Capítulo 18

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James
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- Claro que não, ela tem duas pernas e dois olhos. E tem o Hugo. Quatro pernas e quatro olhos, quase um monstro aqueles dois juntos. - Dei de ombros e fiz meu caminho para dentro da loja.

Francamente, Lilian não precisava de babá. Ela sabia muito bem que, caso se perdesse, ela seria deixada aqui e não teria como voltar para casa. Ou seja, tenho certeza que o máximo que ela fez foi torrar algum dinheiro ou fazer algo que prefiro não pensar com Hugo.

Adentrei a loja, observando muitos dos artefatos trouxas que eu já conhecia. Meu pai fazia questão de que soubéssemos o suficiente dos dois mundos, e que conseguíssemos aproveitar algumas coisas úteis que os não-mágicos inventavam.

Quando cheguei ao fundo da loja, escutei Rose comentar algo com Dominique, mas estava longe o suficiente para não conseguir ouvir.

- Precisa de ajuda? - Uma voz aguda chamou minha atenção, e me virei para a moça jovem com uma roupa padronizada que me encarava de forma estranha.

- Na verdade, preciso. Tô procurando alguma coisa pra minha namorada. - Falei com um sorriso enviesado, meio falso, não mentirei.

Eu sabia o que aquela mulher queria ao dar em cima de mim. Uma pena que eu não estava interessado.

Em outros tempos, eu teria dado atenção a toda a corda que estava sendo jogada pra mim, mas desde que Luna havia entrado em minha vida, nada disso fazia sentido. E, além disso, eu tinha feito uma promessa comigo mesmo.

O sorriso da moça vacilou levemente, mas ela não desistiu. Aquilo claramente aumentava meu ego, mas me sentia infinitamente incomodado.

Sua expressão parecia ter compreendido o que eu havia falado quando ela fez uma careta, e não aguentei soltar uma risada. Eu sentia pena. Não tinha jeito, eu estava estragado pra todas as outras garotas. Luna havia cravado uma placa bem no meu cérebro, incapaz de sinalizar para qualquer uma que não seja ela.

- Sua namorada? E ela está por aqui? - Ela abandonou os dedos enrolados nos fios negros e tocaram nos meus músculos, deixando o cabelo formar uma cortina em seu rosto. Retesei os mesmos, ainda sentindo uma vontade gigantesca de rir de suas insinuações inúteis, quando meus olhos procuraram Luna pela loja.

Infelizmente, notei que ela tinha entendido tudo errado. Seus olhos estavam tristes, e suas íris claras, mesmo distante, estavam apagadas. Senti algo em mim gritar a angústia, e logo toda a leveza se perdeu. Quando ela virou seu rosto, aí que senti um incômodo ainda maior. Não podia ser, meu Merlin. Não agora que a gente tinha avançado tanto.

Deixei a moça falando sozinha, e nem me lembro se ela tinha falado ou reclamado de algo. Na verdade, eu nem ligava. Só que eu tinha uma péssima mania de ver graça em momentos inoportunos, e agora isso ia me causar um problema ainda maior.

- Luna. - Chamei, vendo seus cabelos loiros balançarem e nem sinal de alguma resposta. Aquilo tava fazendo meu estômago sentir uma sensação gelada e estranha. - Luna, olha pra mim, por favor?

- Estou ouvindo a Rose, James. - Sua resposta foi seca, e logo levantei o olhar para ver se ao menos minha prima estava por perto. E não, não estava.

- A Rose parou de falar faz uns dois minutos. - Não contive a ondulação na voz, denunciando minha vontade de rir. A Rose imaginária, só pode.

Truth or DareWhere stories live. Discover now