11/01/2019

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Já sabia que dia era, finalmente não estava perdida nos dias.

Olhei para porta onde encontrei Rafa me olhando encostado no batente, dei um sorriso tímido.

-Tudo bem? -Perguntou, acenei e olhei novamente para o caderno. -Em qual parte está?

-Na que estamos no cinema. -Ele se aproximou e se sentou do meu lado. -Preciso te contar uma coisa.

-O que quiser. -Eu o olhei e ele estava me olhando.

-Sonhei com nós dois, quando nos conhecemos. -Ele sorriu. -Acha que minha memória está voltando?

-É possível, Sarah disse que você esqueceu apenas as coisas que não gostaria de lembrar.

-O apocalipse zumbi, a morte de meus pais, tudo que eu passei até agora. Mas eu quero me lembrar de você.

-Por isso que tem sonhos. -Acariciou meu rosto e eu deitei em sua mão. -Meu amor, lembrar do que tínhamos já está de bom tamanho, com o tempo pode se lembrar de outras coisas.

-Vai me ensinar tudo que eu sabia? -Ele sorriu e beijou minha testa.

-Você não precisa aprender, apenas terá que praticar. Foi o que aconteceu com o avião.

-Fiquei com medo quando o vi, mas quando eu entrei eu sabia de tudo. A mesma coisa aconteceu com a escopeta, Rafa quando aquela mulher agarrou minha perna e eu consegui pegar a arma, sem pensar duas vezes eu estourei a cabeça dela. O pior é que não sinto remorso.

-Eu já te vi matando pessoas vivas por tentarem te matar e por ter ameaçado seu grupo, eu vi nos seus olhos a dor e o remorso de ter acabado com uma vida não existia.

-Como me tornei uma assassina? -Ele suspirou.

-Você não se tornou uma assassina, você apenas mostrou que no mundo em que vivemos agora qualquer coisa vale, desde matar um mercenário que tenta acabar com a sua vida, até não ter remorso quando dorme tranquilamente, enquanto pessoas morrem por zumbis.

-Você era um soldado, porque se apaixonou por mim, simples e que tem assassinato no currículo?

-Não tive outra opção. -Piscou se levantando e estendendo a mão. -Hora de ver Gaby e tomar um pouco de sol.

-Está frio, traz ela aqui. -Ele negou ainda com a mão estendida.

Respirei fundo e me levantei com sua ajuda, ele me entregou uma jaqueta que deixei aberta na frente, andamos devagar pelos corredores, nas escadas ele me ajudou a descer, passamos por várias celas onde algumas pessoas dormiam e então saímos para fora, o sol estava quente e agradeço por poder tirar a jaqueta ficando com o cropped que mostra boa parte de minha barriga e o corte enorme.

-A Gaby está lá com as outras crianças enquanto estudam. -Apontou para um pátio, Gaby estava conversando com uma garota loira. Reparei também em Matheus que estava bem machucado e me olhando.

-Quando conseguiu tantas pessoas? -Perguntei olhando em volta, sua mão ficou em minhas costas.

-Rádio, sempre nos mandou fazer transferências via rádio, marcamos um encontro e trazemos as pessoas de confiança para cá.

-E isso não é muito perigoso? -Perguntei e ele me olhou. -Sei lá, talvez podem capturar alguns dos nossos e mandarem dizer onde estamos.

-Eles são leais, não irão dizer onde estamos. -Olhei para a estrada vendo dois caminhões.

-Tem certeza? -Perguntei e ele franziu a testa e me puxou me ajudando a ficar atrás de uma parede.

-Fica aqui até eu voltar, vou buscar a Gaby para ficar com você. -Disse e eu concordei pegando a pistola de sua mão.

Olhei para as pessoas que estavam atirando enquanto os inimigos revidavam, olhei Rafa correndo com Gaby e ela se sentou do meu lado.

-Ei, onde vai? -Ele me olhou quando segurei sua mão.

-Vou entrar e pegar armas, iremos precisar. -Ele se abaixou quando explodiram uma torre. -Vamos ter que sair daqui com o máximo de sobreviventes.

-Não me deixa aqui, eu realmente não sei o que fazer.

-Apenas proteja sua irmã, eu já volto. -Me deu um beijo e entrou dentro da prisão.

-Ok, é fácil. Apenas ficar aqui e atirar.

-Eu não sei atirar. -Ela estava mais calma que eu.

-Nem eu. -Disse e respirei fundo vendo alguns canibais entrarem. -Vai ficar tudo bem, não se desespere.

-Não estou desesperada. -Eu a olhei, ela sorriu e olhou em volta. -Ele está voltando.

-Ótimo. -Disse o vendo correr em minha direção.

-Terei que ajudar as pessoas, Gaby fica com sua bolsa, tem tudo o que você precisa aí dentro, não a tire de suas costas. -Pediu e ela a colocou nas costas. -Linda, na sua tem comida e água, algumas munições também. Coloque nas costas e fica com a pistola no cós da calça, até encontrar um coldre. Tudo bem?

-Boiei um pouco, mas estou ouvindo. -Disse e ele sorriu.

-Destrava e trava, é só mirar e atirar, sempre na cabeça, o barulho chama a atenção então não atire até que tenha silenciador ou esteja em apuros, quero que vá até o seu carro que está nos fundos, entra e me espera lá, se eu não chegar em dez minutos vão embora.

-Não! Não irei te deixar. -Ele tentou, mas eu neguei. -Não adianta, não irei fazer isso. -Ele suspirou e olhou em volta.

-Ok, terei que ver se todos conseguiram fugir para o ponto de encontro e depois volto.

-Promete que vai voltar. -Pedi e ele me olhou.

-Eu prometo, já volto. -Me deixou com minha irmã e saiu correndo, foquei em minha frente.

-Tem um cara vindo. -Disse e eu respirei fundo.

-Shh, não diz nada. -Pedi e apontei para a parede onde o cara se escondeu, estava tremendo igual vara verde, quando ele apontou a cabeça e me viu eu atirei, joguei a arma no chão.

-Tudo bem? Todos saíram. -Ele me olhou e eu estava com a boca tampada com minhas mãos. -Ei, tudo bem?

-Ela atirou nele. -Gaby disse por mim e ele segurou meu rosto.

-Precisamos sair daqui, ei, amor. -Prestei atenção. -Precisamos ir embora, estão invadindo e os zumbis também.

-Tá, vamos. -Disse me levantando e ele segurou em minha cintura me ajudando, Gaby apertou minha mão e Rafa atirava nos que se aproximavam.

Nos aproximamos de um carro que me era familiar, ele abriu a porta de trás e Gaby entrou colocando o cinto, me ajudou com a bolsa colocando no banco e abriu o passageiro me ajudando a entrar, logo deu a volta e saímos dali.

Olhei para trás vendo tudo em chamas e sendo tomado por zumbis, Rafa me olhou e eu suspirei por não estar com meu diário.

-Seu diário está na bolsa, vai dar tudo certo, temos um ponto de encontro, iremos achar um lugar para ficar. -Disse e colocou a mão em minha coxa, a olhei e coloquei a minha por cima, não sabia o que estava acontecendo, mas precisávamos de algum lugar para ficar, o pior era que eu não podia fazer esforço. Bela hora de se ferir Nathalia, como sempre uma azarada.

Nunca conheci alguém tão azarado como Nathy...

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