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(...)
Camila

─ Eu não sabia se você sabia nadar

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─ Eu não sabia se você sabia nadar. Você nunca me disse. ─ Peter passa a mão em seus cabelos molhados, faço uma careta quando algumas gotas pingaram em meus braços.

─ Eu sei nadar. Não tão bem como você, mas sei... Estou bem. Suba para o quarto, ficará doente se não se secar.

Tínhamos examinado a casa, ela estava em ótimo estado, apesar de ter sido abandonada, sabe se lá Deus o motivo. Era um lugar aconchegante, encantador.

─ Você também ─ Peter murmurou, dando espaço para que eu fosse na frente.

Meu coração ainda disparava em saber que estava do lado de Peter, eu ainda o amava, mesmo depois de tudo. Sempre amei, mas ainda guardo mágoas, não me dei o trabalho de ouvir a sua versão da história, e não estamos em ótimas condições para falar sobre agora. Espero que ele não toque no assunto.

A casa era de um casal de jovens, pelo o que percebemos nas fotos espalhadas pelos cômodos. O quarto do casal era grande, achamos algumas roupas secas no guarda roupa.

─ Vá se trocar ─ ordenei.

Peter pegou as roupas confortáveis que eu tinha separado e saiu. Me sinto mal por estar aproveitando algo que não é meu, mas bem, é por necessidade.

Achei um vestido rosa bebê, longo e com alças finas, ele marcava a cintura. Me olhei no espelho, santo Deus. Meu cabelo estava duro e meu vestido cheio de sal. Fiz um coque, certamente ele não ficou do jeito que eu queria, algumas mechas ficaram soltas. Me sentei na beira da cama e fiquei esperando Peter voltar.

─ Camila, eu... ─ Peter para de falar quando me vê sentada, eu o observo.

─ Posso ir me trocar agora? ─ pergunto e ele concorda com a cabeça.

Antes de sair do quarto, me virei e disse:

─ Você deveria usar cores claras mais vezes ─ dou um sorriso fraco e Peter ri.

***

Olhei para o chão do banheiro pela décima vez, não acredito que cortei mesmo o cabelo. Não conseguia pentear de jeito nenhum, tirei um pouco do sal. De certa forma, me sinto mais leve. Meu cabelo estava na cintura e sem nenhuma noção, cortei na altura do peito.

Quando voltei pro quarto, observei Peter mexendo em algumas gavetas.

─ Você ainda está com frio? ─ perguntei enquanto tentava acender as velas.

─ Infelizmente, sim. Ei, ─ Peter tocou em meu ombro e me observou ─ você está bonita.

Meu coração esquentou ao ver suas bochechas ficarem rosadas, ele ainda estava gelado, estávamos gelados.

─ Achou cobertores? ─ ignorei o elogio por fora, mas quase explodi por dentro. Peter ficou confuso mas não falou nada.

Era apenas o começo da noite, mas a tempestade levou metade das minhas energias. Peter pegou alguns cobertores em cima do guarda roupa, eu jamais conseguiria alcançar.

─ Por favor, se deite e se cubra, vou preparar algo quente ─ estava saindo quando escuto Peter me chamar.

─ Você sabe cozinhar? Precisa de ajuda?

─ Eu me viro ─ dei um sorriso e desci.

***

Peter

─ Você ainda está sob as cobertas? ─ escutei Camila gritar da cozinha. ─ Se sair da cama, eu...

─ Não me mexi!

Sorri sozinho. Gostava de ver Camila tão independente, ela sempre foi. Admiro muito isso nela. Camila realmente é uma mulher incrível.

Puxei os cobertores para mais perto, mal podia sentir as minhas mãos. Por um instante, ouvi passos no corredor.

─ O que está fazendo aí embaixo? ─ Camila pergunta confusa.

─ Está mais quente aqui embaixo.

Camila me entrega uma caneca.

─ O que é isso? ─ analisei.

─ Água quente ─ dei um sorriso de lado com a resposta de Camila.

─ Não havia mantimentos, não é?

─ Nem um biscoito.

Tomei um gole da água, estremecendo de prazer quando o calor percorreu em meu corpo.

─ Se sente mais aquecido agora? ─ Camila se senta no outro lado da cama. Eu assenti.

─ E você? Ainda está com frio? Não quero que fique resfriada.

Camila riu em tom de deboche.

─ Desde quando você se preocupa comigo? ─ ela murmurou.

Essas palavras foram o suficiente para o frio voltar. Deixei a caneca de lado e me deitei novamente.

─ Desculpe, foi da boca pra fora.

Escutei Camila saindo e olhei para a janela, a chuva ainda castigava a casa. Camila reapareceu alguns minutos depois.

─ Peter, eu não sei o que aconteceu naquela noite e gostaria de escutar a sua versão da história, mesmo que não acredite. Eu quero saber o que fiz de errado para você agir de tal modo.

Eu me sentei na cama e a encarei.

─ Camila, você está me perguntando o que fez de errado? ─ ela encolheu os ombros e virou o rosto, eu peguei em seu queixo delicadamente e o virei novamente. ─ Se tem alguém errado nessa história, sou eu. Você me avisou o tempo inteiro sobre Victoria e eu, ingênuo, não tentei te entender. Naquela noite, quando subi para ir atrás de você, Victoria me seguiu e começou a enrolar. Me levou até um quarto qualquer e tentou me beijar, coincidentemente, você apareceu bem na hora. Eu não deixei nada acontecer e quando soube que você sumiu, fiquei desesperado. Camila, eu quase não me alimentei. Eu amo você, sempre amei e amarei, jamais faria algo para de machucar, você, melhor do que ninguém, deveria saber disso. Eu morreria por você, Mila.

Quando terminei de falar, notei lágrimas nos olhos de Camila. Puxei-a para perto.

─ Você ainda está gelada. Se juntarmos o calor de nossos corpos, ficaremos mais aquecidos. Não precisa acreditar em mim agora, teremos tempo para conversar sobre isso, eu não volto para o castelo sem você.

Camila entrou insegura para debaixo dos cobertores. Passei o braço em volta dela e a puxei para mais perto. Ela não falou nada, ficamos em silêncio durante todo o tempo, escutando a chuva caindo e o vai e vem de nossos corações, ainda conturbados depois de tudo. Ainda cheios de medos, inseguranças, mágoas, raiva e amor.

Long LiveWhere stories live. Discover now