Capítulo 13

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Alvo
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Quando eu era mais novo, eu tinha um medo tremendo de ser colocado na Sonserina. Antes de ir para Hogwarts, sonhava com o Chapéu Seletor mal encostando na minha cabeça e marcando a sentença de eu ir para aquela casa verde. Hoje, vejo que era algo irrelevante perto das coisas que vivi por lá, e que não são estigmas que definem ninguém, como os marcados por algo característico de suas casas. Aliás, principalmente pelo nome que carrego. Meu pai conseguiu me fazer a pessoa mais orgulhosa dele. Até porque, mesmo estando na Grifinória, acabei de cometer o ato mais covarde da minha vida.

Vê-la completamente envergonhada foi algo que me tirou todos os pensamentos. Seu rosto ganhou um tom avermelhado, e ela sumiu da minha vista com uma velocidade que eu desconhecia. Não pude evitar de soltar um xingamento e chutar o sofá da minha vó. 

Sentei no mesmo ainda me sentindo um idiota, passando as mãos pelo rosto. Como assim o caderno não era meu? Por Godric, eu nem sei se havia soado convincente. A ideia de outro conhecendo seus traços da forma que eu havia observado por todo tempo também me tirava do sério, e eu desconfio que sempre algo em relação a ela fará isso. Mas a culpa era minha de ser um completo idiota.

Minha vontade era apenas de subir e desmentir tudo, dizer que eu sou apaixonado por ela e que tenho medo dos meus sentimentos. Em meio aos meus devaneios, não percebi quando meu irmão sentou do meu lado e deu um tapa nas minhas costas.

- E aí, pirralho? - Ele sorriu, porém logo em seguida sua testa franziu e claro que a pergunta viria.

 - O que aconteceu?

- Aconteceu que eu sou um idiota. Que eu não sei se algum dia vou deixar de ser. - Suspirei passando a mão pelos cabelos.

- Minha surpresa é que você só percebeu agora. Mas preciso que você seja mais específico. - James gesticulou, ainda me olhando com uma sobrancelha arqueada. 

- Menti pra Bruna. - Dei de ombros, sentindo o peso da frase na minha cabeça ainda mais forte quando dito em voz alta.

- Nem estão juntos, e já começou errado. - Ele me repreendeu, mas me lançou um sorriso calmo. - Você vai consertar isso, não é?

Balancei a cabeça levemente, tentando pensar em alguma coisa pra fazer isso. 

- Vai precisar da minha ajuda? - Neguei rapidamente sua pergunta. Eu não precisava que James me prendesse num quarto com ela e jogasse a chave fora. Não que fosse uma ideia de toda ruim. 

- Você que sabe. Eu resolveria isso num segundo. - Ele balançou os cabelos. - Eu combinei com o pessoal de ir na loja do tio Jorge e do tio Rony. Estou precisando abastecer meu estoque e tô com saudade de conversar com eles. Se você quiser ir, sinta-se à vontade.

Assenti com a cabeça e vi James desaparecer pela casa. Encostei no sofá ainda com a cabeça funcionando freneticamente, sem qualquer perspectiva do que eu poderia fazer. Vi um por um dos meus parentes e amigos saírem da cozinha, se arrumarem e estarem prontos para uma visita ao Beco Diagonal. E mesmo que eu estivesse desanimado, eu não perderia de ver o tio Jorge, e se desse sorte, meu primo Fred que ainda não havia aparecido durante as férias.

Quando subi para ao menos trocar de roupa, pude escutar a conversa de Rose, e seu tom de voz não era um dos melhores.

- Você não vai comigo, é sério? É a última vez que te pergunto. - Eu quase pudia ver tia Mione e seu olhar autoritário. A porta estava aberta e Rose batia os pés no chão, mas minha silhueta era escondida pela parede que dava para o quarto.

Truth or DareWhere stories live. Discover now