperius, eu vi em alguns documentos que Cecília, é dona de uma parte da Imperius. Mas ela cedeu o domínio dessa parte para você com o casamento. Mas em caso de separação... volta a ser dela. Isso deve te deixar com um pouco de medo não é mesmo? — prossegui.
Eu vi um pouco de ódio na expressão dele, eu sabia que o que eu estava fazendo era perigoso mas eu também sabia que ele não poderia rebater contra isso.
— Ops! Acho que você não parece mais tão poderoso agora. Então que tal você tratar o seu filho um pouco melhor e parar de agir como se a vida dele fosse uma extensão dos seus negócios e eu mantenho silêncio sobre isso? — Terminei.
Dei o meu melhor sorriso diante do silêncio dele e então me virei para sair dali, vi Liam perplexo parado atrás de mim.
Segurei seu braço e caminhei até a porta, e antes de sair e fechar a porta eu me lembrei de mais um detalhe.
— Ah! Falando nisso. Luiza quer 5 milhões para também se manter quieta sobre isso. E olha... ela tem um teste de DNA! Então acho melhor você providenciar isso logo. — Disse.
E então sai.
Estava pretendendo caminhar de volta para a festa mas Liam me bloqueou com o braço na minha frente, encostando a mão na parede atrás de mim.
Eu olhei para ele que ainda parecia confuso.
— Elize, o que foi isso? — Ele disse pausadamente. Parecia ainda estar sem acreditar no que eu tinha acabado de fazer.
E na verdade, nem eu acreditava.
— Eu acabei ouvindo tudo e tive que ajudar. Não aguentei quando vi o tipo de coisa que seu pai estava fazendo. —
— Você acabou de desafiar, subornar e ameaçar um dos homens mais poderosos da cidade. — Ele disse, rindo no final da frase.
— Não coloque ele tão no topo assim... Ele ainda é só seu pai. Eu sei como é ser filha de um homem poderoso.
E nossos pais já influenciaram demais nas nossas vidas. Isso precisa parar! — Eu disse.
Liam olhou para mim, agora sério.
— Mas pelo menos em uma coisa eles acertaram. — disse ele, se referindo ao casamento. E com um sorriso de lado, ele encaixou seus lábios suavemente nos meus.
— Pronto, resolvemos tudo. Dois coelhos com uma cajadada só. — Eu disse.
Agora Luiza iria embora de novo e Liam nem precisaria se importar mais em conseguir a quantia que ela queria.
E provavelmente teria um pouco de paz com seu pai.
Olhava para ele, ainda me travando contra a parede.
Seu rosto ainda proximo demais.
Eu puxei a gola da sua blusa para voltar a tocar nossos lábios.
Sentia algo a ponto de explodir em meu peito.
Passei a mão pelos músculos delineados do seu braço sob a blusa social branca.
— Vamos sair daqui? — eu sussurrei quebrando o beijo.
Ele apenas me olhou e sorriu, concordando.

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