d o i s

2.2K 124 71
                                    

Londres; 26 de maio; Em torno de 5:21 da tarde.

Já no término da tarde seguinte ao trágico dia anterior, enquanto meu corpo agia sob efeitos de cápsulas contra as batidas latejantes em minha testa, prossegui me adaptando ao ritmo do estúdio acompanhada de Gastón, um tatuador importado da América do Sul. Até então não tivemos tanto tempo para conversar, porém ele me disse ser uruguaio. E juntamente com as palavras inspiradoras de Terry para cada ação da rotina dos funcionários, que eu e ele nos supríamos de toda e qualquer tipo de informação e conhecimento relevantes.

No início da noite, ao me encontrar com Bea, disse de forma sã o ocorrido com Harry. E ao lhe explicar meus passos detalhadamente, me dei conta de como fui imatura e emocionalmente incapaz de administrar meus sentimentos. Irreconhecível. Desprezível até. Não, ontem definitivamente não era eu. Ou até poderia ser, porém a Angela de mais de onze anos atrás, que ressuscitou de alguma nuvem cinzenta e se incorporou de minhas atitudes. Porque esta é a única alternativa para tamanha instabilidade. Ilustrei a Beatriz diversas vezes, tentando não esquecer nenhum ponto importante, e ela, ainda sem acreditar, permanecia como uma múmia encarando o volante de seu carro.

- Tem como a gente continuar essa conversa na minha casa? – ela perguntou, e eu logo aceitei o convite.

Seu imóvel de arquitetura similar a minha, e também próximo ao meu bairro, transmite aquela sensação de bem estar da qual nunca me cansarei de degustar. Casas uma ao lado da outra, pequenas escadarias com portas e janelas uniformemente sincronizadas e tons suaves em suas fachadas. Compartilharia com Bea tal pensamento, porém ela aparenta estar mais preocupada com seu próprio raciocínio.

- Entra, Angie. – abriu a porta, dando passagem para mim.

Entrei, e me deparei com a luz da sala de estar já acesa. Dei mais uns seis passos e o vi sentado no sofá com as mãos entrelaçadas sobre as pernas inquietas. Dei um mini pulo, incrédula com a visão presenciada, empalidecendo meu rosto a cada segundo em que focava meus olhos nele.

- Bea... Que merda é essa??? – me virei para trás, encarando-a.

- Eu q... – Harry se levantou.

- Angie, olha só, eu chamei o H... – Beatriz disse rapidamente, interrompendo-o.

- Não continua. Eu me recuso a participar dessa palhaçada aqui, ok? – me impus antes que os dois pudessem dizer algo.

- A culpa foi minha, eu que pe...

- Harry, fica quieto. – Bea cortou Styles mais uma vez. Ele estava a uns quatro metros de distância. – Angela, escuta...

Ela pegou em meu braço, me virando completamente em sua direção.

- Eu acho melhor você ter uma explicação muito boa pra essa bosta toda. – articulei com irrefragável fúria.

- Escuta! – ela alterou um pouco o tom da voz. – O Harry, ele... Ele ainda faz parte do mesmo núcleo de amizade daquela época.

- Ok, agora a merda é mais séria do que eu imaginava. – quase não consegui dizer. – Cadê o sentido? 

- Eu ainda sou amiga dele.

- Você...? – perguntei em temor pela réplica ao notar um Harry esquálido, parado que nem um poste no canto da sala. – E como eu nunca soube disso?!?! Por que nunca me contou?!?! Beatriz!

- Ei, foi porque você jamais aceitaria. – Bea respondeu sussurrando, tentando não chorar. – Eu liguei preocupada pro Styles hoje após você ter me dito que ele não te reconheceu no estúdio.

Em Meio à Escuridão (BTD) || H.S. || K.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora