t w e n t y t h r e e

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ANABEL 🌙

Cheguei da faculdade, e adentrei em casa notando tudo escuro. Minha tia tinha ido até Bothell, na casa de Amely, mas estranhei, ela já deveria estar em casa.

Fui até meu quarto, guardei minhas coisas e vesti meu pijama, indo até a cozinha fazer um sanduíche pra mim, e assim que o fiz, peguei um copo de suco, liguei a TV e me sentei na sala para comer. Mas o fato era, minha tia não chegava.

Passara quase uma hora e nada, e eu comecei a ficar preocupada. Eu liguei para ela e dava caixa postal. Ela não visualizava as mensagens, nem nada.
Liguei para Amely, e ela também não atendia.

E isso foi me deixando ansiosa, em desespero.

Comecei a mexer o pé, andar de um lado para o outro, ligando para ela, até perceber que estava tremendo, meu coração começou a se apertar, as costas começaram a queimar e eu sentia aquela vontade sufocante de chorar. Tudo de uma vez só.

Saí do apartamento e fiquei andando no corredor, era quase meia noite.
Me sentei na escadaria, absorta naquele medo e preocupação, e chorei ao soluços, desenfreadamente, enquanto tremia, minha tia tinha que chegar.

Ouvi um barulho de passos subindo as escadas e meu coração teve um leve alivio que se desfez ao notar que era Zach. Limpei as lágrimas, mas meu corpo estava em plena crise, minhas mãos começaram a formigar, a boca seca e minha garganta fechada me davam uma sensação horrível.

- Anabel, ta tudo bem? - Perguntou em pé, a minha frente, e eu assenti, ficando de pé, e me abraçando para não demonstrar a tremedeira. Pouco me importando se estava de pijama ou não.

- Zach, você sabe se minha tia está em Bothell com sua mãe? - Questionei tentando evitar o choro.

- Não, não sei. Ela não está ai? - Perguntou, e eu puxei o ar que me faltava e neguei com cabeça, deixando as lágrimas cairem, as limpando em seguida.

- Não precisa chorar, logo ela está ai. Parece que tem trânsito. - Comentou. Parece, não é tem. Não é confirmação. Eu continuei puxando o ar e soltando tentando aliviar o terror que eu sentia.

- Ta passando mal? - Perguntou. E eu neguei sibilando - Ansiedade.

- Ah, calma. Respira, ai você acalma. Isso é só ficar calma, ela já ta chegando, você é uma mulher já, não precisa ter medo de ficar sozinha, que isso. É só se acalmar. - Soltou, eu estava cada vez pior, com pressão no peito, mais sufocada.

Ficar calma, fácil falar, difícil fazer.
Eu só queria saber da minha tia, só quando ela chegasse eu ia ficar calma. Eu não posso perder ela também.

E esse pensamento fez meus olhos encherem d'agua novamente.

- Zach, licença eu vou entrar, obrigado. - Falei rápido, me contendo, ele assentiu e soltou "qualquer coisa chama, estou no terraço". Ele estava ficando com Trudy porque Johan foi ver a tia dele, e Zach parecia sempre ir ao terraço para fumar.

Entrei em casa e fechei a porta, deixando o choro engasgado sair. Tentei de novo ligar pra minha tia e para Amely, mas nenhuma delas atendiam. Fiz a mesma coisa seguidas vezes, nada.

Fui nos meus contatos com as mãos formigando, e coloquei o número de Jonathan para chamar, em um rompante. Depois da nossa discussão, nos conversamos por mensagem, sem tocar no assunto, mas o clima prosseguia estranho. Mas eu estava sozinha, e eu precisava mesmo falar com alguém.

Ele atendeu depois de chamar algumas vezes. Já era tarde, então eu me toquei que talvez eu podia o ter acordado.

- Anabel? - Questionou, a voz não parecia sonolenta.

InérciaWhere stories live. Discover now