CAPÍTULO QUARENTA E UM

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E então enterrada dentro de seu abraço enquanto respirava ofegante entre as lágrimas e sentia sua mão afagar meus cabelos ainda úmidos já sem a toalha, eu sentia cada parte do meu corpo vibrar com seu toque, cada pedacinho ansioso.

Quando disse que o abraço de minha mãe, o abraço de que tanto queria não havia me confortado como eu precisava/esperava, e que eu não me sentia em casa eu estava certa e definitivamente sabia do que estava falando. Porque sem qualquer dúvida esse aqui era o abraço de que eu estava esperando, era dentro dele que agora eu estava me sentindo em casa, era nele que cada parte de mim estava reagindo. Deus sabe o quanto eu esperei por aquele aperto de paz, e sensação de segurança.

Ele apertou mais forte e foi soltando lentamente, mas ainda deixando seus braços ao redor do meu corpo frágil e agora parecendo ainda menor ao seu lado.

— Meu Deus eu tô tão feia... — resmunguei no peito do meu namorado, enquanto passava a mão de baixo dos olhos tentando secar as lágrimas que o molhavam.

Além de me sentir feia eu sabia que estava visivelmente abalada e cansada. Olheiras, olhos inchados e fundos, ossos a mostra, cabelos sem pentear e com a roupa mais casual que poderia escolher na vida.

Eu já não aguento mais chorar, me sentia a pessoa mais frágil do mundo. Eu nunca tinha me sentido assim, tão emotiva, mas acredito que todo esse pânico vivido no assalto tenha me deixado assim.

— Você está linda, como sempre foi. — beijou o topo da minha cabeça, e eu agradeci a mentira.

Estava quebrada, em mil ou talvez milhões de pedaços, sentindo todo meu corpo moído como quem trabalhara toda a semana em turnos intermináveis, por mais que eu tenha passado dias na cama. Meus ombros braços e pernas estavam doloridos, talvez cansados da cama, precisava andar um pouco, quem sabe uma caminhada?

De alguma forma, estar e ter ele ali na minha frente e ao meu alcance me dando o abraço que tanto quis, me fazia melhor, me fazia querer mais do que estava vivendo. Eduardo estava no alto do poço com sua corda prestes a pular no mesmo e me resgatar com sucesso.

Acomodei-me no sofá ao seu lado me sentindo um pouco tonta, meus braços e pernas parecem dormentes, na verdade muito fracos por não comer a alguns dias, e o pouco de comida que tinha no estômago eu já havia colocado pra fora. Ele estava com o braço ao redor de meus ombros e segurava minha mão direita sobre sua perna esquerda.

— Precisa comer... Sua mãe confessou que não come há dias. — ele parecia preocupado, sua voz baixa deixava ela ainda mais grossa.

Eu ainda queria saber o que e como ele fez pra chegar até aqui, queria saber tudo na verdade, mas sabia que não era hora de falar sobre isso agora, é que a gente tinha muito que se por a mesa, afinal eu também tinha que contar muitas coisas.

— Estou sem fome. — resmunguei fazendo careta, e ele me olhou sério.

Havia um nó na minha garganta e algo embrulhado no estômago que me impedia de comer, na verdade era só ver a comida que eu já negava.

— Pois vai comer sim! — mainha surgiu do nada falando com a gente, nos assustando, depois do meu sobressalto, percebi que ela estava era vindo era da rua.

Minha mãe era a pessoa mais estranha que eu conhecia, ela acabou de conhecer Eduardo, pelo que entendi. Ela então saiu e largou ele sozinho em casa, comigo estando doente numa cama. Será que ela não viu maldade no que poderia acontecer, ou no que ele poderia fazer comigo? Ela na verdade dizia que sentia quando a pessoa era de confiança e quando não era. Ela diz que isso só falhou uma vez pra nunca mais.

Imprevisível (VERSÃO-CORRIGIDA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora