Capítulo 11 - A Cidadela

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Até agora, haviam sido muitos dias de cavalgada, todos desejavam poder dormir em uma cama aconchegante, entretanto, Alisha estava sendo a mais prejudicada. Para ela, nascida em Hydarth, um dia em Daechya equivale a dois dias em seu mundo. Ela estava exausta por causa dos treinos de combate e magia; não dormia o suficiente para recuperar as energias; e sua imunidade estava baixa.

Mas Heilos, ignorando o fato da jovem Hyd estar doente, obrigou-a a treinar uma última vez. No entanto, em poucos minutos, Alisha havia caído de joelhos, abraçando o próprio corpo e vomitando almoço e catarro, implorando para que não lutasse mais. Aquilo quase havia sido o estopim de uma guerra interna, onde Heilos e Kauane discutiam e se alfinetavam, um desejando dar continuidade a viagem e a outra querendo cuidar da amiga doente.

Seu corpo estava quente, mas ela sentia frio. Por isso, para aquecer-se, Alisha estava deitada na garupa de Nêmesis, encolhida em sua pelagem, e Kauane continuava a estar preocupada. A nativa havia feito diversos chás com várias ervas diferentes, esperando que algum deles fosse capaz de ajuda a adolescente, entretanto, nenhum deles havia sido totalmente eficaz, aumentando o nervosismo de cada um ali.

O objetivo inicial era apenas parar para descansar na próxima cidade, e isso ainda ocorreria, em contrapartida, teriam de gastar suas moedas de ouro para pedir ajuda a um curandeiro.

Ao chegar a cidade, Alisha abriu os olhos, sentindo seu desconforto e mau estar aumentarem demasiadamente. Uma grande sombra cobriu o grupo, eram muralhas tão grandes quanto as de Ophiocus. O grande portão permanecia aberto, lá dentro, as pessoas caminhavam de um lado para o outro, comprando e vendendo frutas e animais.

As casas eram simples, belas e aconchegantes, como as de Drakkar. Todos se vestindo belamente; os tecidos eram grossos para os manterem aquecidos. Todos estavam preparados para o grande inverno que chegaria em poucos dias, por isso, tudo o que foi cultivado havia sido colhido e, naquele momento, tudo estava sendo vendido, juntamente com carnes de boi, porco, peixe e carneiro.

Heilos pagou uma moeda de ouro por cada cavalo abrigado no estábulo público e passou a caminhar, procurando alguém para quem vender a pele de crocodilo que possuía na bolsa. 

Todos que passavam olhavam para Nêmesis. Alguns aterrorizados e outros, principalmente crianças, olhavam com admiração e faziam um breve carinho em seu focinho e orelhas quando o cão abaixava a cabeça.

Alisha sorriu suavemente, no entanto, esse sorriso desapareceu quando sentiu perder todo o controle do seu corpo. Ela havia amolecido, não conseguiu mais se manter na garupa de Nêmesis e escorregou, caindo no chão. Kauane tentou ajuda-la a se manter de pé, entretanto, Alisha não conseguia sequer movimentar qualquer parte do corpo, não havia mais firmeza em seus músculos.

— HEILOS! ELA ESTA PIORANDO! — Sieron grita, chamando a atenção do guerreiro, que já estava um tanto distante.

— Alisha, o que está acontecendo? O que está sentindo? — a nativa estava desesperada, carregando Alisha nas costas.

— Eu... Vejo gente morta...

Sua visão estava embasada, mas tudo parecia estar claro para ela. Alisha via seus amigos, via as pessoas ao redor preocupadas, e via pessoas desmembradas. Essas Essências eram distintas: alguns eram animais, algumas possuíam realmente a forma de uma pessoa, outras eram meio pessoas meio esqueleto, e poucas eram apenas a estrutura óssea.

Os espíritos dos animais continuavam a agir como se estivessem vivos, enquanto as pessoas caminhavam até ela, tentando tocá-la, implorando por ajuda, drenando sua energia. Haviam vozes, mas também haviam grunhidos. Todos queriam terminar seus assuntos pendentes.
As vozes de seus companheiros estavam misturadas as dos espíritos. Alisha pôde sentir mãos em seu corpo, a carregando no colo. Então, ela viu Sieron, ele a carregava para algum lugar, seguindo as ordens de Heilos. 

Daechya - A Crônica Do Kniga *Revisando*Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang