f o r t y

8.4K 646 463
                                    


ANABEL 🌙

Entramos no elevador da empresa, com um funcionário conosco, quando chegamos no terraço, saimos do mesmo, e Jonathan me abraçou pela cintura, enquanto subiamos um trecho de escadas, devagar por conta dele, e eu senti, em seguida, uma rajada de vento frio nos atingir, com meu cabelo ricocheteando contra meu rosto, logo avistando o helicóptero ali, nos esperando. Dessa vez ia ser mais agradável que da última, espero.

O piloto se aproximou de nós, nos cumprimentou, e disse que estava tudo pronto para irmos.

Então logo entramos no helicóptero, Jonathan deixou o co-piloto vazio e se sentou ao meu lado, ouvindo o barulho alto das hélices, coloquei o cinto e os fones vendo Jonathan repetir o ato.

E em seguida o piloto pediu permissão para a rota rumo a Oregon, e só então saquei, iria para outro estado, logo onde Trudy nasceu.
Olhei pela janela enquanto saiamos do chão, não gostava dessa sensação, dava frio na barriga, tinha medo, na verdade. Mas logo pegamos altitude e estávamos sobrevoando a cidade.

Me recostei contra o banco, olhando a vista, enquanto Jonathan e o piloto conversavam sobre algo, que mesmo vindo aos meus ouvidos pelos fones, não prestei atenção. Na verdade, eu estava com um pouco de sono.

E depois de um belo e realmente vasto tempo de viagem, Jonathan soltou "Já estamos chegando", olhando lá em baixo. Tirei a cabeça de seu ombro para olhar também, vendo que o piloto procurava um bom lugar pra pousar. Era uma fazenda. E iriamos pousar no meio pasto, mas quem se importa? O lugar parecia ser lindo, e tinha um lago enorme. Então eu saquei, era essa fazenda que Diana cresceu, e estava vendendo.

- Eu jurava que sua mãe era europeia. - Comentei.

- Se você perguntar, ela vai dizer que nasceu na Suíça. - Respondeu, e definitivamente imaginei Diana me dando essa resposta.

Quando em terra firme, Jonathan abriu a porta do helicóptero e saiu colocando óculos escuros, e em seguida me ajudou a descer, estávamos numa imensidão gigantesca de pasto e bem a frente, a fazenda, grande, robusta, boa parte feita com madeira rústica, com uma varanda enorme em volta, parecia ter uma entrada bonita e bem cuidada. Fitei Jonathan, que olhava tudo em volta sob as lentes escuras, com o vento batendo no rosto, bagunçando seu cabelo, e abriu um sorriso nostálgico que pra mim foi minha visão mais linda, e nesse mesmo momento, ele se virou pra mim e desviei o olhar, estava o encarando. O mesmo me abraçou pelos ombros e aproximou o rosto de mim. - Pode encarar, faço isso as vezes. - Sussurrou no meu ouvido, me fazendo corar, e beijou minha bochecha que estava quente, demoradamente, me fazendo fechar os olhos em apreciação e rir sem graça. Eu não dou uma dentro e ele nem deixava passar.

Avistei ao longe uma coisa, parecia uma estrebaria ou curral, não dava para ver direito.

- Aqui tem gado? - Perguntei, antes de ficar apavorada. Pra mudar de assunto também.

- Não. Nem grandes plantações. Esse lugar depois que meus avós morreram, não prospera mais. - Respondeu, enquanto retirava o casaco que vestia, ficando apenas com a camisa preta simples de algodão.

- O lugar é enorme, poderia ser tão bem aproveitado - Comentei e ele assentiu.

Mas sorri instantaneamente ao perceber uma coisa, quando ficou mais forte sobre nós, o sol. Fresco, mas ainda sim, era um pouquinho de calor. - Sol, que saudade. - Soltei, sentindo meus poros absorvendo, era muito bom. Fazia tanto tempo que eu não sentia, Bothell só sabia chover, chover e chover. Eu gostava, mas sentia falta do sol as vezes, que só aparecia uma ou outra vez, ao ano.

Jonathan teve uma breve conversa com o piloto, então pegamos nossas coisas, caminhando pelo pasto rumo a fazenda, ouvindo o barulho e sentindo o vento das hélices do helicóptero saindo dali, em nossas costas.

InérciaWhere stories live. Discover now