f o r t y s e v e n

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ANABEL 🌙

Finalmente o dia estava se esvaindo, e eu estava indo pra casa depois de tantas situações conturbantes, vislumbrando as luzes da noite que logo iam se acendendo pela grande Seattle, enquanto Ben levava a mim e a Jonathan no heliporto. Mas o trânsito em horário de pico não facilitava muito.

Quando enfim chegamos, já no estacionamento do prédio, nos despedimos de Ben, pegamos nossas coisas e seguimos rumo ao elevador, pois o piloto já nos esperava.

Quando saímos do elevador, em um silêncio confortável, estando então, no alto do prédio, avistamos o helicoptero ali, junto a vista deslumbrante da cidade durante a noite.

Jonathan e eu cumprimentamos o piloto, e colocamos nossas coisas no helicóptero, e logo o adentramos. Era estranho estar me acostumando a esse meio de transporte que não fazia em nada parte da minha realidade.

O piloto entrou e pediu permissão para decolar, sendo concedida em seguida. Coloquei o cinto e os fones assim como Jonathan, enquando alcançavamos altitude e sinceramente a sensação de sair do chão nunca iria ser a mais confortável do mundo.

Jonathan passou os braços em volta de meus ombros e me aninhei a ele, confortável, nós dois olhando tudo pequeno e brilhoso lá em baixo.

Depois de um tempo de viagem, meu namorado folgado simplesmente tirou os fones e deitou a cabeça no meu ombro e ficou ali, de olhos fechados sem me deixar saber se ele cochilava ou não. Me remexi desconfortável sentindo o cinto me machucar no quadril, e irritada com aquilo, simplesmente me soltei dele ao notar que o piloto não olhava. Na verdade, ele parecia tenso.

- Anabel... - Jonathan murmurou baixinho em repreensão, ainda de olhos fechados. Tirei meu fone em seguida, ouvindo com mais precisão o barulho irritante das hélices.

- Estava me machucando. - Sussurrei em seu ouvido, e ele fez um som de desgosto com a boca me fazendo sorrir.

Ele pegou seu celular no bolso dianteiro da calça e acendeu a tela, causando um grande constraste devido ao escuro onde estávamos.

Olhei para o lado de fora, notando que estavamos sobrevoando o que parecia ser uma reserva florestal, e me assustei quando Jonathan teve um sobressalto ao meu lado.

- Raphael, eu preciso que você encontre um lugar pra descermos agora. - Jonathan vociferou se dirigindo ao piloto.

O que estava acontecendo?

- Por que? Aqui não tem lugar, estamos no meio de uma reserva. - O outro respondeu.

- Tenta, qualquer lugar. - Jonathan disse nervoso, deixando meu coração acelerado sem nem saber o porque.

Tomei o celular da mão dele, notando a mensagem de um número não registrado.

Não entre no helicóptero, os comandos vão falhar. É uma armadillha.

Entreguei o celular a Jonathan com as mãos trêmulas, com muito medo.

- Quem mandou isso? - Questionei assustada.

- Não sei, não conheço o número. - Disse a mim. - Raphael! - Voltou a dizer ao piloto, entre-dentes, firme.

Merda.

- Os comandos não estão funcionando direito. - O piloto disse afoito. Clicando em monte de botões. Ele puxou o rádio, que soltou um chiado alto. - O rádio não liga. - Disse, alarmado.

O azar nos perseguia de uma forma que era inexplicável.

Me abracei a Jonathan, tremendo, rezando internamente pra nada acontecer conosco, fechei meus olhos sentindo lágrimas cairem sem minha permissão. Eu não queria morrer.

- Calma Anabel. - Sussurrou pra mim, acariciando meus cabelos, me apertando entre os braços. E eu manti meus olhos fechados, com força, com a cabeça encostada em seu peito.

- Vou tentar pousar mais a frente. - O piloto disse mas em seguida soltou um palavrão alto, e o pânico tomou conta de mim quando ele quase berrou - As hélices, estão perdendo a força!

Soltei um soluço alto, pensando na minha tia, ela ia ficar sozinha. Eu nem pude me despedir dela.

Eu estava com Jonathan. Mas preferia mil vezes que ele não estivesse aqui.

- Eu... eu te amo. - Falei apesar de tudo, com a voz entre-cortada pelo choro, e ele parecia ter entendido mesmo com o barulho, me vendo levantar o olhar repleto de lágrimas pra ele.

Eu o amava tanto e se um de nós tivesse que viver, que fosse ele. Eu não sou forte o suficiente pra aguentar.

- Não vamos morrer. - Disse segurando meu rosto entre as mãos, estava completamente aturdido. Nem ele acreditava nas próprias palavras. - Eu também te amo. - Não deixou de dizer, eu sabia que ambos temiamos o mesmo. Perder um ao outro.

Voltei a abraça-lo enquanto chorava e soltei um grito de pavor que abafei contra seu casaco pesado, quando senti o helicóptero perder altitude, vendo a luta do piloto para conseguir nos levar pro solo com alguma estabilidade. Jonathan se remexeu nervoso, segurei sua mão, também gelada, as entrelaçando, mantendo-as juntas.

Nós estávamos caindo.

Me escolhi inteira, me segurando a ele, tendo cada célula do meu corpo em total desespero, meu coração parecia que ia sair pela boca, enquanto o piloto tentava nos manter no ar de todas as formas, parando e caindo, parando, caindo, parecia uma tarefa árdua demais porque de qualquer forma estávamos indo rumo ao chão.

Sem dúvidas, cada segundo fez disso tudo, os piores momentos de toda minha vida.

O impacto veio de forma iminente.

Senti meu corpo ser lançado pra frente e se chocar com algo, e uma dor aguda, escruciante, me atingir, tão forte quanto a escuridão que fez questão de me tomar.

Despertei com uma luz no meu rosto, vozes, cirenes, frio, gosto de sangue em minha boca e dor, minha coluna parecia ter sido abatida, tossi com dificuldade, com ar faltando em meus pulmões, oprimindo minha caixa torácica, tudo em mim doía de uma forma que era impossível pensar em outra coisa que não fosse nisso, tentei mover meu corpo mas não conseguia.

Um grito rompeu por minha garganta, e deixei lágrimas cairem sem abrir os olhos, quando me colocaram em outra superfície.

A dor era insuportável.

- Jonathan... - Chamei com dificuldade, tendo os olhos semi-abertos, sequer conseguia abri-los.

- Ela está recobrando a consciência. - Ouvi uma voz de mulher. Quem era?

Onde estava o Jonathan?

Sentia a inconsciência ir e vir até mim, era muita dor pra suportar, mas ainda sim ouvi algo vindo de uma voz masculina, entre o que parecia chiados de rádio.

- (...) ...vimente ferida. E repito, apenas uma morte registrada.

Uma morte.

Foi o suficiente, pro meu corpo não aguentar, e a escuridão me tomar novamente.

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N.A: OIE AMORES, E ENTÃO?? ❤ foi curto e necessário.

tenso e autora é um tanto sádica rs é a sonserina, desculpa, draco malfoy não é boa influência

tadinho dos meus filhos gente

uma morte ~ vishe. (?)

okay vo para, no próximo discorremos isso, e me desculpem se a cena da queda do eucalipto, digo, helicóptero, ficou meio bosta

beijos

- cris

InérciaWhere stories live. Discover now