Com o carinho e a ajuda deles, eu me levanto devagar.

— Obrigada, vocês são as melhores pessoas. Fico com vergonha de adiarem as últimas fotos do catálogo por minha culpa. Mas realmente eu não estou muito bem.

— Deveria ter nos avisado antes. Eu jamais deixaria que você trabalhasse doente. Não é a sua culpa se sentir indisposta. — Clara me dá um abraço. — Agora se troque e suba para o meu escritório. Gui vai ajudá-la. Aguardo vocês lá em cima.

Eu sorrio, agradecida por ter o apoio e a amizade da Clara na minha trajetória. Serei uma eterna admiradora.

— Tudo bem?

Após me trocar, e assim que eu saio do provador, Gui pega o vestido com cuidado e eu o acompanho.

— Sim, já me sinto muito melhor. Agradeço a ajuda.

Eu também me despeço do Oliver, pedindo mil desculpas. Ele demonstra preocupação e diz ser uma ofensa a ele, eu pedir desculpas por estar indisposta e passando mal. Então antes de ir, eu dou um beijo na bochecha dele como amigos e me afasto ao lado do Guilherme.

— Prometo não fazer comentários sobre aquele beijinho fofo. Só por você não estar bem hoje. Ok?

Gui pisca. Eu pego no seu braço, rindo sem-graça. Na sala da Clara, eu me sento, ainda com certa dor longínqua na cabeça.

— Melhor? — Ela pergunta.

— Sim, obrigada. Acho que só foi uma queda de pressão.

— Tem certeza? Estou te sentindo estranha desde manhãzinha. Com os pensamentos longes, triste.

— Isso é verdade, Elo. Um pé na terra, outro na lua.

— Tem algo que está te afligindo?

— Serei sincera com vocês, tem sim.

— Tem a ver com o Felipe? — Ela se levanta.

Indiferente, eu franzo o cenho para ela. Certamente a Clara deve saber onde o Felipe se meteu. Afinal, seu marido é o Fernando. E ele não deixaria que seu irmão colocasse a própria vida em risco.

— Tem sim, Clara. Eu queria te...

— Elo... você está grávida?

No instante em que eu sou interrompida pelo questionamento, eu arregalo os olhos e caio de encontro ao encosto do assento, em choque. Guilherme pisca sem parar, pasmo.

— O-o que? Como? Não!

— Não? — Desta vez é ela quem fica espantada. — Certeza?

— E-eu, eu não estou! É claro que eu não estou! — Eu paro, fixada na mesa.

Oh, meu Deus, o desmaio.

— Não, não posso estar...

— Elo...

Uma lágrima escorre. A olho amedrontada. 

— Não estou...

— Desculpa... você não tinha parado para desconfiar disso, né? — Eu nego. — Sinto muito por ter te perguntado assim, bruscamente. Só que está estranha, desde a nossa última prova dos vestidos com o Thales e a Maya, todos eles haviam ficado perfeitos no seu corpo. E hoje disse que as peças pareciam te sufocar de tão apertadas. Tivemos que afrouxá-las. E em súbito, desmaia... Serei invasiva. Esse é o primeiro desmaio? Ou notou outros sintomas?

— Não, é o segundo desmaio. E eu já senti muitos enjoos... t-tudo que eu como... — desabo a chorar, colocando a mão no rosto. — Eu não posso estar grávida, clara, eu não posso.

— Ei, Elo, isso não é ruim. — Clara me abraça. Gui beija meus cabelos.

— Fique calma, bonequinha.

— Sua menstruação ela...

— Eu não tive! — Exclamo apavorada. — Eu estou atrasada a três semanas. Só que não apontei como uma possível gravidez. Às vezes atrasamos. Você sabe que é normal, Clara, você sabe.

— Eu sei, respire. Suas mãos estão tremendo. Não fique nervosa.

— Eu não quero estar grávida. Ter um filho... não, não agora. Eu não posso!

— Não é certeza. — Gui sussurra. Já a Collins, fica quieta.

— E os enjoos, as tonturas, os desmaios? A vontade de comer as coisas como uma louca? — choro. — Eu não me lembro de ter ficado nenhum dia sem tomar o anticoncepcional. As marcações na cartela estão certinhas.

— Acredite, essa foi a primeira questão que eu perguntei ao médico, quando fiquei grávida dos gêmeos. E as respostas são diversas. A começar pela troca do método contraceptivo e não usar preservativos nas primeiras semanas, vomitar após tomar a pílula, digerir em horários incorretos etc.

— Eu não sei o que houve, não me lembro do que fiz, se tomei em horários errados. Não sei.

— Se acalme. Se estiver, isso não é ruim, acredite.

— Não é ruim, tendo o Felipe na mesma frase?

— É isso que está te apavorando, então? — Gui pergunta.

— Sim, é a minha carreira, o fim dos meus sonhos, o medo do Felipe e aquele seu jeito de ser, todo imprevisível.

— Meu Deus, relaxe. Você o tornará o homem mais feliz desse mundo. Ele te ama. E não é o fim dos seus sonhos. É o começo de um, com um serzinho pequeno e de possíveis olhinhos azuis ou castanhos. Ah, e a sua carreira apenas estará em pausa. Além de eu ter evidências de que a agência Volumbre vai te roubar de mim para te fotografar de barrigão.

— O que diz até parece um conto de fadas. Eu não acredito. Eu estou com medo. O único filme que se passa na minha cabeça neste instante, é do Felipe não voltando.

— Como assim?

— Por favor, Clara, diga que você sabe o que aquele homem foi fazer? E o que possivelmente colocaria a vida dele em risco? Por favor? Você é esposa do Fernando. Ele deve ter te contado. Diga?

Clara se afasta, assustada, com a mão no peito, como que se pensando em algo aterrorizante. E sua reação só me deixa mais temorosa.

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CONTINUA

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