CAPÍTULO 4

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Capítulo 4

Antes de me deitar, eu escovo os cabelos e passo um creme corporal nos braços. Pensativa sobre o meu noivo e a minha mãe. A insegurança é uma merda, né mesmo? O medo de machucar quem amamos é sempre maior do que a dor de machucar a nós próprios. E eu fiz isso por tanto tempo que hoje eu estou como? Infeliz, machucada.

Meu celular vibra sobre a cama, me tirando dos devaneios. Eu deixo a escova na penteadeira e vou pegá-lo. Desbloqueio a tela, notando ser uma mensagem nada normal.

"Boa noite, eu sinto muito por você ter cruzado meu caminho pela terceira vez. A quarta vez eu mesmo farei!"

Eu releio duas, três, cinco vezes a mensagem, franzindo a testa. O que é isto? Pensei ser o Mariano, mas pelo jeito estava longe de ser. Acho que foi engano.

No dia seguinte, obrigada a participar de um coquetel oferecido por uma hóspede da pensão, e oferecido bem em cima da hora, eu me arrumo a caráter (vestido floral, justo e sandálias rasteirinhas), e desço as escadas.

— Que cara de desânimo é esta, querida? — minha avó questiona toda reluzente.

— Hoje é domingo, vó. Dia de dormir até 11 horas, não de trabalhar.

— Ah... para, você nem precisa trabalhar. O coquetel foi um presente. Vem aqui, eu quero te apresentar a nossa anfitriã.

Eu vou, a seguindo logo atrás.

— Eloíse, filha... — ela para — esta é Marta, minha amiga anfitrião.

Eu viro educada e sorrio para a senhora, que deve estar na casa dos sessenta anos. Me enganei em pensar que era uma hóspede, nunca a vi por aqui.

— Olá! — a cumprimento

— Marta, esta é minha neta Eloíse. A mocinha que eu vivo comentando com você no Forró do Papelão.

— Que alegria, até que enfim eu pude conhecer sua joia preciosa, Aurora. E ela é muito linda, tem razão. Parabéns.

— Que isso... — eu agradeço envergonhada. — A senhora que é muito elegante.

Ela sorri fofa.

— Filha, Marta ofereceu este coquetel para as senhoras da fraternidade Crianças Carentes, comemorarmos os quinze mil arrecadados na reforma do orfanato em apenas um mês. É ela quem nos doará os nove mil, restante.

Então eu sinto que acabei de vencer na vida.

— Sério, vó? Meu Deus, que orgulho de vocês. Parabéns. As crianças ficarão tão felizes — e sem evitar, eu me emociono.

— Ah meu bem... — vó Aurora me abraça. — Eu só não te contei antes porque eu gostaria de te fazer uma surpresa. Sabemos que tem um coração de ouro.

— Eu estou muito feliz. Obrigada Sra. Marta. A mamãe, a vovó e as outras senhoras do orfanato fazem um trabalho incrível por aqueles anjinhos.

— Que isso, eu que fico feliz por ajudar. Fazer o bem nos torna bem.

Eu sorrio para a minha vó que se encontra limpando as lágrimas. Ela faz parte da fraternidade a mais de dez anos, minha mãe a seis. E por mais que eu não tenha grandes laços com o orfano, eu tento sempre participar das campanhas de fundos de arrecadações. É meio difícil concluir objetivos tão altos em tão pouco tempo. Marta foi como um anjo que caiu do céu.

— Eu gostaria que você conhecesse o meu filho também, Aurora. Só que ele recebeu uma ligação urgente e precisou sair...

— Com licença, eu vou deixar as duas conversando a sós. E agradeço de novo, Marta. A senhora é um anjo.

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