p r ó l o g o

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2010

Ali, sentado ao lado da cama, ele provavelmente arquitetava o que dizer por mais que soubesse que não obteria resposta alguma de minha parte. Acariciava suavemente minhas mãos sem grande reciprocidade. Além dos vários questionamentos incessantes que maltratavam o meu interior, o soar dos bipes dos aparelhos hospitalares que sustentavam minha vida em nada contribuiam para que eu me concentrasse em suas sentenças ainda não ditas. Ele mantinha os ombros caídos, e sua respiração cadenciada entregava seu desgaste. Já os seus olhos cor de folha de lótus, ao se depararem com os meus que lutavam contra os sedativos para continuarem abertos, sempre pareciam um jardim de outono onde não há folhas, nem sinais de tons além do cinza.

Pisquei lentamente enquanto ainda o observava, até que ele tomou coragem para falar:

Eu não posso ficar, Pequena.”

E então fechei minhas pálpebras sem ao menos saber seus motivos. Sem nunca ter argumentado suas razões. Sem jamais tê-lo convencido de que permanecer seria a melhor opção.

Em Meio à Escuridão (BTD) || H.S. || K.S.Kde žijí příběhy. Začni objevovat