— Tchau Tay, a gente já vai. — os garotos formaram o que eu podia chamar de fila enquanto saiam do meu apartamento, um empurrando e chutando o outro.
Só vieram saber da pizzaria, juro, ainda estavam completamente inconformados que não foram chamados para o rolê. Além disso, queriam saber do que falamos a noite inteira, um bando de fofoqueiros.
Ainda bem que não foram, só davam prejuízo em qualquer restaurante que nós íamos.
Depois que consegui fugir da maior parte dos assuntos perguntados, e ignorar outra parte eles perceberam que já estava na hora de ir embora. E agora estavam indo rumo a uma partida de altinha na praia com amigos, outros amigos. Gugu não estava afim, mas foi coagido, e ameaçado, então...
Dudu entrou assim que o último saiu. Era por essa visão que eu ansiava todos os dias. Eduardo é lindo com qualquer roupa inclusive sem nenhuma, mas quando vestia seu terno ele ficava indescritível.
— Por que eles já foram? — perguntou me entregando a sacola do mercado depois de dar um beijo leve na minha bochecha.
— Estão indo pra algum canto jogar bola, altinha parece. — ele assentiu. — Dudu? — olhou-me com olhos inocentes. — recebi tanta ligação de Salvador que tô preocupada.
— Salvador...? — colocou a mão no queixo. — quem que você conhece que é de lá?
Praticamente toda minha família mora em Santo Antônio de Jesus, somente algumas tias distantes que estão pra Salvador, mas dessas eu não tenho notícia ha anos.
— Algumas tias, primos, mas não acho que eles tenham meu número. — fez um bico pequeno. — mainha pediu minha autorização pra dar meu número até pra Cecília e Angel.
— Bem... Só vamos descobrir se retornar a ligação, quem sabe é tua mãe ou alguma das meninas... — antes que ele terminasse de falar meu telefone tocou em minhas mãos, e agora não era mais desconhecido.
Dudu me deixou pra guardar algumas coisas que estavam nas sacolas.
— Oi mainha, bom dia!
— Oi minha filha, escute rápido. Aniele tá tentando falar com você.
— Quê que ela quer comigo? — fiz careta.
Não era como se eu odiasse minha madrasta, eu só não tinha uma lembrança viva de uma conversa com ela. Não tínhamos um pingo de intimidade.
— Aconteceu alguma coisa por lá, é melhor que você fale com ela. — ela parecia nervosa e isso fez meu corpo tremer.
— O que foi que houve mainha?
— Liga pra lá Tawany. — respirei fundo.
— Tá bom mãe, vou ligar pra ela.
— Tá certo, qualquer coisa retorne a ligação. — despeço-me rapidamente antes de pegar o telefone que Eduardo me oferecia.
O celular dele era de linha, e assim podíamos falar com outros estados sem gastar tanto.
— O que ela disse? — perguntou me olhando preocupado.
— Que minha madrasta, tá tentando me ligar desesperada. — deixei escapar um suspiro, chateada.
— Descobrimos o remetente, agora falta o motivo. — assenti me sentindo um pouco nervosa.
Dudu estava tranquilo, em todo esse tempo. Durante todo esse tempo meu pai não havia tentado entrar em contato comigo, e tenho que confessar que foi recíproco. Não o procurei, mas sabia que sempre que ele me procurasse eu estaria pra ouvir. Meu pai já havia me entendido, só não queria aceitar o que eu queria pra mim. Meu pai já sabia perfeitamente que eu não aceitaria ouvir besteiras dele e continuar calada. E algo em mim sabia que ele só não me ligava por esse motivo.
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Imprevisível (VERSÃO-CORRIGIDA)
RomanceSonhar, era quase que como respirar. Não importava quantas noites de sono ela perdia imaginando a vida no mundão a fora. Ser desacreditada não era suficiente para fazer a menina parar. Ter pouca idade nunca foi um problema, desde que arquitetou seu...