Capítulo 8

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James
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- Acho que foi uma festa e tanto, hein, querido. - A voz da minha avó me despertou de novo, fazendo com que eu levantasse a cabeça da mesa e sorrisse para ela.

- Só tô com sono, vó. - Reclamei, baixando de novo a cabeça e deitando a mesma na mesa.

- Quando não, hein, filho. - De repente meu pai entrou na cozinha e fiquei me perguntando se ele tinha aparatado ou se eu só não ouvi mesmo.

- Oi, senhor Potter. - Cumprimentei rindo de leve, vendo o mesmo se aproximar e tocar meus cabelos, e logo a voz de minha mãe conversando com tio Rony e tia Mione chegou no recinto.

- Cadê todos? - Minha mãe perguntou, sentando-se ao meu lado e dando um beijo estalado em meu ouvido.

- Ai, mãe. Oi pra você também. Estão todos dormindo, coisa que eu também devia estar fazendo, mas o barulho da vó escutando Celestina me fez acordar. - Falei e pude ver a minha vó negando com a cabeça, como se eu tivesse a caluniado. Mas fala sério, acordar cedo ouvindo sobre como alguém roubou o caldeirão da mulher não era muito agradável. - Por que vieram?

- Nós fomos na casa da Luna parabenizar os gêmeos e nos desculpar pela ausência, e como já estávamos aqui, viemos almoçar. - Tia Mione explicou, já puxando uma cadeira e se sentando a minha frente.

- Pois na hora do almoço vocês me chamam. Vou tentar voltar a dormir. - Levantei praticamente me arrastando, e ouvi algo sobre ficar logo lá, mas nem me importei.

Subi as escadas rapidamente, e me joguei com força na cama onde eu planejava passar pelo menos mais algumas horas.

Tentei ignorar a falta de sono que eu pareci notar naquele momento, e meus pensamentos foram direto para aquela festa, quase que involuntariamente.

Não havia acontecido nada demais, porém só a aproximação que tive com Luna fez despertar em mim algo que eu não esperaria que acontecesse tão cedo.

A verdade é que sempre fugi disso tudo. Fugia de qualquer sentimento, porque a ideia de me encontrar numa pessoa só parecia utópica e sem sentido. Eu nunca havia parado para pensar se um dia isso iria me atingir.
Eu não sabia se havia acontecido, e essa bagunça na minha cabeça era o que me matava. O que tá acontecendo comigo? Perder a cabeça por causa de uma garota era novidade.

Não que eu nunca tivesse gostado de alguém, mas não era apenas dar a mão a alguém que normalmente me faria encarar as coisas de uma forma diferente.

De repente, um pensamento me abordou. Eu não voltaria para Hogwarts, e era provável que não voltasse a ver Luna nos períodos de férias. Um incômodo se instalou em meu peito e parecia que não estava pronto para ir embora.

- Hugo. - Sussurrei, tentando acordar meu primo que parecia completamente desmaiado na cama paralela à minha. - Hugo, acorda. Imprestável!

Cansei de chamá-lo, jogando meu travesseiro nele, que num ímpeto, levantou arfando.

-  Que foi, cara? - Meu primo sentou na cama, esfregando os olhos e parecendo cansado.

- Tô incomodado. Precisando conversar. - Deitei a cabeça na cama, respirando fundo. - Eu acho que comecei a perceber ontem.

- James... - A voz de alerta dele parecia estar cautelosamente aplicada ao se dirigir a mim.

- Mas isso começou a me trazer desconforto, e eu preciso falar. - Continuei, ignorando sua expressão de agonia.

- Espera, Jay...

- E eu não tô aguentando mais, porque comecei a pensar nas consequências e...

- Tá, James! Eu admito, gosto da Lily, e nada do que você disser vai apagar meu sentimento. Não é como se eu tivesse começado a sentir hoje de manhã, mas eu só não dizia com receio, só que nada vai mudar...

Parecia que ele estava falando em outra língua. Eu estava completamente estático. Oi?

- VOCÊ O QUÊ?! - O grito foi mais involuntário do que meu movimento brusco de sentar na cama rapidamente.

- Fala baixo! Não era isso? - A cor do rosto de Hugo foi se perdendo, e ele começou a parecer muito branco.

- Claro que não! Como assim da minha irmã? - Minha cabeça ainda não havia absorvido nenhuma frase que ele havia dito, parecendo ter travado no início. Como assim? - Mas a Lily é uma criança. E vocês são primos!

- Acha que eu não sei? Só te contei porque achei que você já sabia. - Hugo falou rápido, passando a mão pelo rosto novamente. - O que eu faço agora?

- Eu acho que tô sem entender nada ainda. Meu Merlin. - Era quase possível escutar o zumbido de meus pensamentos trabalhando. - Ela já sabe? Cara, você não sabe o esforço que eu tô fazendo pra não voar em você agora.

- Não escolhi gostar dela. Aconteceu e acho que desde sempre. Ela sabe, sim, e acho que até corresponde. Isso é o pior. Sabe como é ruim não poder ficar com ela, por causa de tudo que nos impede? - Hugo respondeu, parecendo completamente frustado, e a empatia invadiu meu ser. Não tinha como eu simplesmente negligenciar uma das duas pessoas que eu mais sabia ser sincera.

- Eu acho que das minhas opções de cunhado, você é a melhor delas. Cara, pensa comigo, meu primo, gosta dela de verdade, e eu já te conheço. - Hugo só tem que agradecer a minha liberdade mental e por eu ser uma pessoa muito boa. - Você sabe que tem um problema, né?

- Além da família, do costume, da sociedade, e de Hogwarts? - Ele deixou escapar uma risada nervosa e não pude evitar rir junto. Ele estava bem encrencado, mas eu sabia que a amizade deles e o sentimento seria forte o bastante para passar por tudo isso.

- Que você precisa encaminhar isso, se não vai ficar mais difícil. - Suspirei e balancei a cabeça rápido, fazendo meu cabelo sacudir.

- Era isso que você ia contar? De você e da Luna na festa? - Ele me perguntou e me surpreendi com sua tacada certeira.

- Tava tão na cara? Sério mesmo?

- James, você vive provocando a garota. Se isso não é amor reprimido, eu não sei o que é. - Ele soltou uma risada novamente e eu revirei os olhos.

- Isso nós entendemos, né. - Reclamei, e tive uma ideia brilhante. - Hugo, a sua chance é agora. Tá todo mundo aí embaixo, e o resto do pessoal tá dormindo. Se tiver hora melhor que essa, não tem.

- Será que eu tenho outra opção? - Hugo riu da minha frase, porém eu podia sentir o seu nervosismo sair por seus poros.

- Não. Vai lá. E acho melhor você aproveitar esse momento agora.

Pude ver quando meu primo demorou mais que o necessário para levantar da cama. Demorou um pouco sentado na cama olhando para mim, enquanto eu sustentei o olhar para dar algum tipo de incentivo para ele.

Ele passou pela porta, e eu esperei exatos dez segundos antes de levantar e descer as escadas com todo o silêncio e cuidado que eu não possuía. Chegando perto do fim das escadas, meu pé pisou em falso, e o barulho que se seguiu com a minha queda foi inevitável.

Hugo, que tentava reunir sua calma antes de entrar na cozinha, prendeu sua respiração. Seu rosto assumiu uma feição tensa, e seus ombros pareciam estar congelados. Sua cabeça virou lentamente para mim, que mesmo do chão, mostrei meu polegar para cima e foi o tempo que bastou para minha mãe aparecer na porta e olhar para nós:

- O que foi isso? - A ruiva mais linda do meu mundo perguntou, e eu tentei me recompor me levantando.

- Então, mãe, o Hugo precisa conversar com vocês e eu não quero estar presente pra ver essa cena. Só ouvir escondido se der.

Minha mãe sorriu, e apoiou a mão no batente da porta. Estava tão calma que eu desconfiava que ela já sabia de tudo. Segurou a mão de Hugo, e apertou seu ombro com serenidade.

- Eu conheço vocês tão bem. Venha, meu bem. E você sobe, James Sirius. Sem tentar ouvir conversa nenhuma.

E quando entrou na cozinha, eles fecharam a porta. Só me restou subir e esperar o fim de toda essa conversa.

Truth or DareUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum