Jinchuuriki

Capítulo 1

Foi no final do outono que Akemi entrou em trabalho de parto antes da data prevista e Kushina tentava auxiliar da melhor maneira possível, pois sabia que não daria tempo de Minato chegar com a médica.

– Faça um pouco mais de força, Akemi. Já estou vendo a cabeça, só mais um pouco – Meses atrás Kushina já havia entrado em trabalho de parto e por isso a jinchuuriki sabia que algo estava extremamente errado com o nascimento daquela criança, afinal não era normal sair tanto sangue assim.

Era um belo final de tarde quando a criança nasceu, uma brisa tranquila adentrava o cômodo através da janela e trazia o leve cheiro dos lírios plantados no jardim. Kushina empacotava a bebê em uma toalha felpuda enquanto a mesma soltava leves resmungos, a ruiva soltava algumas risadinhas observando a criança e pensando o quanto ela era bonita.

– É uma linda menina, Akemi. – Kushina sentia os olhos lacrimejarem enquanto colocava a criança no colo da mãe e observava a primeira interação entre mãe e filha, logo depois se focou na tarefa de utilizar o seu pouco conhecimento em ninjutsu médico para controlar o sangramento de Akemi o máximo que podia. – Já sabe o nome que vai dar a ela?

– Sayuri, Mochizuki Sayuri. – A criança sorriu ouvindo o nome e Akemi soube que tinha escolhido certo. – Cuide dela, Kushina. Não tem mais ninguém que eu confiaria a vida do meu pequeno lírio. – A ruiva apenas confirmou com a cabeça já que não confiava em sua voz naquele momento, pois sabia que não queria mentir para sua amiga.

Sayuri abriu os olhos e sorriu para sua mãe e Akemi se permitiu sorrir vendo a coloração dourada dos mesmo, era como olhar seus próprios olhos no espelho, ou os olhos de seus pais e os pais deles, afinal aquela era a herança dela, a sua Kekkei Genkai.

Enquanto Akemi observava sua filha e fazia leves carinhos nos cabelos claros dela, Sayuri esboçava mais alguns sorrisos e se remexia nos braços da mãe. Akemi queria chorar enquanto pensava que teria que deixá-la e ela sabia que sua filha sofreria com isso. Não é justo, ela queria mais tempo, e embora Kushina tentasse salva-la, ela sabia que tempo era tudo que ela não tinha.

A vida nunca foi justa com os membros do clã Mochizuki e não era agora que começaria a ser, tendo consciência disso ela olhou nos olhos da sua filha e se pôs a falar suas últimas palavras.

– Sayuri, não seja exigente, coma de tudo e cresça saudável, fique sempre aquecida para não ficar doente. Não fique acordada ate tarde, durma bastante, não confie cegamente nas pessoas, mas faça amizades como a minha e a da Kushina. Não precisam ser vários, um já basta, pois amigos são laços importantes, então escolha bem os seus como eu escolhi os meus, sim? Não fique sozinha e proteja quem é importante para você e eles a protegeram de volta. – Kushina estava com o rosto banhado em lágrimas ouvindo as últimas palavras de sua amiga, e por mais que quisesse não conseguia encarar aquela cena, o sentimento de culpa pesava em seu coração e ela sabia que nunca se perdoaria pelo que ela faria, ela sabia que Akemi nunca a perdoaria.

– Leve seus estudos a serio e pratique suas técnicas. Tenha orgulho do seu clã, mas não deixe isso subir a sua cabeça, não deixe que o orgulho te consuma como aconteceu com muitos dos nossos. Lembre-se que por mais forte que nossa Kekkei Genkai seja é sempre necessário treinamento, pois sempre pode aparecer ninjas mais fortes. Todos têm pontos fortes e fracos, então não fique deprimida se você não conseguir fazer algo na primeira vez e não implique com ninguém.

"Respeite seus professores e os alunos mais velhos da academia. E sempre saiba as três proibições de um ninja: tome cuidado quando for pegar e der dinheiro emprestado, coloque os lucros das missões na poupança, nada de álcool ate você fazer 20, se você beber de mais vai prejudicar sua saúde então vá com calma. Se um dia você quiser se casar escolha alguém bom, mas é só se você quiser, não deixe ninguém decidir o seu futuro, nunca. E tome cuidado com o Mestre Orochimaru, nem sempre ele é confiável.

Sayuri, algo me diz que você ainda vai enfrentar e sentir muita dor, o mundo não é bom, mas é escolha sua tentar fazê-lo melhor ou não. As escolhas são sempre suas, então faça o que você acha que é certo, e nem sempre o que é certo é bom. Nosso clã nunca acreditou em heróis e sim em pessoas realmente espetaculares, então seja uma, para o bem ou para o mal. Seja fiel a si mesma e não importa o que você faça, você é o meu maior orgulho. Ainda tem tanta coisa que eu quero te passar, eu queria poder ficar com você por mais tempo, eu te amo!"

Kushina sabia que o momento havia chegado e retirou Sayuri que chorava dos braços da mãe e logo depois fechou os olhos de Akemi. Ela havia partido.