CAPÍTULO 42

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Capítulo 42

No meu carro, após dar partida e antes de irmos embora, Felipe se lembra de algo, pois bate no volante, vira a cabeça e me observa nervoso.

— O que foi, moreno? — Com o cenho franzido, toco no seu braço.

— Eu não vim aqui só para descobrir o que almejava conversar... Eu até queria esperar para te dizer isso, mas sinto que precisava adiantar o quanto antes. Não vou aguentar.

— Adiantar o quê?

— Como deve saber, eu sou um completo fodido, que está tentando se regenerar pela primeira vez. Só que para eu conseguir, terei que apagar meu passado. Colocar tudo em jogo, inclusive a minha vida.

— Sua vida? — Meu coração acelera.

Felipe percebe e se aproxima do meu rosto assustado, arregalado.

— Eu farei uma missão amanhã. Vou atrás dessas pessoas que me ameaçam. É meu destino, não posso fugir. Tentei adiar, porém, chegou o grande dia do afronte.

— Por que não me deixa te ajudar? Me conta do seu passado, desses seus erros. Dessas pessoas que te...

— Eloíse... — Ele rapidamente segura a minha face com mais possessividade. — Você já está me ajudando. Apenas existindo, respirando, me deixando sentir seus lábios, seu corpo, seu cheiro. Ouvir a sua voz. Eu sou louco por você. Eu quero ficar ao seu lado.

— Então fique! Não precisa pôr a sua vida em risco para isso!

— Eu tenho!

— Não, não tem! Eu não quero que faça missão nenhuma para morrer!

— Porra! — Felipe me solta, furioso. — Está sendo incompreensível!

— Ah, mas eu estou sendo é muito compreensível. E seria mais ainda se você se abrisse! O que esconde? Diga?

— Eu estou fazendo isso por nós dois. Se eu não fizer, eles podem te descobrir. Fernando colocou seguranças na redondeza da pensão. Também terá um motorista treinado para te levar no serviço e onde desejar.

— Eu não quero segurança nenhum! E não mude de assunto! Seja sincero!

Irritado, Felipe fica em silêncio, engata a primeira, tira o pé da embreagem e acelera pelo estacionamento até a saída. Eu me calo, furiosa, tremendo de raiva por ele fugir do assunto, me deixar no vácuo... e por não confiar seu passado a mim. A sua história!

— Eu não quero que fiquei chateada.

— Chateada? Eu estou furiosa!

— Droga, eu não deveria ter ouvido o Fernando. Eu não deveria ter te contado nada sobre amanhã!

— O que não faria muita diferença, afinal, não confia em mim. Se morrer, morreu né?!

Ele bufa, atravessando o sinal vermelho em velocidade.

— E o que pensou? Que eu ficaria feliz em ouvir você dizer que vai arriscar a sua vida por algo que não me revela a verdade? Saiba que eu me importo... que eu não quero ficar sem você...

— Eloíse, já...

— Se for para abrir a boca, que seja para ser sincero!

E ele não abre. Covarde! Ao chegar na calçada da pensão, abraço a minha bolsa e tento abrir a porta para descer. Só que, ele a tranca.

— Abra! E pode ir embora com meu carro!

— Porra, não vou te deixar sair daqui nervosa. Me ouça.

Me Conquiste • COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora