CAPÍTULO SESSENTA E SEIS

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— Tchau Tay, a gente já vai. — os garotos formaram o que eu podia chamar de fila enquanto saiam do meu apartamento, um empurrando e chutando o outro.

Só vieram saber da pizzaria, juro, ainda estavam completamente inconformados que não foram chamados para o rolê. Além disso, queriam saber do que falamos a noite inteira, um bando de fofoqueiros.

Ainda bem que não foram, só davam prejuízo em qualquer restaurante que nós íamos.

Depois que consegui fugir da maior parte dos assuntos perguntados, e ignorar outra parte eles perceberam que já estava na hora de ir embora. E agora estavam indo rumo a uma partida de altinha na praia com amigos, outros amigos. Gugu não estava afim, mas foi coagido, e ameaçado, então...

Dudu entrou assim que o último saiu. Era por essa visão que eu ansiava todos os dias. Eduardo é lindo com qualquer roupa inclusive sem nenhuma, mas quando vestia seu terno ele ficava indescritível.

— Por que eles já foram? — perguntou me entregando a sacola do mercado depois de dar um beijo leve na minha bochecha.

— Estão indo pra algum canto jogar bola, altinha parece. — ele assentiu. — Dudu? — olhou-me com olhos inocentes. — recebi tanta ligação de Salvador que tô preocupada.

— Salvador...? — colocou a mão no queixo. — quem que você conhece que é de lá?

Praticamente toda minha família mora em Santo Antônio de Jesus, somente algumas tias distantes que estão pra Salvador, mas dessas eu não tenho notícia ha anos.

— Algumas tias, primos, mas não acho que eles tenham meu número. — fez um bico pequeno. — mainha pediu minha autorização pra dar meu número até pra Cecília e Angel.

— Bem... Só vamos descobrir se retornar a ligação, quem sabe é tua mãe ou alguma das meninas... — antes que ele terminasse de falar meu telefone tocou em minhas mãos, e agora não era mais desconhecido.

Dudu me deixou pra guardar algumas coisas que estavam nas sacolas.

Oi mainha, bom dia!

— Oi minha filha, escute rápido. Aniele tá tentando falar com você.

Quê que ela quer comigo? — fiz careta.

Não era como se eu odiasse minha madrasta, eu só não tinha uma lembrança viva de uma conversa com ela. Não tínhamos um pingo de intimidade.

Aconteceu alguma coisa por lá, é melhor que você fale com ela. — ela parecia nervosa e isso fez meu corpo tremer.

O que foi que houve mainha?

— Liga pra lá Tawany. — respirei fundo.

— Tá bom mãe, vou ligar pra ela.

Tá certo, qualquer coisa retorne a ligação. — despeço-me rapidamente antes de pegar o telefone que Eduardo me oferecia.

O celular dele era de linha, e assim podíamos falar com outros estados sem gastar tanto.

— O que ela disse? — perguntou me olhando preocupado.

— Que minha madrasta, tá tentando me ligar desesperada. — deixei escapar um suspiro, chateada.

— Descobrimos o remetente, agora falta o motivo. — assenti me sentindo um pouco nervosa.

Dudu estava tranquilo, em todo esse tempo. Durante todo esse tempo meu pai não havia tentado entrar em contato comigo, e tenho que confessar que foi recíproco. Não o procurei, mas sabia que sempre que ele me procurasse eu estaria pra ouvir. Meu pai já havia me entendido, só não queria aceitar o que eu queria pra mim. Meu pai já sabia perfeitamente que eu não aceitaria ouvir besteiras dele e continuar calada. E algo em mim sabia que ele só não me ligava por esse motivo.

Imprevisível (VERSÃO-CORRIGIDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora