— Fico feliz em saber – confesso que me senti elogiado.

— Então minha pergunta é: o que vem depois? Após finalmente ter alcançado tanto com a Gordon & Cia, o que vem em seguida?

Olhei para os papéis espalhados na minha mesa. No meio deles havia fotos e documentos envolvendo um novo projeto meu. Qualquer repórter do The New Post cortaria um braço para ter acesso àquilo.

Se aquela moça soubesse que um furo de reportagem estava tão próximo assim dela, aquela conversa não teria tanta graça.

Olhei novamente para o relógio antes dos ponteiros marcarem 15h.

— Seu horário acabou, mas vou responder sua pergunta antes de me despedir. Veja bem, depois que se conquista a vitória seu universo se expande e novas oportunidades surgem. – Peguei o livro das mãos dela e abri no capítulo um – Depois disso, é hora de confiar ainda mais no seu potencial e retornar ao primeiro passo. É isso o que pretendo fazer agora.

Com um sorriso terno devolvi o livro para ela. Peguei o gravador que estava entre nós, desliguei e devolvi à repórter, que se levantou devagar.

— Tenho que dizer, foi um prazer conhecê-lo. Ouvi muito sobre o senhor e preciso dizer que encontrá-lo superou todas as minhas expectativas!

— Espero que seu editor goste do material – ela assentiu, soando esperançosa. – Desculpe, mas... Como disse que se chamava mesmo?

— Elizabeth Sherpard, sou freelancer do jornal.

Aquele nome me soou familiar, provavelmente já tinha lido algum artigo escrito por ela, apenas não me lembrava qual.

A porta se abriu enquanto nos despedíamos e meu pai apareceu. Filipe entrou de uma vez, parecia preocupado, mas quando viu a repórter baixou a cabeça e aguardou, sem falar nada.

— Foi um prazer conhecê-la, Elizabeth. Espero nos vermos em breve.

— É claro, estarei de olho nos seus próximos trabalho.

A ruiva se afastou e acenou a cabeça para o meu pai.

Ela parecia uma mulher peculiar, então fiz uma nota mental para comprar o jornal no dia seguinte e ver se ela me pintaria como um monstro capitalista como a maioria dos jornalistas.

Assim que ela se fou, meu pai fechou a porta.

— A polícia ligou e parece que estão investigando seu contato com uma gangue do Kansas – ele pareceu irritado. – Achei que tivéssemos terminado com esse tipo de negócio, Ben.

Me sentei novamente, cruzei as pernas e abri uma das gavetas para tirar de lá alguns documentos que recolhi nos últimos meses.

— Confesso, entrei em contato com alguns agentes do Kansas e pode ficar tranquilo porque os três são da minha total confiança.

— E por que fez isso?

— Por conta da sua pequena viagem ao Brasil.

Mostrei a foto.

Filipe estava nela, com óculos escuros, boné e uma camiseta regata para enfrentar o clima tropical. Meu pai recuou um passo quando percebeu que estava sendo confrontado.

— Bernardo...

— É engraçado, acreditava que os segredos entre nós tinham terminado. Principalmente depois de tudo o que passamos. Ou se esqueceu da casa em chamas depois do meu irmão ouvir sobre sua relação com a minha mãe?

— Então me culpa por aquilo? – ele perguntou, arisco.

— Não, claro que não. Você me salvou, entrou lá mesmo depois do detalhado desabar e me tirou dos escombros como um verdadeiro herói. Essa cicatriz no seu braço é o suficiente para que eu saiba que posso confiar em você.

Evil Boy (Romance Gay)Where stories live. Discover now