Jeon estava vivo.

— Onde ele está?

(...)

Fazia sentido, é claro.

O "assassino dos deuses" foi criado naquela mesma sala, 18 anos antes. Jungkook estava lá, dormindo pacificamente no mesmo lugar, parecendo flutuar, mas era apenas um truque legal da Casa. Ela adorava parecer mais mística do que já era. Não havia mais nenhuma energia divina dentro dele, então logicamente isso foi a parte "assassinada". Jungkook era só um humano normal.

Um humano normal que tinha um universo em expansão dentro da mente.

Ele estava vivo, mas não duraria muito tempo de qualquer forma. Ele já não era mais uma criança, não podíamos lhe ceder poder como fizemos antes. Então, no fim, eu só iria perdê-lo duas vezes. Eu nunca odiei o universo antes, mas o odiava um pouco agora.

— Podemos achar um jeito, travas mais resistentes. Talvez... um trauma mais forte?

— Para segurar o quanto de energia ele tem agora? Eu não consigo pensar em nada tão terrível. O trauma com o mar se manteve muito pelo nosso poder, K. Como um humano, comum, não vai durar. Talvez um ano enquanto a energia o mata aos poucos. Eu não estou realmente pronto para ver isso — eu odiava soar raivoso, mas parecia haver mais raiva em mim do que qualquer outro sentimento. Os dias se passavam, nenhum dos outros deuses sabiam sobre Jungkook, não tivemos coragem de falar a verdade para os pais dele, então Kairós travou suas memórias e os mandou para casa, viver suas vidas como se Jungkook ainda estivesse bem e em Seul. Em algum momento perceberiam a verdade, especialmente se fossem procurar por ele, mas por enquanto estavam a salvo do próprio luto.

— Se fosse possível... talvez os nórdicos possam transformá-lo num deus? — segui em direção ao meu escritório, vendo todos os destinos inacabados que deixei ali, sentando-me na cadeira e quase ri quando a casa fez uma xícara de chá surgir na mesa. Eu precisava mesmo me acalmar. Tomei um longo gole, sentindo-me um pouco melhor. Mas não o bastante — Eles têm muito poder e-

— Eles não têm para algo desse nível — rebati quase de imediato — O universo retirou a possibilidade para quase todos os deuses, nós sempre fomos mais poderosos que os outros, então... Perdemos tudo quando Zeus foi morto. Não se pode criar mais nenhum novo deus — bastou concluir o pensamento, para algo surgir em minha mente. Eu sentia que ele... Moros, pensava o mesmo.

Era estranho agora, sentir que não éramos mais uma unidade, eu sempre estive no comando, o poder fluía dele através de mim, era perfeito, como deveria ser com qualquer deus. Agora ele era uma voz na minha cabeça, não me enlouquecendo, mas incapaz de se fundir novamente. Sem os espíritos não havia mais o fator da falsa loucura, mas meu corpo estava morrendo. Moros entretanto ainda tinha salvação, se encontrássemos um novo portador.

Fazia sentido agora, como uma herança paterna. Não haveria ligação nenhuma entre o que Moros é o que eu era agora. Seria um recomeço para o deus que vivia em mim, e um recomeço menos doloroso para minha própria alma. Kairós ainda parecia concentrada em pensar alternativas, sentia seu incômodo em estar "no escuro", porque não havia como ver nada sobre Jeon enquanto ele permanecesse naquele estado de torpor.

— Promete cuidar dele? — falei, ela ergueu o olhar para mim — Ele vai ficar confuso no começo, e vai precisar de você.

— O... que? — Eu não respondi a sua questão, deixei que ela percebesse por si mesma, mas ver as lágrimas acumulando em seus olhos não me fez sentir bem, era terrível ter de quebrar seu coração — N-Não pode estar... Hansol, não.

— Não é possível dividir o veneno, K. Ou destruí-lo. Eu vou morrer, mas Moros ainda tem uma chance. Jungkook pode ser o Destino, e um muito melhor.

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOحيث تعيش القصص. اكتشف الآن