Capítulo 34

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-Tira os dedos daí!

-Por que?

-Porque eu não gosto.

-Vai Emmy, só mais um pouquinho...

-Hum, tá bom.

Observei Jesse erguer os dedos lambuzados com fome nos olhos, para em seguida leva-los até a boca. Gemendo, ele limpou cada um dos dedos enquanto eu rolava os olhos e continuava batendo a massa.

-Você é pior que uma criança. -Pirracei.

Tiramos um sábado de folga. Como Hall era mais exigente com os acabamentos, ele dispensou os voluntários sem experiência e manteve apenas alguns poucos. Sua equipe havia ficado também, juntamente com minha mãe, que se mantinha sua fiel escudeira.

Jesse e eu não tínhamos planos para aquele sábado então eu resolvi convida-lo até a minha casa para que pudesse fazer um bolo para ele. Era a única coisa que eu sabia fazer que saía comestível, e eu realmente esperava que ele gostasse. Mas bom, quem é que não gosta de bolo de chocolate com cobertura de chocolate e recheio de chocolate? Só um ser de outro mundo mesmo.

O que eu não sabia era a traça que eu estava trazendo para dentro de casa. Jesse era pior que uma criança e futicava tudo enquanto eu tentava não deixar a massa encaroçar. Tinha que prestar atenção nele, senão o bonito comia tudo e não sobraria nada para o bolo.

Percebi que ele estava em silêncio há um bom tempo e ergui o olhar para pega-lo me encarando de forma pensativa com um sorrisinho nos lábios.

-No que tá pensando? -Perguntei sem deixar de me concentrar na mistura.

-Que eu poderia me acostumar a ter você cozinhando pra mim.

Eu não queria, mas imaginei nós dois em uma casa só nossa. Eu cozinhando para ele enquanto ele me olhava daquela mesma maneira. Sacudi a cabeça para me livrar dos pensamentos insanos.

-É só um bolo Jesse.

Como ele não disse mais nada eu voltei a prestar atenção no que estava fazendo. Quando a massa ficou pronta eu a despejei em uma forma de pudim e a coloquei no forno já pré-aquecido.

-Pronto. -Falei limpando as mãos sujas na camiseta velha que eu usava. -Agora é só esperar.

Jesse ficou de pé e apoiou as mãos na mesa me lançando um olhar provocador.

-E o que a gente faz enquanto isso?

Deslizei o dedo indicador pelo mármore enquanto contornava a mesa lentamente para me aproximar dele. Quando parei na sua frente meu dedo deslizou pelo seu braço.

-Que tal se a gente... -Meu dedo passou pela sua bochecha e eu dei um pequeno peteleco na ponta do seu nariz. -Limpasse essa bagunça?

Se afastando, ele esfregou a palma da mão no próprio nariz com a testa franzida.

-Você é uma estraga prazeres. -Resmungou.

Coloquei minha melhor expressão de ultraje no rosto e levei a mão ao peito.

-Eu fiz um bolo pra você seu mal-agradecido!

Jesse riu e me empurrou de leve ao passar por mim e começar a recolher as coisas de cima da mesa. Enquanto fazia o mesmo eu ia dizendo a ele onde guardar cada coisa. Jesse estava erguendo o saco de farinha para coloca-lo em cima da geladeira quando eu arregalei os olhos.

-Cuidado que o saco tá... -Mas a tragédia já tinha acontecido. Metade do conteúdo do saco caiu sobre ele como uma cascata branca, deixando-o parecendo um fantasma. -Meio aberto.

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