f o r t y n i n e

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- Vou tentar me manter calma. - Falei, eu sabia que era melhor para o meu estado.

- Você precisa de repouso. - Disse se apoiando na cama e se envergou, colando sua testa na minha, fechei meus olhos e suspirei, achei que nós iriamos morrer, mas eu estava aqui, ele estava. Parecia até mentira.

O senti beijar a ponta do meu nariz.

- Amor, pega água pra mim? - Pedi.

- Eu não sei se você pode ingerir alguma coisa agora... - Disse, e eu soltei um moxoxo, por isso e pela sonda, que eu, infelizmente, sentia introduzida em mim.

- Então... O seu braço? Quebrou? - Perguntei mudando de assunto, em um sussurro, ainda com nossos rostos pertos um do outro. Esse que eu sequer mexia, por conta do cordão.

- Trincou o osso perto do pulso. Nada demais. - Disse displicente.

- Nada demais. - Repeti, tentando o imitar.

- Você está melhor do que pensei, já está até implicando comigo. - Brincou.

- Se fosse assim, eu estaria falando do seu belo suéter amarelo.

- Eu acho que você já está ótima Anabel. - Declarou rindo, e de surpresa, selou nossos lábios, sôfrego, com todo sentimento possível. Fechei meus olhos sentindo sua boca contra a minha, se tocando devagar e timidamente. Não havia pressa, era só uma demonstração de carinho.

- Eu te amo tanto. - Murmurei, esses momentos, mesmo em meio a turbulência, faziam eu me sentir inteira, um pouco de afeto tinha o poder de unir todos os meus caquinhos. É como a música do Ed Sheeran que diz que um dia alguém vai te abraçar tão forte, que todos os seus pedaços vão se juntar. Fazia todo sentido pra mim.

- Eu também te amo... - Sussurrou separando levemente nossos lábios, para em seguida beijar o canto da minha boca.

- Uhum...- Ouvimos um pigarreio. Era tia Alice, o médico e uma enfermeira. Minha tia estava olhando diretamente pro Jonathan quase em cima de mim, com uma cara nada boa.

- Me desculpe a demora, estava atendendo outra paciente, caso difícil... - O médico disse bem humorado.

- Tudo bem. - Desconciderei.

- Você me vigiou sair do quarto, para entrar sem ser visto? - Tia Alice inqueriu a Jonathan, desgostosa.

- Sim, e para ser sincero, com todo respeito, a senhora demorou bastante a sair. - Respondeu sem nem um pingo de vergonha, me fazendo prender o riso.

Eu não acredito que ele fez isso...

- Amor jovem, minha cara Alice. Já tive essa idade, faria igual. - Disse o doutor, rindo. Gostei dele.

Ele se aproximou de mim e se apresentou como Dr. Michaels, ele pegou em seu jaleco uma lanterninha ou sabe se lá como chama, e pediu licença, para olhar meus olhos, e eu assenti. Aquilo era desconfortável, meus olhos eram sensíveis a luz. Na verdade eu deveria usar óculos, mas me neguei porque eu ficaria um lixo sem qualquer chance de reciclagem.

- Anabel, você vai ficar hoje em observação. Em repouso absoluto, não tente se erguer de forma alguma, e mesmo sendo desconfortável não saia dessa posição. - Disse.

- Posso beber água? - Perguntei, eu já não aguentava mais.

- Você pode apenas molhar a boca. Norma vai trazer um pouco de água pra você. - Disse, olhando a enfermeira que assentiu e saiu do quarto.

- Obrigado. - Agradeci e ele sorriu.

- Eu vou andar de novo, não é? - Perguntei a ele, só pra garantir.

InérciaWhere stories live. Discover now