Capítulo 45

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Pov Daniel

— Quanto tempo ela vai ficar em cirurgia? - Perguntou Diego. Olhei para cima esperando papa responder, mas o olhar no rosto dele me disse o suficiente.

— Nós não sabemos.

— Ela vai ficar bem. - Mama afirmou, soltando um suspiro trêmulo enquanto permanecia sentada, segurando a mão do marido com força.

— Nós quebramos suas costas! - Juan murmurou, parecendo tão perto de chorar como eu jamais tinha visto nenhum dos meus irmãos, e o fato de que a expressão de Renan combinava com a do seu gêmeo, me aterrorizava.

Nenhum dos homens da nossa família chorou quando Mila foi enviada de volta para nós, enfaixada e em coma com um prognóstico desesperador.

Nós não choramos quando esperávamos cirurgia após cirurgia para descobrir se nossa irmã sobreviveria.

Não choramos quando ela foi ao inferno e voltou para aprender a andar de novo, mas hoje, todos estávamos lutando para não sucumbir.

Pelos últimos dois anos, nós tratamos Camila com luvas de pelica. Tomando cuidado para não abraçá-la muito apertado, colocar muita força nas bricadeiras físicas, sempre nos refreando, muito apavorados com o que poderia acontecer se não nos contivéssemos e hoje...

Hoje quando vimos ela finalmente reagir ao nosso pai e lhe dar a surra que ele merecia, nós apenas reagimos. Todos nós a agarraramos sem pensar. 

Seguramos seus braços, pernas e eu agarrei Mila ao redor da cintura e a puxei para trás, tropeçando e a trazendo para o chão em uma pilha estranha.

Eu ouviu o estalo e juro até meu último dia de vida, que serei capaz de senti-lo quando aconteceu.

— Alguém já recebeu notícias de Liam? - Diego perguntou apertando o abraço em Sofia, que estava chorando em silêncio desde que o médico saiu e confirmou que Camila havia "quebrado" as costas.

— Não, ele...

— Ponha-me no chão, seu filho da puta!

Em sincronia, todos olharam para as portas duplas da ala de cirurgia a tempo de ver Liam transportando Lauren.

A princípio, eu pensei que ela estava chateada por ter sido trazida aqui contra a sua vontade.

Mas em seguida, notei dois enfermeiros empurrando uma maca atrás dela e um médico, que parecia resignado enquanto seguia Liam e a mulher que não parava de se contorcer descontroladamente em seus braços.

— Ponha-me no chão! - Gritou.

— O que está acontecendo, meu filho? - Papa perguntou levantando-se devagar, então notei o grande bloco de gelo que Lauren tinha pressionado contra sua mão.

— Eu quebrei a mão dela. - Liam admitiu, deslocando-se nervosamente.

— O quê? - Soltei surpreso lançando um olhar ao papa, ambos corremos para seu lado.

— Ponha-me no chão! - Lauren exigiu, lutando para sair dos braços de Liam. Assim que chegamos ao seu lado, papa a examinou. Em segundos, ele a segurou e levou até a maca.

— Por que ela não está com a mão engessada? - Perguntou olhando para o médico que se deslocava nervosamente, lançando à maca um olhar antes de voltar sua atenção para a mão machucada de Lauren.

— Ela não nos deixou. Só deu tempo de injetar o anestésico. - O médico retrucou na defensiva, dando um passo para trás.

— Ela vai precisar de cirurgia. - Murmurei distraído enquanto pegava delicadamente a mão dela e examinava.

— Eu não tive a intenção de fazê-lo. - Liam parecia miserável.

— Como você quebrou a mão dela, porra? - Me exaltei lhe dando um olhar assassino.

— Assim. - Ela retrucou, puxando a mão ferida para trás e me mostrou exatamente como tinha conseguido quebrá-la.

Pov Camila

— Bruxinha. - Consegui dizer antes que minha garganta ardesse em protesto.

— Não tente falar. - Daniel pressionou algo contra meus lábios. — Tome um pequeno gole.

Abrindo os olhos e tentando forçá-los a ficarem abertos, tomei um pouco esperando minha visão limpar e quando aconteceu, não pude deixar de perguntar:

— Que merda aconteceu com seu rosto?

— Hummm. - Lambeu os lábios nervosamente enquanto lançava um rápido olhar por cima do ombro. — Nada de mais. - Murmurou e ganhou um bufo de risadas de algum lugar à sua direita.

Sonolenta, olhei para nessa direção e encontrei todos os meus irmãos em pé ao lado da cama, parecendo exaustos, aliviados e um pouco divertidos.

Franzindo o cenho, observei o olho roxo de Dani. Vi Liam em pé na frente da minha cama, parecendo exausto e sem conseguir me encarar, atrás de outro olho roxo muito pior. Decidindo que não me importava com isto, voltei minha atenção para Daniel.

— Onde está a Bruxinha? - Ele se mexeu nervosamente enquanto compartilhava um olhar com Liam, um que eu não gostei.

— Ela está... hum... - Começou mas parou franzindo os lábios pensativo. — Ela está... humm... - Limpou a garganta. — Tirando um cochilo.

— Tirando um cochilo? - Encarei todos os meus irmãos e os encontrei olhando para qualquer lugar, menos para mim. — Onde ela está tirando esse cochilo exatamente? - O encarei e ele não conseguia esconder seu estremecimento.

— Ela está bem aqui. - Meu pai chamou minha atenção para uma cortina fechada.

— Abra, por favor. - Pedi tentando me sentar, mas eu estava muito cansada e fraca para fazer isso. Olhei para Dani, quando registrei a sensação de metal e fitas coladas em meu torso.

— Antes de fazer isso, por favor, deixe-me explicar que não é tão ruim quanto parece e que ela vai ficar bem. - Deixei as palavras do meu irmão se registrarem, antes de abrir a boca e gritar:

— Mova a porra da cortina! - Soltei um gemido patético e estendi a mão para ele, pronta para tentar jogá-lo através da cortina.

Daniel inteligentemente percebeu isso e saiu do meu caminho, agarrou a cortina e a abriu...

Quem eram todas essas pessoas, porra? Eu não conseguia entender, mas me perguntava como cabia tanta gente no outro lado da sala.

As únicas que reconheci eram meus pais e Greg. Franzindo o cenho, desviei os olhos dos homens que me encaravam acusadoramente e...

— Que merda aconteceu? - Lauren dormia com um braço engessado e o outro ligado à cama com um apoio suave.

Um rápido olhar para o pé de sua cama me mostrou que suas pernas também estavam contidas. O homem de meia idade com o cabelo escuro e um cavanhaque me respondeu:

— Parece que minha filha não reagiu muito bem ao que aconteceu com você.

— Ela espancou seus irmãos. - Greg esclareceu com um enorme sorriso zombeteiro.

— Por que ela está contida? - Eu desejava poder lhe tocar, mas já mal conseguia manter meus olhos abertos, muito menos me movimentar.

— Medicamentos. - Todos na sala responderam ao mesmo tempo, me fazendo sorrir debilmente.  Eu já imaginava o inferno que minha Bruxinha tinha aprontado com eles.

— Será que ela vai ficar bem? - Murmurei, meus olhos se fechavam lentamente.

— Ela vai ficar bem. - Ouvi alguém dizer e me perguntar: — Você pode mover as pernas?

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Chega essa semana

A VizinhaWhere stories live. Discover now