f i f t e e n

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ANABEL 

Na quinta-feira me dispus a ajudar minha tia no salão, terminar meus exercícios de EAD da faculdade, porque durante a tarde, as cinco, eu tinha minha primeira consulta com a psiquiatra indicada pelo Dr. Anthony.

Tia Alice foi comigo, e enfim não foi um bicho de sete cabeças, ela foi bastante solicita e me ouviu bem, sobre minhas crises e meus problemas, e antes de me medicar, passou vários exames, para então poder me receitar alguma coisa em consenso com meu psicólogo, e particularmente eu achava melhor assim, para não ter que tomar remédios receitados de forma avulsa.

Assim que chegamos, minha tia e eu subimos as escadas falando sobre meu tratamento, quando passávamos pelo segundo andar, topamos com Trudy no pé da escada.

— Alice, Anabel! — Nos cumprimentou animada e prosseguiu — Eu ia lá em cima atrás de vocês, Ana você precisa me contar tudo o que houve ontem! — Ela disse empolgada e minha tia riu.

— Acho que pra você ela fala, porque pra mim anda fazendo charme. — Minha tia disse em um tom de falso ciume.

— Charme de que?

— Não quer falar do seu namorado pra mim. — Ela disse naquele tom implicante. Namorado.

— Não estou namorando ninguém.

— Aposto que queria. — Trudy disse.

— Vocês duas são impossíveis! — Protestei. Mas talvez eu quisesse, se ele quisesse.

Subi alguns degraus.

— Anabel? Vamos lá em casa? Estou querendo fazer uma torta preciso de ajuda. — Trudy chamou.

— Pra isso eu sirvo. — Brinquei. — Tia, você leva minha bolsa? — Pedi e ela assentiu, e eu a entreguei.

Tia Alice antes de subir se virou para Trudy e disse — Me conte tudo depois.

Trudy riu e soltou um — Pode deixar!

— Vocês duas tem um complô contra mim. — Falei enquanto andávamos pelo corredor.

— Não é isso, é que a sua vida amorosa é tão precária, que quando ocorre algo os ânimos se exaltam. — Ela disse ao abrir a porta e adentrar em seu apartamento, soltou — Já sabe, a casa é sua.

— Me senti uma grande encalhada agora, uma verdadeira âncora no fundo do mar. — Constatei e ela riu.

Fechei a porta do apartamento e olhei em volta de sua sala sempre impecavelmente arrumada e limpinha, e senti falta dos vários enfeites e porta retratos que ficavam sobre a mesinha.

— E o Johan? — Perguntei do marido, noivo, namorado dela. Na verdade eles vivem juntos.

— Tem plantão na fábrica hoje, ele passa a noite por lá coitado. Chegou madeiras novas ou algo assim. — Disse relapsa. Plantão na fábrica? Isso existe? Desanuviei meus pensamentos maldosos, porque corre o boato que ele a trai, ela é minha amiga, mas eu não tenho coragem de falar e causar uma briga, ela o ama demais e poderia ser mentira. E tem a questão que ele trabalhava na serralheria em uma das fábricas dos Himmes. Se é que isso é uma questão.

— Vem! — Ela me chamou indo rumo a cozinha e eu a segui. Trudy era um pouquinho maior que eu, cinco anos mais velha, e claro, muito mais bonita, ela é negra dos cabelos castanhos e ondulados, olhos claros e tinha um corpo de dar inveja. Johan tinha muita sorte porque ela também é uma pessoa incrível, de coração bom, espero mesmo que ele não a engane, ela não merece.

O apartamento dela era bem parecido com o meu no modelo, mudavam poucos detalhes, além dos móveis e decoração, claro.

— Você me ajuda mesmo com a torta? — Perguntou.

InérciaWhere stories live. Discover now