Nostalgia

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— Você sabe fazer algo além de merda? — Disse meu pai em um tom agressivo entrando na minha sala.
Lancei para ele um olhar questionativo.
— Você conseguiu perder a garota? Porra, bem quando tudo estava dando certo, com os planos de ter um filho. —
— Você quer dizer, os seus planos de eu ter um filho? — Eu disse. Me jogando para trás na cadeira.

Não basta segurar a barra de perder a mulher que amo, e saber que tudo é culpa de um cara que eu costumava confiar e tratar como um irmão. Agora tenho que aguentar também o meu pai e seu hábito de achar que minha vida é uma extenssão de seus negócios.
Vai ver por que sou, afinal, eu só existo por que ele precisava de um herdeiro.

— Foda-se Liam. Eu te disse o que eu queria. E você estragou tudo. —
Ele parecia irritado.
— De que importa para você? De qualquer forma, o casamento não era mais um contrato e somos livres para nos separar. Você não tem nada haver com isso. — Eu disse.
— Enquanto eu estiver vivo você não será livre. Você só existe por que eu quis e só continua sendo herdeiro de uma empresa multimilionária por que eu quero, por que 2 gerações antes de você ergueram esse lugar e lutaram para fazer ele crescer. Você acha mesmo que eu vou deixar a empresa nas suas mãos? você tinha a porra de um único dever a fazer, que era engravidar aquela garota e simplesmente conseguiu jogar a oportunidade fora. — Ele disse.
Apontando o dedo para o meu rosto.
Eu estava queimando de raiva mas eu não tinha nada a dizer.
Engoli seco e desviei o olhar de seu rosto.
Eu estou completamente cansado do meu pai controlando minha vida.
Muitas vezes já pensei em desistir e tentar até abrir minha própria empresa, ou só viver com o lucro das ações que invisto. Mas eu sei que ele daria um jeito de me ferrar, ele é um dos homens mais poderosos da cidade.
E tendo o sobrenome, e os genes dele, eu estou mais na mão dele do que qualquer criminoso que ele suborne para conseguir o que quer.

— Da a merda de um jeito de voltar com essa garota. — Ele disse.
Eu ri com ironia. Se ele soubesse que isso é a única coisa que eu quero, e que o que tem sido mais impossível de se conseguir.
— Isso não depende só de mim. —
— Você precisa aprender que os Sullers sempre conseguem o que querem. —
ele disse, eu bufei.
— Armaram para separar a gente. — Eu disse. Era a verdade e não tinha como esconder .
Ele olhou para mim, e notei em seu rosto que apesar de provavelmente estar imaginando o que e quem teria feito isso, ele não queria saber detalhes.

— Então encontre quem fez isso e faça pior com ele. Eu te ensinei a ser um homem e não um merda. — Ele disse antes de sair da minha sala.

Fazer pior? De que adiantaria. Eu só preciso ter Elize de volta, e não vejo como ferrar o Kevin possa resolver isso.
Eu precisava conseguir uma prova de que ele armou tudo, só precisava disso.

A secretária entrou logo depois de meu pai sair e parece ter notado o clima estranho.
— Reunião em 15 minutos. — ela avisou e então saiu.

Eu tentei me concentrar no que estava fazendo e ao mesmo tempo acalmar minha mente para ir para a reunião em alguns minutos.

Depois da reunião fui direto para o apartamento.
Entrei e fui até o quarto. Olhei para a cama enquanto tirava minha blusa.
Sorri levemente me lembrando de quando Elize estava nela. Das madrugadas acordados. Eu amo ela, ela me ama, e não estamos juntos por um engano... Isso parece tão injusto.

Tomei um banho rápido e então fui para a sala e me sentei no sofá, fiquei pensando no que o meu pai disse.
O que eu poderia fazer para forçar Kevin a dizer a verdade?
Primeiro preciso saber o motivo de todo o ódio dele por mim, e depois descobrir o que mais importa para ele.

O silêncio e o vazio do apartamento estava me incomodando então eu saí de casa.
Desci até o estacionamento e entrei em meu carro. Dirigi até o primeiro lugar que pensei: a casa de meus pais.

Quando cheguei na porta, eu cogitei por um segundo, voltar a morar aqui, pelo menos até conseguir fazer Elize voltar para mim. Mais eu não queria sair do apartamento, mesmo sendo doloroso. É tudo o que restou de nós. É o único lugar que ainda existem lembranças dela.

Entrei e olhei a grande sala de estar, não havia ninguém ali, então eu subi.
Passando pelo corredor, me lembrei da "primeira vez" que vi Elize, e eu a trouxe no banheiro, olhei para o exato local em que ela me deu um tapa.
Fiquei imaginando se ela me odeia tanto quanto antes, e se dessa vez, eu seria capaz de conquistá-la de novo.

— Mãe? — Eu gritei pelos corredores.
Uma funcionário surgiu.
— Sr. Liam? Sua mãe não está aqui. — Ela disse.
— Sabe que horas ela volta? —
Ela negou com a cabeça como resposta e eu respirei fundo.
— Ok, obrigado. — Eu disse, e fui para meu antigo quarto.
Entrei e vi os lençois limpos e a cama arrumada, como se estivesse me esperando voltar.
Estava praticamente vazio agora, exceto por um porta retrato ao lado do abajour perto da minha cama. O peguei e olhei a foto, era uma foto com meus pais, de quando eu tinha 10 anos.
Ao ver a foto eu me lembrei das fotos do casamento e imaginei onde estariam, como eu e Elize nos odiávamos quando nos casamos, nem cogitamos ver essas fotos, então provavelmente elas estariam com minha mãe.
Fui até a biblioteca e procurei a prateleira que minha mãe reservara só para guardar albuns de fotos.
Estava organizado por ordem alfabética.
Procurei pelo "C", esperando que as fotos tivessem ali.
"Casamento"
"Casamento Liam e Elize."
Isso!
Peguei o grande album de capa dourada, com "Liam e Elize" escrito em uma letra cursiva na capa.
Eu nunca tinha visto essas fotos.
Ela estava absolutamente linda naquele dia.
Olhei para mim, esperando por ela no altar, quando ainda nem imaginava que iria me apaixonar pela garota a minha frente.
Vi a minha versão idiota, que tinha diante de si o amor da sua vida e ainda não conseguia perceber.
Decidi me sentar em uma poltrona marrom escuro que havia ali, e continuei passando as fotos, cheguei em uma do momento do brinde.
Era evidente que nenhum de nós dois estavamos felizes, não sei como isso enganou todos. Nada se compara a verdadeira felicidade que encontramos depois.
— Tendo um pouco de nostalgia? — Disse minha mãe, entrando na biblioteca e vindo até mim.
Imaginei que ela havia chegado e a funcionário disse que eu estava aqui procurando por ela.
— Oi mãe. —
Ela parou ao meu lado e olhou para a foto que eu estava olhando.
— Sentindo falta dela? — Ela disse.
Eu ainda não havia falado com a minha mãe desde que terminamos mas assim como meu pai, e todos com acesso a sites de fofocas, ela já sabia.
Respirei fundo.
— Você acha justo perder alguém por que outra pessoa armou contra você? — Eu disse.
Ela sentou na outra poltrona a minha frente.
— O que aconteceu, filho? — Ela perguntou com um olhar curioso.
— Kevin. Ele armou para uma garota me beijar em uma festa e para Elize ver tudo. —
— Kevin? Aquele garoto que não saia daqui? Que estava sempre nas festas e viagens com você? — Ela perguntou, unindo as sobrancelhas.
— Esse mesmo. —
— Mas por que ele faria isso? —
— Bom. A um tempo atrás eu descobri que ele era falso o tempo todo. Só não sei o por que de todo esse ódio. —
Minha mãe olhou para mim e respirou fundo.
— Elize é uma garota incrível e ela te fez tão bem... É tão perceptível... —
— Eu sei. E eu não quero perder ela, mãe. — Eu disse. Eu estava praticamente abrindo meu coração de uma forma que nunca fiz para minha mãe. Eu sempre fui muito reservado com meus sentimentos. Mas a dor tem me bagunçado de uma forma que nem meu orgulho importa mais.
— Acho que eu posso te ajudar. — Ela disse.
Eu olhei para ela, com um pouco de esperança. Qualquer chance de conseguir provar para Elize que eu era inocente nisso tudo, era válida.
— Diga. — eu disse, já me preparando para prestar atenção em cada palavra do que minha mãe dissesse.

As Cinzas do AmorDär berättelser lever. Upptäck nu