Capítulo 20

535 46 0
                                    


-

Rose

-


Acordei como uma pluma. Não sabia como era fácil me sentir realizada e achar graça em qualquer besteira que antes não fazia o menor sentido para mim. Levantei e fui direto pro banheiro, sem nem me preocupar em verificar se Bruna permanecia dormindo no mesmo lugar. Vai que ela foi abduzida, não sei, mas agora não tenho como saber.

Estranhei a casa totalmente silenciosa. De repente, me lembrei que não estava na Toca. O Chalé das Conchas ainda estava totalmente inóspito e talvez todos estivessem dormindo a fim de se preparar melhor para um novo dia. 

Será que eu conseguiria tomar banho?

A ideia de só ter a toalha me cobrindo para ir no quarto me pareceu perigosa, mas incrivelmente eu tinha perdido a noção de todas as coisas desde ontem. Era incrível como ter Scorpius ao meu lado era tudo que eu precisava e tudo que eu menos sabia que precisava. Não era uma necessidade surreal, era a vontade de estar perto, nada relacionado a dependência, mas sim à completude. 

Tomei meu banho ainda nas nuvens, e quando terminei encarei meu reflexo feliz no espelho. A felicidade caia bem em mim. Eu me sentia mais bonita e sentia que eu podia fazer qualquer coisa. Eu sempre me considerei uma pessoa independente, mas agora eu parecia disposta a conquistar o mundo e além dele.

Sai do banheiro e assim que fechei a porta não estava esperando pelo que veio em seguida. Apertei a toalha em meu corpo e suprimi um grito alto ao vê-lo ainda de costas.

- Scorpius! - Tentei de tudo para sair um sussurro, mas foi uma espécie de rosnado baixo.

- Ai, Merlin! Que susto! - Ele virou com a mão no peito, e assim que viu minha condição de roupa, ou melhor, a falta dela, sua expressão mudou. 

A cara amassada pelo sono ganhou vida e seus olhos desceram pelo meu corpo, e, estranhamente, eu não estava incomodada. O leve arregalar de seus olhos e o ar de surpresa me deixou sem fala.

- Poxa, Rose, eu acabei de acordar. O sonho deveria ser quando eu estivesse dormindo, não? - Sua voz baixa me acendeu e eu não pude evitar um sorriso. Eu meio que não controlava as reações perto dele. Ele começou a se aproximar e algo em meu cérebro martelou que eu ainda estava sem roupa nenhuma.

- Ei, se afasta, eu tô seminua! - Minha voz saiu estrangulada, e pus uma mão em seu peito, impedindo-o de se aproximar. O peito marcado e definido fez meus olhos se prenderem ali e ele abaixar a cabeça, seguindo o motivo da minha paralisia.

Seu riso baixo foi a coisa mais linda que já ouvi na minha vida. Ele puxou minha mão de seu peito, levou minha palma aos seus lábios e, dando um beijo em minha testa, seguiu para o banheiro sem dizer mais nenhuma palavra.

Encostei-me no corredor e soltei um longo suspiro. Eu sabia que não ia dar certo essa ideia anencéfala de ir com a cara e com a coragem para o banheiro, mas ali, naquela situação, eu não me arrependia em nada.

- Que isso, Rosinha? - Retiro o que disse. Eu me arrependo, e me arrependo totalmente.

- James! Vira de costas! - Gritei a plenos pulmões, sem conseguir controlar a reação automática.

Truth or DareWhere stories live. Discover now