Daechya - A Crônica Do Kniga *Revisando*

Capítulo 19 - Veneno no Baile

No quarto, Zithar se arrumava. De frente para o espelho, ela penteava o cabelo com paciência, cuidando para que as pontas se enrolassem na escova e se tornassem cacheadas. O vestido escolhido era longo e macio, com as mangas folgadas, permitindo seus movimentos. O bege combinava com a cor de sua pele e com suas jóias, sempre discretas e belas. Ela parou com os movimentos da escova e se olhou no espelho, verificando se seu penteado estava tão perfeito quanto suas vestimentas. Deveria estar deslumbrante.

A vida é curta demais para aceitar o estresse, o espírito de Cristine havia dito. Mas como olhar para tudo o que ocorria e dizer "Não vou me estressar"? Zithar apenas não conseguia. Só de imaginar tudo o que ocorreu, ela queria arrancar as jóias e esfregar o rosto, no entanto, tinha um baile para comparecer e um grupo de nobres para receber. Não podia estragar a maquiagem maravilhosa que Marylin fez em seu rosto.

Pela manhã, ela havia tido outra crise. A rainha havia gritado, puxado o cabelo e quebrado algumas coisas do quarto antes da chegada de Damian. Ela se acalmou, refletiu, limpou tudo e consertou o que podia com a ajuda de sua magia, em contrapartida, o sentimento que a rebaixada tanto não havia a deixado, ela apenas queria jogar tudo para o alto e se deitar.

Enquanto se olhava no espelho, um brilho surgiu. Fechou os olhos para proteger a visão e, quando os abriu, percebeu que Alisha estava ali, usando uma caminha branca com um símbolo, calça jeans e sapatilhas. A Hyd olhou para a rainha e sorriu com o máximo de veracidade que podia.

- Espero que ainda haja tempo para me arrumar para o grande baile.

A rainha sorriu de volta.

- É claro! Acho que tenho algo perfeito para você!

Alisha se sentou na cama quando a rainha foi até o guarda roupa. Com a chegada da garota, Zithar sentiu-se revigorada, era como se todas as mágoas tivessem sido enterradas em seu subconsciente. Nao havia tempo para se lamentar, ela precisava tomar conta daquela garota, cuja qual ela passou a considerar sua filha. Enquanto procurava, ambas conversavam de forma descontraída, isso até a jovem garota revelar que havia recebido a visita de Heiwa, a dragonesa do gelo e da pureza. Não diga isso a ninguém, a rainha ordenou.

Quando Alisha concordou, Zithar suspirou aliviada. Naquela noite, a jovem Hyd iria conhecer os nobres dos outros reinos, que iriam comparecer apenas para ficarem cientes de todo o ocorrido. Era de suma importância que alguns fatos fossem mantidos em segredo, principalmente sobre o contato dos deuses com certa jovem humana.

Tendo chegado a um consenso, ambas retomam a conversa distraída até que Zithar, finalmente, escolheu o vestido que iria dar para Alisha.
Era um longo vestido vintage. Antigo, porém, conservado. Seu tecido macio era bege como o da rainha, no entanto, cuja saia era enfeitada por algumas poucas e pequenas rosas coloridas de vermelho escuro. O vestido era lindo, não haviam dúvidas, entretanto, transmitia uma aura pesada por causa das cores escuras das flores. Era como se elas estivessem mortas. Morta. E ela lembrou-se de Heilos e Mingzhi, mais uma vez.

Alisha se levantou, pegando o vestido e começando a se trocar, obviamente, tendo a ajuda da rainha. Já vestida, Zithar fez com que ela se olhasse no espelho e visse como o vestido havia ficado lindo nela. E realmente, havia ficado. Ela estava linda. Mas não deixou de se preocupar com o grande retângulo de vidro reflexivo, envolvido em uma moldura dourada e belamente enrolada nas pontas, que estava a sua frente. Percebendo que Zithar estava ocupada demais procurando as jóias e a maquiagem adequada, Alisha olha para o espelho e começa a movimentar as mãos rapidamente.

O reflexo imitava todos os seus movimentos em uma sincronia perfeita, assim como deveria ser. Alisha suspirou aliviada e parou. Ela sabia que havia conseguido libertar o espírito da enforcada, entretanto, apenas estava prezando pela própria segurança. Não queria ser abordada por um espírito no espelho ou trancada em um cômodo escuro, de novo.