CAPÍTULO SESSENTA

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Meu primeiro dia de aula foi estranho e confuso, demorei certo tempo até encontrar minha sala e turma, mas quando consegui me sentei no meio da sala ao lado das grandes janelas que davam visão ao centro do Rio.

Não tenho muito que dizer sobre meus colegas de turma, na verdade eu nem estava prestando tanta atenção nisso. Decidi ficar na minha, e atenta a tudo que os professores falavam. Teve toda aquela baboseira de apresentações, que pra ser sincera eu preferia que fosse dispensável.

As aulas terminaram no horário do almoço e quando liguei pra Luna descobri que ela já estava a caminho. Tive que esperar ela um tempo, mas não foi problema já que aproveitei o mesmo pra descobrir onde ficava a saída e os banheiros mais próximos.

Ela desceu do ônibus em frente à faculdade e dali fomos direto para o shopping, que ficava uns vinte minutos de ônibus. No caminho mandei mensagens para Dudu, mas sabia que sua audiência estava marcada para meio dia, então deduzi que ainda estivesse ocupado. Sabia que assim que possível ele me ligaria a fim de descobrir tudo sobre meu primeiro dia.

Durante todo o caminho tive que escutar as histórias e teorias de Luna sobre o pai do bebê. Ela mesma criava as paranoias e depois se arrependia dizendo que não era tanto assim.

— Metade de mim acha que ele não vai querer, enquanto a outra metade acha que ele vai ser legal. — disse ela.

— Mas por que acha isso? — estávamos lidando com um bipolar?

— Ele foi muito legal comigo, mesmo sabendo que seríamos caso de uma só noite. Mas ele é novo, não sei a sua cabeça. Pode ser que ele só queira curtir agora e fingir que isso nunca aconteceu.

— Bem, não dá pra fingir que um filho nunca aconteceu, né. Mas só vamos saber quando contar. Tenta ter pensamentos positivos. Seria muito bom que ele participasse da vida do bebê, não só com o nome, mas sendo pai de verdade. — ela assentiu pensativa.

— Ele é novo, mas... Espero que tenha alguma coisa na cabeça. — riu.

— Tenta contar devagar amiga, isso não é uma coisa simples. — aconselhei.

— Acha que eu devo... Preparar ele antes? — me olhou confusa.

Do jeito que Luna era explosiva e rápida com tudo, eu achava que era bem capaz dela acabar assustando o garoto ou o deixando ainda mais confuso do que eu imaginava que ele já estava.

— Sei lá, vai devagar. Conta por partes por que querendo ou não ele é tão novo quanto você. Não queremos matar ninguém de susto.

— Verdade você tem razão. — assentiu. — vou planejar o que eu vou dizer, tomara que eu não tropece nas minhas próprias palavras, eu sou péssima pra explicar coisas.

— Onde mesmo que ele falou que ia encontrar com a gente? — perguntei no banheiro do shopping.

Luna havia corrido desde que saiu do ônibus até chegar dentro do banheiro pra finalmente conseguir vomitar tudo que podia. Os enjoos estavam fortes e agora em uma versão um pouco piorada graças a todo nervoso que estava sentindo com a conversa que estava prestes a acontecer.

— Na praça de alimentação B ao lado do Burger King, nas mesas vermelhas. — olhei pra ela assustada. Ela falou tão rápido que eu mal entendi o que disse, mas assenti decidindo não perguntar, ela sabia onde exatamente ele estava.

Ela estava uma pilha de nervos, e as marcas vermelhas nos braços mostravam isso. Ela se apertava toda quando estava nervosa, era uma tentativa de se agarrar e parar de tremer acredito eu, mas falhava sempre e no fim acabava tremendo e machucada.

Imprevisível (VERSÃO-CORRIGIDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora