Capítulo 10

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Lily
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Acordei desnorteada. Acho que essa é a palavra. Não sabia se o que havia acontecido naquela madrugada tinha sido um sonho, mas só em pensar naquilo eu conseguia sentir meu coração palpitar. Quando levantei, vi que Luna mexia em algo em sua bolsa, próxima da cama, enquanto parecia estar perdida em um outro universo. Aquela festa havia mexido com o psicológico de todos, isso era um fato.

Acenei de leve para ela quando levantei, incapaz de dizer uma só palavra. Bom humor matinal não era comigo, ainda mais falar. Falar exigia demais. De manhã tudo era um sacrifício. E ainda bem que Luna sabia disso, ia ser um terror se ela me cobrasse.

Peguei uma roupa qualquer e me dirigi ao banheiro, torcendo para que eu esbarrasse em Hugo no caminho. Não aconteceu, nem preciso contar. Sorte matinal também não é algo que acontece comigo. Tomei meu banho, que aliás era a única coisa que eu gostava de fazer de manhã, e desci as escadas já preparada para almoçar, porque eu sabia que de matinal aquele dia não tinha nada. Eu até suspeitava que já havia passado de três horas da tarde. Como está claro também, exagero é um dos meus pontos fortes.

Quando cheguei lá embaixo, a primeira coisa que notei foi minha mãe sentada na mesa, e com um detalhe, um único detalhe, que me fez perceber que tinha algo errado. Meu pai não estava ali.

- Boa tarde, terráqueos. - Falei baixo, recebendo algum tipo de cumprimento em troca, porém eu não tava entendendo nada. - Cadê o papai?

- Bom dia, filha. Senta aqui, filha. Mamãe te ama, filha. - Minha mãe era uma pessoa muito péssima para esconder qualquer tipo de coisa. Eu nunca deixei passar nada de suas feições, e muito menos de nuances quando tinha algum segredo.

- O que é que tá acontecendo? - Comprimi os olhos, encarando meus avós e meus tios que também estavam perto da mesa, e ninguém se prontificou para me explicar nada. - Rose?

- Eu só tô comendo. Estou tão alheia quanto você. - Rose, completamente passiva com seu prato, deu de ombros e continuou a árdua tarefa que ela adorava fazer. Filha de tio Rony, nem tinha como.

Tia Mione mudou de assunto e eu apenas segui o fluxo. Porém, não saber o que estava acontecendo me incomodava de um jeito que eu não conseguia explicar. Ficar curiosa era demais pra mim, consumia todos os meus neurônios.

A conversa foi tomando outros rumos, até que o almoço ficou pronto e todo mundo desceu para enfim conseguir comer. Primeiro Bruna, depois Scorpius, até o James havia descido, e nada de Hugo.

- Eu sei quem seus belos olhos estão procurando, querida irmã. - Jay fingiu uma cordialidade que não combinava com ele. - E se eu te disseres onde ele se encontras?

- Que isso, James? - Minha mãe não aguentou a risada, porém vi seu rosto ficar levemente vermelho. Essa daí tá escondendo coisa.

- E por acaso você sabe? - Perguntei encarando James cínica.

- Não, porém eu poderias saberes e você nunca saberias. - Ele ignorou totalmente meu olhar fuzilador e se prontificou para sentar ao lado de Luna, entrando numa conversa que apenas os dois entenderiam.

- Cadê o Hugo? - Finalmente tomei coragem e perguntei, vendo a mesa ficar em silêncio. Isso tava muito estranho.

- Ele foi resolver umas coisas com seu pai, Lily, nada demais. - Tio Rony tentou me acalmar, mas esses Weasleys nascem com algum bloqueio para guardar segredos. Tio Gui que o diga, não conseguia sequer falar sem gaguejar. O único com os trejeitos foi tio Jorge, daquele dali não saia nem uma pista.

Truth or DareWhere stories live. Discover now