Wolf Thing | yoonseok |

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Acordo com toda preguiça que cabe em mim, os treinos matinais estão acabando comigo e eu devo ser rápido se quisesse ir com Seokjin para o de hoje. Ele sempre tem pressa e é um chato quando se trata de pontualidade, resmunga o dia inteiro e joga o atraso em minha cara sempre que tem oportunidade. Bom, isso quando ficamos juntos o resto do dia, grudados para semear nossas confusões particulares, assim como as sementes e as chuvas semeiam as árvores. Pelo menos era isso que os nossos pais diziam desde que éramos filhotes, já que esses são os nossos aromas lupinos.

Só que agora estamos do jeito contrário, tentando a sorte para conseguir um tempo um com o outro. Já faz um pouco mais de mês que ele me contou sobre o relacionamento secreto com Kim Namjoon, depois que se viu apaixonado, meu amigo não tinha mais tempo para mim.

Mas, também, como podia? O nosso futuro Líder o ocupava com passeios misteriosos, planos que Seokjin se recusava a me contar sobre, pois dizia ser segredos de lobo e que seu alfa somente o contava por tê-lo escolhido como ômega.

Francamente. Que palhaçada!

Agilizo minha preguiça e tomo um banho gelado para despertar, um bem rápido para que eu tivesse tempo de comer os ovos que a minha mãe fazia no andar de baixo. Visto roupas folgadas, calço meu tênis de corrida e pego minha mochila em que há apenas uma muda de roupas, toalha e um mp3 antigo.

Meu kit de treino.

Assim que desço as escadas, sento o cheiro de café, meu olfato lupino percebeu que não era a bebida maravilhosa que minha fazia, mas sim o aroma do meu pai. Esse era o seu cheiro, pois meu bisavô era um cafeicultor, era a sua herança de lobo.

— Bom dia, Hoba. — Ele apareceu em minha frente, era bonito mesmo com algumas rugas e os cabelos grisalhos. — Você tem apenas cinco minutos.

Papai beija minha testa com carinho e coloca um saco de papel em minhas mãos, meu café da manhã, e logo vai em direção a cozinha. Eu tenho vinte anos e eles ainda acham que eu sou um filhotinho, o que não estou reclamando que forma alguma, eu gosto. Meus pais são incríveis, eu os amo demais, só de pensar que um dia terei que deixá-los meu coração dói.

É uma tradição de alcateias pequenas, quando o Lúpus mais velho passa sua liderança, ou falece, toda sua geração deve partir para o Norte, para as colinas onde há uma pequena cidade pacífica em que membros mais velhos de outras alcateias pequenas vivem como se fosse uma associação em nome da paz. É lá que estão os meus avós e todos os outros anciãos, mas nós só podemos visitá-los em datas festivas, por causa dos sentimentos lupinos, pois os lobos são muito apegados e isso pode nos causar problemas, assim como não suportariam muito tempo longe.

Isso acontece para dar autonomia ao novo Lúpus e a população jovem da aldeia, também para que não haja perdas em caso de ataques de outras aldeias maiores. É um acordo global, nenhum acampamento ancião pode ser atacado por nenhuma alcateia inimiga e isso nos tranquiliza por agora, pois sabemos que nossos progenitores estão seguros.

No fim, mesmo que doloroso, é uma boa lei.

Pego minha velha jaqueta jeans no cabide, visto depressa e passo na cozinha antes de sair. No meio do cheiro de tantas comidas, outro se destaca, o cheiro de maresia, o cheiro da minha mãe. Sem que ela perceba, abraço seu corpo por trás, deixando um beijo em seu cabelo castanho, o que a fez gritar, mesmo eu sabendo que ela já tinha sentido o meu cheiro há tempos.